As cifras e os planos da Arábia Saudita por trás do investimento bilionário no futebol

A Arábia Saudita prepara um investimento sem precedentes para turbinar a Saudi Pro League (SPL), a liga de futebol nacional. Mas, afinal, quais são as cifras envolvidas e quais os planos do governo do país com este projeto?

Destaques:

- Os quatro maiores clubes sauditas foram comprados pelo fundo soberano do país;

- Após Cristiano Ronaldo e Benzema, Arábia Saudita quer atrair mais estrelas com salários exorbitantes;

- Governo quer transformar a Saudi Pro League em uma das 10 melhores ligas do mundo e triplicar seu valor de mercado.

Fundo prepara investimento de R$ 5 bilhões no futebol saudita

O governo da Arábia Saudita anunciou, na última semana, o “Projeto de Investimento e Privatização de Clubes Esportivos”. Como primeiro movimento, os quatro maiores clubes do país -Al-Ahli, Al-Ittihad, Al-Hilal e Al-Nassr - serão comprados pelo Public Investment Fund (PIF), o fundo soberano saudita e acionista majoritário do Newcastle desde 2021.

Este é apenas o primeiro passo. De acordo com o New York Times, o PIF também pretende viabilizar até US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões, na cotação atual) para a contratação ao menos 20 estrelas do futebol mundial, que seriam distribuídos entre os 16 times da SPL.

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Como eles pretendem atrair os jogadores? Com a oferta de salários exorbitantes. Cristiano Ronaldo e Benzema, por exemplo, assinaram com Al-Nassr e no Al-Ittihad, respectivamente, por cerca de 200 milhões (R$ 1 bilhão) anuais. O volante Kanté ainda não foi anunciado, mas está próximo de fechar com o Al-Ittihad por um salário cinco vezes maior do que ele recebe no Chelsea.

Os planos do governo saudita para a SPL

Com a chegada de estrelas, a ideia da Arábia Saudita a curto prazo é aumentar a visibilidade da liga nacional no cenário do futebol mundial. A partir deste maior interesse do público, a SPL poderá fechar novos - e mais valiosos - acordos de transmissão e patrocínio nas próximas temporadas.

O plano já deu os primeiros resultados com a chegada de Cristiano Ronaldo em janeiro. Antes transmitida somente no Oriente Médio e no norte da África, a competição fechou um acordo com a IMG, que repassou os direitos de transmissão para mais de 36 emissoras espalhadas ao redor do mundo atingindo 15 países diferentes.

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A meta até 2030 é aumentar as receitas e o valor de mercado da liga ao ponto de estabelecê-la entre as 10 melhores do mundo (veja valores abaixo). Cabe destacar que este investimento também está profundamente relacionado às ambições da Arábia Saudita em ser eleita sede da Copa do Mundo de 2030.

Opinião dos especialistas

- A liga saudita passa por um acelerado processo de reestruturação, turbinado pela riqueza advinda do petróleo, com a contratação de estrelas do futebol mundial por valores que fogem a qualquer parâmetro de mercado. Além disso, foi anunciada a privatização dos clubes. Em um processo que guarda algumas semelhanças com o que passa o Brasil, os clubes passarão às mãos da iniciativa privada, pelo menos alguns. Aqui os clubes são majoritariamente associações, portanto não tem um dono definido. Lá, os clubes são de propriedade do Estado, normalmente nas mãos de membros da família real - explica Renê Salviano, CEO da Heatmap, empresa especializada em marketing e patrocínio esportivo.

- Os valores e a relevância dos atletas envolvidos vão rapidamente turbinar a liga em todos os sentidos. Esses movimentos fazem parte da pavimentação da estrada para uma candidatura vitoriosa para sediar a Copa do Mundo. Mas se o objetivo de colocar a liga em posição de destaque é uma estratégia para 2030 ou com foco no longo prazo e perenidade, só o tempo e a disposição para os investimentos vão dizer - afirma Armênio Neto, especialista em negócios do esporte e sócio-fundador da Let!sGoal, empresa que conecta marcas, atletas, clubes e competições.

- A transformação que estamos observando com investimentos em clubes e estrelas sem dúvida é um passo muito importante para colocar o futebol saudita no radar da mídia esportiva mundial e alinhada com a estratégia de candidatura da Copa do Mundo 2030. Fãs no mundo todo querem continuar assistindo Cristiano Ronaldo, Karim Benzema e outras estrelas jogarem, fazendo com que o produto passe a ganhar mais atratividade em emissoras e streamings de outros países - diz Ivan Martinho, executivo e professor de marketing esportivo da ESPM.