Lacuna na formação de atletas leva COB a mudar foco de olho em 2024
Preocupada em desenvolver talentos, entidade cria departamento específico para cuidar do assunto, liderado por medalhista do judô. No Chile, Brasil começa a testar promessas
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Dentre os desafios do Comitê Olímpico do Brasil (COB) em meio à “ressaca” deixada pelo fim do ciclo de investimentos com os Jogos Rio-2016, detectar e desenvolver talentos virou uma das prioridades. Os Jogos Sul-Americanos da Juventude, que começam nesta sexta-feira e vão até o dia 9 de outubro, em Santiago (CHI), marcam uma mudança de postura da entidade máxima dos esportes olímpicos no país.
O COB inaugurou no final do ano passado a gerência de Identificação e Desenvolvimento de Talentos, sob responsabilidade do ex-judoca Sebastian Pereira, medalhista de bronze no Pan de Winnipeg (CAN), em 1999 e no Mundial de Birmingham (ING), no mesmo ano. Até então, ele era gerente de performance esportiva e já havia chefiado delegações de jovens antes.
A avaliação da entidade após os Jogos do Rio foi de que uma mudança no modo de pensar a formação de atletas seria necessária. O contexto de crise na economia, com saída de patrocinadores e possibilidade de redução do orçamento do Ministério do Esporte em 2018, reforçou a importância de integrar os governos, clubes, escolas e confederações neste processo.
– Aumentamos o foco relacionado aos jovens talentos. Já fazíamos isto desde 2005, com o sucesso dos Jogos Escolares, mas se intensificou com a criação de uma nova área. Pensamos sempre em oito ou 12 anos à frente. Esperamos ser um motor para alimentar o alto rendimento. Jovens mais bem preparados poderão ser melhor absorvidos – explicou Sebastian, ao LANCE!.
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A inauguração do setor significa, na prática, que o COB passou a marcar presença nas escolas e mobilizar forças para investir no jovem que ainda não chegou ao alto rendimento. Até então, o trabalho era muito mais voltado ao atleta já “pronto”. Agora, é hora de testar os primeiros nomes.
O Chile sediará a segunda edição dos Jogos Sul-Americanos da Juventude, com participantes entre 14 e 17 anos. O Brasil dominou o quadro de medalhas em Lima (PER), há quatro anos. Na ocasião, as ginastas Flavia Saraiva e Rebeca Andrade, e Ygor Coelho, do badminton, começaram a se destacar. Os três estiveram na Olimpíada da Juventude, no ano seguinte, e na Rio-2016.
– Será um evento importante para eles quebrarem o gelo. Se alguns estarão em Tóquio-2020, é cedo para dizer. O foco é da Olimpíada de 2024 em diante – disse o ex-judoca.
A cerimônia de abertura dos Jogos Sul-Americanos acontece nesta sexta-feira, às 20h (de Brasília). As competições terão início no sábado.
Jogos no Chile são teste para modalidades novas
A segunda edição dos Jogos Sul-Americanos da Juventude marcará a integração de duas novas modalidades no Movimento Olímpico. O caratê, que fará parte dos Jogos de Tóquio (JAP), em 2020, foi integrado ao programa pela primeira vez. O basquete 3x3, que tem o aval da Federação Internacional de Basquete (Fiba), é o único coletivo na competição e também será testado.
– É uma oportunidade de olharmos para além dos esportes de maior destaque. São modalidades novas no Movimento Olímpico, que poderemos acompanhar e até buscar nomes de potencial – disse Sebastian Pereira, gerente de Identificação e Desenvolvimento de Talentos do Comitê Olímpico do Brasil (COB).
A segunda edição dos Jogos terá mais de 1.400 atletas de 14 países, em 21 esportes. Além de caratê e basquete 3x3, o programa do evento conta com: natação, saltos ornamentais, atletismo, badminton, boxe, ciclismo, esgrima, ginástica artística, golfe, judô, levantamento de peso, wrestling, remo, taekwondo, tênis, tênis de mesa, triatlo e vôlei de praia. Por economia de gastos, a Organização Desportiva Sul-Americana (Odesur) não incluiu outras modalidades coletivas.
Em 2013, em Lima, o Brasil conquistou 142 medalhas, em 22 esportes. O país teve mais que o dobro de pódios do que a Colômbia, segundo colocado.
BATE-BOLA
Sebastian Pereira
Gerente do COB, ao L!
‘Recursos de hoje ainda não são suficientes’
O que o COB estabelece de meta com a criação da nova gerência?
O objetivo é aumentar o número de jovens com potencial para performar bem nos Jogos Olímpicos. Todo início de ciclo tem dificuldades. É uma renovação, e os atletas tentam entender suas possibilidades. Estamos aqui para ajudá-los e oferecer as condições. É o inicio.
Como investir recursos na busca por talentos se o próprio COB luta para obter patrocínios?
É uma mescla. Temos recursos da Lei Piva, destinados à área estudantil, mas eles não são suficientes para o que pode ser desenvolvido. Queremos integrar parcerias, agentes que já trabalham, mas independentes. Queremos estabelecer um processo em que cada entidade possa ajudar a manter o desenvolvimento de jovens talentos. Iniciamos com atletismo, natação, judô e ginástica, mas o objetivo é avançar para outras.
Qual a meta do país no Chile?
Não posso garantir que teremos o mesmo desempenho de 2013, mas é claro que o Brasil parte para ganhar.
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