Final da Libertadores – Xico Sá: ‘Flamengo carnavaliza, e Palmeiras fica na moita’
'As duas torcidas flanaram pela Ciudad Vieja, a Montevidéu cuja alma não se vende nunca. A cada cerveja, cada vinho e cada assado, a bipolaridade da final só se ampliava'
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O corpo fala. E as torcidas de Flamengo e Palmeiras repetem, nas ruas de Montevidéu, o comportamento dos seus times nas últimas partidas. Os rubro-negros se soltam e carnavalizam a cidade; os alviverdes parecem desconfiados, na moita existencial, como se fossem donos do segredo de um contragolpe para se impor no momento certo.
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Os chegados do time carioca fazem uma arruaça e incorporam o Bruno Henrique na pista, um tímido que começa a dança de forma desajeitada e termina em um feitiço no baile. Um Chuck Berry mineiro de responsa.
Os fãs do verde paulistano encostam nas pilastras do salão em busca de uma melhor estratégia — algo como o Rafael Veiga no ensaio do bote e do disparo certeiro. Perigo. O cara sabe e tem giz azul no taco. Segue o suspense nível Hitchcock para a decisão épica no estádio Centenário.
Assim as duas torcidas flanaram pela Ciudad Vieja, a Montevidéu cuja alma não se vende nunca. A cada cerveja, cada vinho e cada assado, a bipolaridade da final (carnavalescos flamenguistas X amoitados palmeirenses) só se ampliava.
É a decisão da fome de viver imediata (uma vez Flamengo, sempre Flamengo) versus o riso guardado para o último minuto do jogo -- quando surge o alviverde imponente...
Carnaval não ganha jogo. Esta foi a frase mais dita na véspera pelos palmeirenses no Uruguai. Os flamenguistas respondiam ao ritmo da charanga do Jaime, velha atração do Maraca.
O drama bipolar perfeito. No estádio em que até as formigas, a essa altura, aparam a grama em nome de uma peleja épica.
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