OPINIÃO: ‘Uma conta ainda longe de fechar no basquete feminino do país’
Fora da Olimpíada, Seleção feminina precisa de intercâmbios para chegar forte a Paris-2024
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A Seleção Brasileira feminina de basquete trabalhou, mas não conseguiu fazer milagre. Apesar de ter apresentado sua melhor atuação nas três partidas do Pré-Olímpico de Bourges, na França, a derrota para a Austrália, segundo melhor time no ranking mundial, por 86 a 72, era previsível, tendo em vista a diferença técnica entre as duas realidades.
O vacilo contra Porto Rico na quinta-feira custou caro. As comandadas de José Neto tiveram o jogo nas mãos até o último quarto e permitiram a reação das rivais, que forçaram a prorrogação e nela selaram o triunfo por 91 a 89. Depois, novo revés para a França, por 89 a 72. Após 28 anos, a equipe verde e amarela está fora de uma Olimpíada.
Mesmo com todos os problemas que o basquete feminino brasileiro enfrentou nas últimas décadas, ir a Tóquio se tornou extremamente possível desde que Neto foi anunciado como treinador e colocou na cabeça das jogadoras que valia a pena encarar a difícil empreitada de tirar a modalidade de um buraco cavado por dirigentes durante décadas de boicote ao naipe feminino.
Percorrido um longo caminho do processo classificatório, bastava vencer um dos três confrontos na França para ir aos Jogos, o que explica o sentimento de decepção com o resultado. Mas os detalhes que faltaram tanto para sacramentar a vaga quanto para fazer frente aos times que estão degraus acima só se conquistam com um número elevado de tentativas e erros.
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"O planejamento é apertado no tempo, de modo que aprendizados como os da derrota para as porto-riquenhas, com classificação olímpica em jogo, aconteçam justamente nos campeonatos, na hora do 'vamos ver'"
O basquete, bem como o esporte brasileiro em geral, vive uma restrição financeira que impede nossos atletas de experimentarem situações de jogo no nível mais elevado por longos períodos. O planejamento é apertado no tempo, de modo que aprendizados como os da derrota para as porto-riquenhas, com classificação olímpica em jogo, aconteçam justamente nos campeonatos, na hora do “vamos ver”. O caminho para o acerto passa por uma margem maior para o erro.
A Seleção feminina tem tudo para manter a evolução com Neto e seus nomes de confiança à frente do grupo. Mas a comunidade do basquete terá de cobrar o cumprimento das promessas da Confederação Brasileira de Basquete (CBB) sobre o desenvolvimento dos campeonatos de base e, sobretudo, de intercâmbios. Será fundamental buscar recursos privados.
A intenção de patrocínio do BRB anunciada pela entidade em agosto do ano passado não rendeu frutos, muito em razão de dívidas deixadas pela gestão do ex-presidente Carlos Nunes. Nesta semana, o banco deixou claro que cansou de esperar e oficializou o patrocínio à Confederação Brasileira de Tênis (CBT) no valor de R$ 2 milhões até o final de 2020. Outro golpe para o basquete.
Hoje, a conta de uma equipe que quer voltar a ser referência ainda está longe de fechar.
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