Apoio de Falcão e virada meteórica: como ex-segurança se tornou recordista
Dono da melhor marca do mundo no arremesso de peso, Thiago Paulino sofreu acidente de moto em 2010, quando se dirigia à fábrica onde era vigilante, e conseguiu ajudas preciosas
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Ex-segurança noturno, Thiago Paulino impunha respeito com 1,90m e 134kg em uma fábrica de tubulação em Ribeirão Preto. Mal sabia ele que tinha potencial para se tornar recordista mundial e destaque do Brasil em uma edição dos Jogos Parapan-Americanos.
No último sábado, o atleta bateu pela terceira vez no ano a melhor marca do planeta no arremesso de peso na classe F57, em Lima, e assegurou o bicampeonato na competição, após ter subido até o topo do pódio em Toronto-2015. O paulista de Orlândia conseguiu atingir 15,26 metros.
Thiago precisou amputar a perna esquerda abaixo do joelho após sofrer um acidente de moto em 2010, quando se dirigia para o local de trabalho. Seria mais uma noite comum para ele, mas um carro o fechou em uma rotatória e ele acabou batendo em um poste. Um dia após sobreviver, descobriu que seria pai. Tinha motivação de sobra para não cair em uma depressão.
Praticante de academia, ele precisou de apenas seis meses para começar a praticar o atletismo paralímpico. A adaptação rápida surpreendeu. E uma ajuda foi fundamental para que seus planos fossem bem-sucedidos. O material que compõe as próteses é caro e a renda do atleta não o permitia adquiri-lo.
– Minha cidade tem relação forte com o futsal, por causa da Intelli, clube onde o Falcão jogou e que represento desde 2013. Ele me ajudou muito no começo. Ele me deu o material e nos tornamos amigos. Tenho paixão por futebol e futsal. Mas, em cidade pequena, não tinha tanta divulgação do atletismo. Conheci o esporte por meio de vídeos do Marco Aurélio, atleta paralímpico. Quando vi, pensei: "Um cara grande desses fazendo isso? Acho que dá para eu fazer também". Começou como brincadeira, só para dar uma ativada, e acabou virando meu trabalho – contou Thiago, ao LANCE!.
O ponto alto da carreira do atleta veio com o título mundial em 2017, após uma frustração na Rio-2016, quando fiquei em quinto lugar. Em 2015, ele ainda estava aprendendo a arremessar na cadeira, regra da modalidade, mesmo que o esportista não seja um cadeirante. Não teve tanto tempo para fazer um ciclo completo, mas, agora, a confiança está lá em cima.
– Em geral, demora mais, mas depende da pessoa. Pelo meu tamanho, achei que demoraria mais. Os médicos e fisioterapeutas se surpreenderam, pois a adaptação foi muito rápida – lembrou Thiago, que faz planos cada vez maiores.
– No ano passado, comecei um trabalho no CT Paralímpico com o professor João Paulo e já tínhamos o objetivo de chegar ao recorde mundial este ano, mas não imaginava que pela terceira vez. As medalhas são mais importantes do que as marcas, na minha opinião, mas fico muito feliz. Vou focar no Mundial e quero muito o ouro em Tóquio, no ano que vem.
* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)
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