Esquiva mantém o foco no cinturão, mas ainda tem de dar longos passos
Atuação do medalhista olímpico contra o argentino Jorge Daniel Miranda no Boxing For You foi abaixo do esperado, apesar do triunfo em sua primeira luta no Brasil como profissional
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Esquiva Falcão poderia ter saído de Mangaratiba, no Rio de Janeiro, bem mais otimista sobre seu futuro no boxe profissional. O capixaba confirmou o favoritismo contra o argentino Jorge Daniel Miranda pela categoria dos médios (75,5kg), na luta principal do Boxing For You, mas desperdiçou a chance de nocauteá-lo e impressionar a Top Rank, empresa que promove suas lutas e que havia prometido uma disputa por cinturão este ano. Ao fim do duelo, o astro falou com cautela sobre o futuro e os possíveis rivais.
– Estou aí para enfrentar o melhor da categoria. Quanto maior o adversário, melhor para mim, pois será sinal de que estou bem. Canelo (Álvarez, mexicano) seria uma luta boa. Eu ganho? Não sei. Posso ganhar ou perder, para ser sincero. Ele é um fenômeno. Mas seria uma boa luta. Daniel Jacobs e o triplo G (o cazaque Gennady Golovkin) também. A qualquer momento posso estar entre eles – disse Esquiva, que no ano passado esperou por uma revanche contra o japonês Ryota Murata, seu algoz na polêmica final olímpica em Londres, mas viu o rival rejeitar o combate.
Passado o triunfo sem o brilho esperado de um lutador que pretende disputar um cinturão, é provável que ele ainda tenha de fazer mais um ou até dois combates antes do grande objetivo, que hoje seria contra o americano Robert Brant, atual campeão da WBA. Isso pode inviabilizar a almejado duelo por título já em 2019. Antes do evento no Rio, Falcão tinha esperanças de que, caso impressionasse, a promotora pudesse acelerar o processo.
O medalhista de prata nos Jogos Olímpicos de Londres-2012 reforçou que a busca pelo título mundial é sua prioridade, mas não descartou totalmente uma volta ao boxe amador para Tóquio-2020, dependendo dos desdobramentos da caminhada no profissional.
– Não sei. Meu foco é o cinturão mundial. Tenho um caminho longo até o ano que vem. Parece pouco tempo, mas não é. Vamos ver até lá. Hoje, não pretendo ir para Tóquio, porque já consegui a medalha. Agora, quero o cinturão e ajudar o boxe a voltar a ser uma potência no Brasil – afirmou Esquiva.
Para Acelino Popó Freitas, tetracampeão mundial em duas categorias diferentes, Esquiva tem condições de alcançar o cobiçado feito, mas terá trabalho pela frente. O ex-pugilista, hoje com 43 anos, viajou de Salvador para Mangaratiba para torcer pelos brasileiros.
– Ele tem de estar no dia certo, na hora certa. Quando ganhei meu primeiro título mundial, que fará 20 anos em 2019 (contra o russo Anatoly Alexandrov), era eu e eu. Não tinha outro. Meu irmão falou esses dias em uma entrevista que não importaria quem estivesse do outro lado. Era meu dia. Se Esquiva estiver preparado fisicamente e psicologicamente no dia, ele conseguirá fazer a diferença. Ele não é um lutador de pegada fulminante. Precisa de um preparo físico fora do normal para bater 12 rounds – afirmou Popó.
Esquiva, independentemente do que aconteça, garante que já é um vencedor:
– Se eu não for campeão do mundo, eu já sou um campeão na vida. Tudo o que passei para fazer uma luta principal, em um hotel de luxo e ser o cara do momento. Eu morei debaixo da ponte. Não tinha estrutura. Hoje, sou medalhista olímpico. Nunca vou deixar minhas raízes. Vou para o tudo ou nada atrás do cinturão. Quero mostrar que um menino da periferia pode sair da minha situação e ser conhecido pelo mundo inteiro.
* O repórter viajou a convite do Boxing For You
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