A equipe campeã do Brasileiro Feminino vai embolsar R$ 1 milhão — e isso representa um grande avanço para a modalidade. A disputa entre Corinthians e Internacional na tarde deste sábado, às 14h, na Neo Química Arena, garante uma premiação inédita. Até o ano passado, o clube campeão embolsava apenas R$ 200 mil — um valor cinco vezes menor. Agora, em 2022, até mesmo o vice-campeão vai voltar com os cofres mais cheios: R$ 500 mil.
Só que os valores ainda estão muito distantes do que é investido no futebol masculino. Para ser mais exato: o clube campeão na final desse sábado vai receber apenas 3% do que o previsto para o vencedor na modalidade masculina (que reserva R$ 33 milhões para o campeão do Brasileirão).
Apesar disso, os clubes correm por fora para aumentar o caixa. A diretoria do Colorado estima que vai faturar 1 milhão com venda de atletas e patrocínios nesse ano. Liana Bazanela, diretora executiva de marketing do Internacional, explica que as marcas tem se mostrado mais dispostas a patrocinar o esporte feminino, mas que ainda há um longo caminho a percorrer:
— A receptividade do mercado está melhorando, mas ainda é incomparável com o futebol masculino. Pela primeira vez, neste ano, o Inter fechou um patrocinador máster e conseguiu outras conquistas relevantes de ativações com marcas que começaram a investir em 2022. Um ponto interessante de ser destacado é que quem investe tem se surpreendido positivamente com os resultados. A audiência e engajamento da torcida tem superado expectativas — afirmou Liana.
Nessa sexta-feira, o Corinthians anunciou que fechou um patrocínio máster para a grande final de sábado. O clube alvinegro estava com o espaço vazio desde o fim da temporada passada, quando se encerrou o contrato com o Spani atacadista. O Timão vai estampar a marca do Buscofem Hot, um produto para uso feminino.
Há clubes de futebol em que os patrocínios são ainda mais discrepantes. Segundo Fábio Wolff, membro do Comitê Organizador da Brasil Ladies Cup, existem casos em que o time masculino recebe 100 vezes mais do que a equipe feminina.
— As empresas querem se aproximar do futebol feminino, em busca de proporcional igualdade de oportunidades. Temos muito a comemorar, mas apesar disso os valores praticados em relação ao masculino são muito diferentes. O futebol masculino ainda proporciona uma maior audiência e público em média — explica Wolff.
A título de maior entendimento, a CBF estima gastar no ano inteiro com o Brasileiro Feminino o equivalente a R$ 15 milhões. Enquanto isso, a mesma CBF paga R$ 15,5 milhões só para o 11º colocado da disputa na modalidade masculina.
— Muitas marcas que têm diversidade em suas narrativas de posicionamento, na hora de efetivamente investirem e incentivarem o novo, ainda resistem e buscam indicadores equivalentes ao masculino, o que, naturalmente, ainda não pode ser comparado. Esquecem que as pessoas entendem que o investimento no feminino é para acelerar a modalidade, e isso tem muita empatia — reforça Liana Bazanela.
RECORDE DE PÚBLICO CONTINENTAL ENTRE CLUBES
O aumento de premiação vem em um momento de incentivo ao esporte no país. Isso é uma realidade tanto nas tratativas entre patrocinadores e federação quanto também da adesão da torcida. A final já garantiu um novo recorde de público entre clubes no continente, com mais de 39 mil ingressos vendidos até a parcial divulgada pelo Corinthians na última quarta-feira (21).
Vai lotar! O Corinthians informa que 39 mil ingressos foram vendidos para a final do Brasileirão Feminino, sábado, as 14h, na Neo Química Arena. Ainda existem ingressos em status de reserva podendo voltar aos sistemas de vendas em caso de não pagamento. pic.twitter.com/fnhcW4RVx2
— Corinthians Futebol Feminino (@SCCPFutFeminino) September 22, 2022
Na primeira partida da final do Brasileiro Feminino, Internacional e Corinthians empataram em 1 a 1, no Beira-Rio. E a partida entrou para a história do futebol feminino com o que era, até então, o novo recorde de público no Brasil. No dia, 36.330 pessoas assistiram à primeira partida da final. A marca, no entanto, já será ultrapassada nesse sábado.
O maior público da história do futebol feminino no país foi entre Brasil e Suécia, nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Mais de 70 mil torcedores acompanharam a partida no Maracanã.