Insistência e luta contra a balança levaram brasileiros ao topo na vela
Conquista de Jorge Zarif e Pedro Trouche na SSL Finals, nas Bahamas, parecia improvável 40 dias atrás. Mas dupla improvisada deu frutos e impediu o bicampeonato de Robert Scheidt
- Matéria
- Mais Notícias
A conquista inédita da Star Sailors League Finals pelos brasileiros Jorge Zarif e Pedro Trouche foi cercada de fatos inusitados. Quarenta dias antes do início da competição, que terminou no sábado, os amigos nunca tinham velejado juntos no barco do evento, viviam momentos diferentes em suas vidas e tinham pela frente um desafio árduo de enfrentar alguns dos maiores nomes do mundo.
A disputa, que distribuiu US$ 200 mil (R$ 780 mil), é para poucos. Das 25 duplas inscritas, estavam 21 medalhas olímpicas. Jorginho, que tem no currículo o título mundial de Finn, de 2013, mas não atendia aos critérios da SSL Finals, como ter ido ao pódio em Olimpíadas, insistiu que queria entrar.
Mesmo com foco em outra classe para Tóquio-2020, procurou os organizadores em busca de um convite. As vagas estavam quase todas preenchidas.
A única possibilidade era ser campeão do Mundial de Star, que aconteceu em outubro, em Oxford (EUA). Seria preciso provar na água que ele poderia se colocar entre os melhores, e lá foi o velejador. Ao lado de Guilherme de Almeida, saiu com o ouro e o passaporte para as Bahamas.
O problema é que o parceiro, um dermatologista prestigiado em São Paulo, não poderia comparecer na data. Foi então que ele acionou Trouche, com quem tem amizade há 13 anos, para ser proeiro (quem cuida da preparação das velas no momento da troca).
Ambos se conheceram na classe Laser, barco para uma só pessoa. Mas, como dupla de Star, o desafio era inédito.
Relacionadas
Se não bastasse a falta de entrosamento, o timoneiro e o proeiro de Star precisam se enquadrar em uma fórmula para manter um equilíbrio entre seus pesos.
Caso a média fique acima do permitido, os resultados não são validados. E Pedro, que passou um ano difícil, devido à morte de seu avô em agosto, após a luta contra um câncer, não contava com o desafio.
- Eu precisava perder 15kg para chegar aqui, após o Mundial, que acabou no meio de outubro. Fiquei em sétimo (com o americano Tomas Hornos). Ali, falei para o Jorginho que, se ele mandasse bem no Mundial, poderia ser chamado para vir para a SSL Finals. Ele acabou ganhando. Um tempo depois, o Guilherme, que é nosso amigo, disse que não poderia vir e o Jorginho me chamou - contou Trouche, surpreso com o grande desempenho da dupla, vencedora das três regatas decisivas de sábado, nas quartas, semi e final, deixando o bicampeão olímpico Robert Scheidt e Henry Boening em segundo.
- Não imaginava que seria tão bom. Começamos a treinar a apenas quatro dias do início do campeonato. O barco estava perfeito. Durante a semana, evoluímos a cada regata, corrigimos e diminuímos os erros - afirmou o atleta.
Zarif retoma foco olímpico após 'descanso saudável'
De volta à Finn, Zarif sente que recarregou as energias após algumas semanas de reflexão. Ele não foi bem no Mundial de Aarhus, na Dinamarca, em agosto, quando chegou como uma das esperanças e terminou apenas em 18º lugar.
Agora, está perto de acertar com um novo técnico. O atleta tem feito a preparação física no Parque Aquático Maria Lenk, na estrutura do Comitê Olímpico do Brasil (COB), e velejado na Urca, Zona Sul do Rio. Mas boa parte da temporada de 2019 será em Palma de Maiorca, na Espanha, e em Marsala, na Itália. No fim do ano, a ideia é passar um período em Melbourne, na Austrália.
- Agora é 100% Finn. A partir de terça-feira, já estarei no Rio para iniciar pré-temporada na Baía de Guanabara. Neste ano, velejei 250 dias de Finn, que é mais físico. Parei um pouco neste final, mas foi um descanso saudável. A classe Star ajuda muito na parte tática e os resultados aumentaram minha confiança.
* O repórter viaja a convite da SSL Finals
Mais lidas
News Lance!
O melhor do esporte na sua manhã!- Matéria
- Mais Notícias