A virada de 1999 para 2000 não foi apenas tumultuosa pela possível chegada do "bug do milênio". No futebol brasileiro, devido a problemas judiciais, a CBF não organizou o Brasileirão do primeiro ano do novo século, o que fez o Tricolor das Laranjeiras subir da terceira divisão nacional para a primeira. Quer entender o caso do tapetão do Fluminense? O Lance! te conta.
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A confusão do Brasileirão de 1999
Antes de contar verdadeiramente o motivo do Fluminense ter subido subitamente da Série C do Brasileirão para a Série A, é importante destacar como se deu o final de temporada do ano de 1999 para o ano de 2000 no futebol brasileiro.
A Copa João Havelange foi criada em 2000, justamente por problemas que a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) enfrentou para determinar os rebaixados do Campeonato Brasileiro do ano anterior, por conta de uma transferência irregular que teve que trazer ao centro da discussão o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Toda a situação começou com o atacante do São Paulo, Sandro Hiroshi. O atleta teve seu passe barrado por irregularidades na transferência de dois de seus clubes anteriores, o Tocantinópolis e o Rio Branco-SP. No entanto, o Tricolor escalou o jogador enquanto este bloqueio ainda estava vigente, contra Botafogo e Internacional.
Isso fez com que os dois adversários do São Paulo recorressem à Justiça para reclamar os pontos perdidos. O STJD deu caso ganho tanto para os cariocas (que ganharam três pontos por terem perdido para o time paulista) e para os gaúchos (que ganharam dois pontos, pois já tinham conquistado um ponto pelo empate).
Isso fez com que o Botafogo saísse da zona de rebaixamento ao final do campeonato, rebaixando, assim, a equipe do Gama. Mas, o time do Distrito Federal recorreu à Justiça Comum, que teve uma visão diferente do STJD sobre o ocorrido e determinou que o clube permanecesse na Série A.
A decisão da CBF
Devido a essa confusão judicial, a CBF se viu impossibilitada de realizar um regulamento para satisfazer estas duas decisões pelos campos recorridos pelos clubes. Assim, a entidade máxima do futebol brasileiro optou por passar a organização do próximo Campeonato Brasileiro para o Clube dos 13 (grupo dos 13 clubes com maiores torcidas no Brasil).
O formato de disputa da Copa JH
A competição passaria a ter 116 clubes, divididos em módulos (Azul, Amarelo e Verde/Branco), que iriam substituir as três divisões do futebol brasileiro.
Outro ponto interessante é que as equipes de todos os módulos poderiam concorrer ao título da competição, já que as equipes de cada uma dessas "divisões" avançariam, mesmo que com pesos diferentes. O Módulo Azul classificaria os 12 primeiros colocados (25 times se enfrentavam em turno único). Já no Amarelo, dois grupos foram formados de 18 clubes, e os oito primeiros se classificavam para a fase final, havendo uma final e disputa de terceiro lugar (apenas três se classificariam para disputar o título da Copa JH)
Já o Módulo Verde e Branco eram parecidos com o Amarelo na forma de disputa, mas possuía mais fases eliminatórias. Apenas o "campeão" de cada módulo se classificava para a fase final da João Havelange. Assim, todos os times classificados de seus módulos se enfrentavam em um mata-mata partindo das oitavas-de-final para decidir o campeão.
O tapetão do Fluminense
Se fala em um tapetão por parte da equipe do Fluminense, por conta das decisões do Clube dos 13 da participação do Tricolor das Laranjeiras no campeonato. Em 1999, o Flu foi campeão da terceira divisão do Campeonato Brasileiro, assim, teria que disputar a segundona em 2000.
No entanto, por decisão do grupo do Clube dos 13, o Fluminense ficou no Módulo Azul, como clube convidado, o que era equivalente à primeira divisão nacional, por conter os clubes mais estruturados do futebol brasileiro. Assim, a equipe pulou uma etapa e voltou diretamente à elite.
Em 2001, quando a CBF novamente voltou a organizar o Brasileirão, o Tricolor das Laranjeiras foi diretamente incluído na Série A da competição.