Finanças: entenda como o Atlético-MG ‘driblou’ dívida bilionária para terminar 2022 com superávit 

O "segredo" da questão está na valorização Arena MRV. No balanço financeiro, o Atlético-MG apresenta receitas totais de R$ 772 milhões, sendo que foram R$ 429 milhões de receitas "tradicionais" + R$ 343 milhões de ganho com valor justo na reavaliação patrimonial do novo estádio. Trata-se de um procedimento padrão em demonstrações financeiras, mas é uma receita "meramente contábil", sem impacto no caixa do clube.

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Como investidor único do fundo que detém a Arena, o Atlético-MG pode reconhecer ganhos contábeis, o que aconteceu à medida em que o estádio ganhou forma e se aproximou da inauguração. Este Ajuste a Valor Justo (AVJ) de R$ 343 milhões é contabilizado por base em um estudo sobre projeção de receita, tempo de vida útil, entre outros fatores do estádio.

O valor, no entanto, não tem efeito no caixa nem pode ser usado para diminuir a dívida. Dessa forma, o superávit de R$ 70 milhões não representa a realidade financeira do clube mineiro. Sem contabilizar a valorização patrimonial, o Atlético-MG terminaria 2022 com um déficit próximo a R$ 270 milhões.

Por que a dívida da Arena MRV não entra na conta?

Vale destacar que a Sociedade de Propósito Específico (SPE) da Arena MRV está dentro um Fundo Imobiliário e, como um instrumento financeiro, está sujeito ao ajuste a valor justo. Em contrapartida, o clube não inclui no balanço as dívidas e também os juros gerados na construção do estádio, pois a nova casa está registrada em um CNPJ diferente.

Estima-se que o endividamento assumido pelo clube para a construção da Arena MRV esteja em torno de R$ 440 milhões. Dessa forma, somando o débito detalhado no balanço (R$ 1,57 bilhão), o Galo tem mais de R$ 2 bilhões em obrigações financeiras.