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Felipe Massa campeão da Fórmula 1 de 2008? Hamilton perderia o título?

Entenda a polêmica do heptacampeão mundial com o piloto brasileiro

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imagem cameraMassa e Hamilton disputaram o título em 2008 (Foto: HUSEYIN CAGLAR / AFP)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 18/08/2023
20:51
Atualizado em 29/08/2023
18:39

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Após 15 anos, a temporada de 2008 da Fórmula 1 está sendo discutida novamente. Isso porque o 'ex-chefe' da modalidade, Bernie Ecclestone, afirmou que sabia do "Singapuragate" ainda no mesmo ano e não em 2009, quando foi denunciado. Mas o que foi o "Singapuragate"?

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No Grande Prêmio de Singapura de 2008, Nelsinho Piquet foi ordenado a bater de propósito em um local específico da pista para forçar a entrada do carro de segurança, juntar o pelotão e beneficiar seu companheiro, Fernando Alonso, a vencer a primeira edição da corrida noturna. Atrás de Ferrari, McLaren e até da BMW, a Renault não estava em um bom ano. Campeã em 2005 e 2006, a montadora francesa não apresentava bons resultados. Até que na 10° etapa da temporada, Grande Prêmio da Alemanha, Nelsinho conquistou uma excelente segunda colocação e quase venceu a corrida em Hockenhein.

E essa corrida foi o ponto inicial de Singapura, pois o brasileiro largou de 17° no grid e faria apenas um pit stop, diferente dos dois que a maioria do grid faria. Na volta 35, Timo Glock bateu sua Toyota e provocou a entrada do safety car na pista. Nelsinho foi para os boxes, reabasteceu o carro e, quando o resto do grid parou, apareceu na 1ª colocação. Durante a prova, Piquet Jr foi superado por Lewis Hamilton, que venceu a corrida. Os brasileiros Nelsinho e Felipe Massa completaram o pódio.

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Pódio do Grande Prêmio da Alemanha de 2008 (Foto: AFP / Grande Prêmio)

Cinco corridas depois, a Fórmula 1 desembarcou em Singapura e o campeonato estava bastante disputado. Hamilton liderava com 78, mas Massa estava logo atrás com 77. A Renault apresentava grande performance no novo circuito. Alonso liderou dois treinos livres e era favorito para a pole, porém seu carro apresentou problemas no Q2 e largaria em 15°. Foi um desastre para o espanhol, que largaria no final do grid em um circuito de rua. Mas os chefes da equipe francesa, Flavio Briatore e Pat Symonds, já sabiam o que fazer.

Na corrida, Alonso foi o primeiro a fazer a parada nos boxes, na volta 12, tática incomum para quem largava no final do pelotão. E na volta 15, Nelsinho bateu forte em um local calculado e que causou a entrada do carro de segurança. Na época, o regulamento determinava que o pit lane ficava fechado, ou seja, ninguém entra e ninguém sai até que todos os carros se agrupassem. Com todos próximos, todos os carros na pista, exceto Alonso, pararam nos boxes e transformou a corrida em um caos. Principalmente no pit de Felipe Massa, que liderava a prova e, em uma ação atrapalhada foi liberado com a mangueira de combustível ainda no carro. Assim, ele teve que dar uma volta inteira e retornar aos boxes para retirar a mangueira do carro. Massa caiu para último e fechou a prova em 13º. Com a "estratégia perfeita" feita, Alonso venceu a corrida singapurense e deu a primeira vitória da Renault em 2008. Nico Rosberg e Lewis Hamilton fecharam o pódio.

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Nelsinho com sua Renault batida em Singapura (Foto: Reprodução/Motor1.com)

Após a corrida, Hamilton ampliou sua vantagem para Felipe Massa. O inglês ficou com 84 pontos e o brasileiro manteve seus 77.

O campeonato continuou disputado até a última corrida, no Grande Prêmio do Brasil. Massa teve o troféu em mãos por 30 segundos, até que Hamilton passou Timo Glock na última curva, ficou em 5° e consagrou-se campeão mundial por um ponto.

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Hamilton camepão mundial em 2008 (Foto: AFP/Getty Images)

No mesmo final de semana, Nelson Piquet avisou da polêmica com o diretor de provas da FIA da época, Charlie Whiting. O inglês avisou para Nelson que não poderia fazer nada, apenas Nelsinho poderia denunciar, coisa que não aconteceu, já que o filho do tricampeão ainda tinha contrato com a Renault para 2009.

A revelação do escândalo:

No ano seguinte, a Renault seguiu mal, principalmente Nelsinho, que não apresentou evolução na sua pilotagem e foi mandado embora da equipe francesa logo depois do Grande Prêmio da Hungria, o último antes da pausa de verão. Demitido, o brasileiro entregou todo o esquema na semana seguinte à sua demissão para a FIA, mostrando provas concretas para a Federação. A Renault demitiu Flavio Briatore e começou a cooperar com as investigações.

Em setembro de 2009, a FIA deu seu veredito. Briatore foi banido para sempre da Fórmula 1, Pat Symonds foi suspenso por cinco anos da categoria, Nelsinho não foi punido por ter colaborado com a investigação e Fernando Alonso também foi inocentado, já que não houve provas que o espanhol sabia do esquema.

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Pat Symonds e Flavio Briatore (Foto: Sutton Images)

Porém, não era mais possível mudar o resultado da corrida de Singapura, já que quase um ano tinha se passado e o campeonato de 2008 tinha sido concluído.

A revelação da esperança de Massa:

Em recêm entrevista, Bernie Ecclestone revelou que ele e Max Mosley (ex-presidente da FIA) foram informados do "Singapuregate" ainda em 2008 e não decidiram fazer nada para proteger o esporte de um enorme escândalo, mesmo com informação suficiente para investigar a questão. Segundo o estatuto da FIA, a corrida deveria ter sido cancelada e Felipe Massa teria se tornado campeão mundial.

Por causa disso, o piloto brasileiro estudou o caso com seus advogados. Na quinta-feira (17), os advogados de Massa enviaram uma notificação às entidades referidas com a base do processo, alegando uma "conspiração" que atrapalhou o piloto na conquista daquele campeonato. A defesa de Felipe afirma que teria sido vítima de um complô pela FIA e pela FOM (Formula One Managament), mas não sobre a batida de Nelsinho, e sim sobre a não investigação de Ecclestone e Mosley. Os advogados do brasileiros ainda completaram:

Felipe Massa - Ferrari 2011
Felipe ficou na Ferrari de 2006 até 2013 (Foto: Arquivo Lance!)

- Para simplificar, o Sr. Massa é o campeão por direito de 2008, e a F1 e a FIA deliberadamente ignoraram a má conduta que o tirou daquele título. O Sr. Massa não é capaz de quantificar totalmente suas perdas, mas estima que elas provavelmente ultrapassariam as dezenas de milhões de euros. Este valor não cobre as graves perdas morais e de reputação sofridas por ele - disseram.

Ainda tem volta?

Quase impossível. O regulamento da FIA prevê que um protesto deve ser apresentado aos comissários minutos depois da bandeirada. Em caso de fato novo, o prazo para um protesto é de 14 dias após seu surgimento. E essa entrevista não é realmente um fato novo, pois a FIA já sabia do caso em 2008, com aquela conversa de Nelson Piquet e Charlie Whiting no Brasil. O antigo diretor de provas da federação prontamente contou para Mosley, mas eles decidiram não tomar nenhuma providência, visto que não tinham provas suficientes para começar uma investigação. Isso foi revelado em uma biografia de Bernie Ecclestone publicada em 2011.

Mas se essa entrevista realmente for considerada um fato novo, o regulamento de 2008 não previa anulação de uma corrida. A infração que a Renault cometeu se enquadrou em artigos diferentes do Código Desportivo Internacional. As punições se escalam em: reprimendas, multas, punições em tempo, exclusão, suspensão e desclassificação, ou seja, sem a anulação da corrida. E mesmo com a desclassificação da Renault na corrida, Hamilton continuaria campeão.

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Massa no Grande Prêmio de Singapura de 2008 (Foto: Ferrari)

Agora os holofotes da Fórmula 1 se voltam ao caso e aguardam o caso ter um desfecho.

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