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Lauter no Lance!: As performances olímpicas entram em campo

O mais rápido, o mais alto, o mais forte

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imagem cameraPelé em ação pela Seleção Brasileira (Foto: Acervo Lance!)
Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 01/04/2025
05:10
Atualizado há 5 horas

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CITIUS, ALTIUS, FORTIUS*

Aproveitando o embalo de termos, enfim, futebol de verdade se espalhando por todos os cantos desse país, e trazendo já um recorde mundial: o primeiro treinador a cair, antes mesmo de terminar a rodada. Somos imbatíveis na modalidade demissão, na categoria médio-ligeira. E lá se vai o Mano. Segue o jogo! Vamos conversar sobre futebol e performances esportivas. Topam?

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“…No fundo desse país/ Ao longo das avenidas/ Nos campos de terra e grama/ Brasil
só é futebol/ Nesses noventa minutos/ De emoção e alegria/ Esqueço a casa e o
trabalho/ A vida fica lá fora/ Dinheiro fica lá fora/ A cama fica lá fora/ Família fica lá fora/
A vida fica lá fora/ E tudo fica lá fora”…

Trecho da música “Aqui é o país do futebol” de Milton Nascimento e F. Brant

Sim, aqui é o país do futebol. Nossas referências esportivas, partem das performances nos gramados, seja pelo meio-campista que se move por todos os cantos do campo, incansável, que nos faz lembrar os grandes maratonistas africanos, ou aquele ponta veloz, que juramos ser mais rápido que Bolt e companhia. Ou, talvez, o atacante meio desengonçado que salta como ninguém e jura que tem o dom de parar no ar, feito beija-flor. Ou saindo do gramado para a quadra, traçamos empolgados, paralelos entre o zagueiro de nossa defesa que salta mais que o ucraniano de nome escasso em vogais, que foi tema de nossa primeira coluna aqui? Vocês oito devem lembrar, confio em meus fiéis leitores.

CITIUS (O mais rápido)

O nome dele era… era… agora não lembro. Era um ponta esquerda arisco, sem nenhum dom para o drible, muito menos para ganhar a linha de fundo, levantar a cabeça, cruzar e correr para o abraço. Era conhecido pela velocidade e de sair com bola e tudo pela linha de fundo. Esta é uma cena comum em nossos estádios, campos e campinhos, são os cometas sem nome, que tal qual seus apelidos, desaparecem no horizonte escuro do esquecimento.

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Hoje em dia, usando métricas temerosas e não compatíveis com a física, usando imagem e captação de velocidade instantânea não presencial, surgem bons jogadores, e não tão bons velocistas. Deixa pra lá, o descompromisso com a precisão e a matemática faz parte de nosso dia a dia. Enquanto eles forem fazendo gols e parindo jogadas desconcertantes, o futebol agradece.

Mas conheço o caso de um jogador, chamado Edson, que, além de envergar o 10 nas costas, tirava a teima de preparadores e cronômetros analógicos, cumprindo a distância dos 100 metros, em pista, na casa dos 10 segundos. Seja na pista da Escola de Educação Física do Exército, no Rio, onde cravou 10:6 (10 segundos e 6 décimos), ou em Santos (não confirmado oficialmente o local), onde dizem que voou para 10:3! Assim era Pelé, um Jesse Owens de chuteiras!

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Querer comparar o Deus de todos os estádios, com simples velocistas mortais é covardia. A especificidade do gesto desportivo pune, como diria Muricy. Pelé não pegaria nem final estadual dos 100 metros. Mas e os gols de placa, os divinos dribles… Seria medíocre tentar comparar! Mas comparando o Rei, com jogadores de futebol, poucos, pouquíssimos cruzariam a chegada próximos dele!

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Pelé em ação pelo Santos (Foto: Acervo Lance!)

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ALTIUS (o mais alto)

E quando o nosso zagueirão, xerife soberano de todas as áreas, se torna nosso último baluarte da pátria de chuteiras e sobe determinado, como um velho Electra da ponte aérea de outrora, entre adversários mais altos, e consegue afastar o perigo e comemora como um recorde mundial no salto em altura. Na hora, dezenas de nós, pensam, esse voa!

E o que pensar do atacante de nossa seleção de voleibol, encara aquele bloqueio triplo que mais parece um condomínio de Balneário Camboriu, e ataca por cima desse muro de concreto armado, fazendo o último ponto do “tie-break”? Que venham os ucranianos e cubanos, nosso ponteiro canhoto salta mais!

Calma lá! Javier Sotomayor, o grande saltador cubano, detentor do recorde mundial do salto em altura, saltou (utilizando apenas um pé de impulsão, a regra é clara) 2 metros e 45 centímetros, numa tarde ensolarada de Salamanca. Diante disso, Javier poderia ter ultrapassado a rede de voleibol daquele ataque espetacular ali de cima, usando apenas um pé de apoio. Cito mais uma vez, sem medo de ser repetitivo, a lei da especificidade do gesto desportivo. Cada um em sua modalidade, brinca com o impossível! Mas, na
verdade, voar é para os pássaros e saltadores em altura.

Javier Sotomayor
Javier Sotomayor no alto em altura (Foto: Acervo Lance!)

FORTIUS (o mais forte, resistente)

Dirceuzinho era um azougue, ponta esquerda por profissão e maratonista por missão, não parava (em campo**)! Carregava piano, bateria, baixo acústico… e não desafinava. Seu estilo era pré-contemporâneo, futurista. Nos famosos e temidos testes de Cooper (correr a maior distância possível no tempo de 12 minutos) era imbatível. Seu melhor teste, em 1982, ele chegou a espantosos 3.600 metros (colhido da 1ª página de esportes do saudoso JB) o credenciou a ser comparado a maratonistas africanos! Diziam que Dirceu ganharia fácil a maratona olímpica.

Calma lá, não vamos querer que a equipe de atletismo do Quênia chegue a final da próxima Copa do Mundo de futebol! Um fundista africano, correu a distância de 5km em espantosos 12 minutos e 35 segundos. Se projetarmos o tempo para 12 minutos cravados, ele teria completado o teste de Cooper percorrendo a distância de 4.800 metros (ok, precisamente 4.778 metros).

Agora, peço que me respondam, o que torna o futebol tão apaixonante, se seus atletas não são ETs? Te respondo com uma palavra apenas: MÁGICA!

Tentaram vetorizar e cronometrar os dribles de Garrincha; as arrancadas de Pelé; escanearam os Ronaldos, sem sucesso. Pelé foi o que foi, por conta de seus níveis altíssimos nas valências físicas e motoras, sim, mas o que o levou ao status de gênio foi a mágica que carregava e aplicava com maestria em campo.

Viva o mundanismo mágico do futebol! Usemos a ciência para que ele cresça e frutifique. Usemos o
atletismo como base e desenvolvimento das valências pertinentes a cada esporte. Há alguns anos o atletismo é base e lastro de desenvolvimento de vários esportes. Afinal, o show tem que continuar!

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Dirceu em ação pelo Verona, da Itália (Foto: Acervo Lance!)

*Lema olímpico
** Dirceu foi parado, estupidamente, aos 43 anos, quando voltava para casa, e seu carro foi destruído por outro que praticava “pegas” nas avenidas largas da Barra de Tijuca.

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