Coluna do Bichara: o Japão era melhor antigamente
Uma vez mais a F1 chegou a um de seus templos, o único oriental: Suzuka.
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Suzuka. A pista japonesa foi palco de inesquecíveis decisões de títulos, inclusive os 3 de Ayrton Senna. Toda uma geração de entusiastas foi marcada pelos eventos de 1989 e 1990, quando Senna e Alain Prost decidiram dois títulos mundiais com batidas escancaradamente propositais.
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Em 1989 deu-se a canalhice de Prost que se enroscou com Senna na chicane, uma vez que o abandono de ambos daria o título ao francês. E em 1990 a forra épica de Senna, que deliberadamente se chocou com Prost na primeira curva, provocando uma violenta batida, mas que dessa vez daria o título ao brasileiro.
Reminiscências de outros tempos, talvez, de uma época dourada da F1. Se esses eventos ocorressem hoje, com certeza todos os envolvidos seriam desclassificados, punidos, escorraçados e outros quejandos que tais. Enfim, uma chatice.
Foi em Suzuka também que debutou na F1 – sem passar pela F2 – o fenômeno Max Verstappen. Com 17 anos recém feitos, o holandês estreou nos treinos livres do Japão há exatos dez anos, num final de semana tragicamente ofuscado pela morte de Jules Bianchi – no último acidente fatal da categoria.
Logo depois, Verstappen despontou na Toro Rosso com ótimos resultados, que se contrapunham ao desempenho abaixo do esperado de Danil Kvyat, então titular na escuderia austríaca.
Em 2016, após quatro provas, a direção da Red Bull decidiu promover a troca, rebaixando o russo e tornando Verstappen piloto da equipe principal. Logo na 1ª prova após a mudança, o holandês mostrou a que veio e venceu a corrida na Espanha. Num deboche do destino, Kvyat ainda perdeu a namorada para Verstappen. Sempre que você se sentir por baixo na vida, lembre-se do Kvyat.
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Suzuka é também a casa da Honda, hegemônica na boa época da F1 com a McLaren, e coincidentemente hoje também com a Red Bull. Para tentar desafiar o predomínio da equipe austríaca, muitos times trouxeram para o Japão atualizações em seus carros. Mas pouco adiantou.
Como esse é um circuito muito abrasivo, já se antevia que a estratégia de pneus seria fundamental. O composto mole fornecido pela Pirelli era o C3, que em muitas apostas é usado como o pneu duro.
No domingo tivemos uma largada tranquila, sem alterações entre os ponteiros. Mas logo na 1ª volta Daniel Ricciardo abarroou Alex Albon, causando um acidente que tirou ambos da pista e provocou a interrupção da prova. Aliás, não dá para entender essa fixação em manter Ricciardo. Ele “já deu”. Por que não dar outra chance ao promissor Lian Lawson, que correu duas provas ano passado - substituindo o risadinha - e deu show? Queremos renovação, sangue novo!
Com a paralisação da prova foi liberada a troca de pneus, e muita gente mudou de estratégia, partindo para stints mais longos, apostando em fazer menos paradas. Mas a segunda largada foi um replay da primeira, com Charles Leclerc ultrapassando Lewis Hamilton, que vinha de pneus duros. A corrida então seguiu morna e os pit stops começaram após a volta 20. Lando Norris até conseguiu dar um undercut em Sergio Perez, mas o mexicano logo recuperou a posição, fazendo valer não o seu talento mas a imbatível superioridade da Red Bull.
As Ferrari fizeram uma boa estratégia de pneus, alongando a parada de Leclerc. Mesmo assim ninguém foi páreo para os touros vermelhos. Mais uma vez houve dobradinha da Red Bull, com Sainz em 3º. O homem que está de aviso prévio foi o 3º lugar pela 3ª vez. Subiu ao pódio em todas as provas que disputou esse ano. Será que a Ferrari fez a escolha errada para o no que vem?
Digna de nota também foi a performance de Yoki Tsunoda. O japonês, correndo em casa, foi 10º, obtendo um ponto para alegria da torcida local.
Tudo voltou ao normal, com vitória de Verstappen – a 20ª em 22 corridas, e a 34ª da Red Bull em 37 corridas. Na sequência do GP, veio a notícia de que Fernando Alonso renovou com a Aston Martin, numa evidente aposta na performance da equipe com o motor Honda em 2026 - lembrando que nesse ano haverá uma mudança relevante no regulamento, com a eletrificação dos motores assumindo um protagonismo enorme. A questão é que Alonso terá 44 anos quando isso acontecer. Conseguirá ele ser testemunha do futuro?
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