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Parsons se diz ‘despedaçado’ por veto a nadador e vê desafios no sistema

Carioca, que preside o Comitê Paralímpico Internacional, lamenta exclusão de Andre Brasil pelos novos critérios de elegibilidade nas piscinas, mas diz que modelo tem base científica

Andrew Parsons
imagem cameraEx-presidente do CPB, Andrew Parsons dirige entidade máxima do esporte paralímpico no mundo (Foto: Divulgação)
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Lance!
Enviado Especial a Lima (PER)*
Dia 26/08/2019
15:15
Atualizado em 27/08/2019
16:05

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Presidente do Comitê Paralímpico Internacional (IPC, em inglês) e um dos grandes incentivadores do brasileiro Andre Brasil durante anos, o carioca Andrew Parsons defendeu nesta segunda-feira, durante os Jogos Parapan-Americanos de Lima, as recentes mudanças no sistema de classificação funcional no esporte paralímpico, em especial na natação, mas admitiu que o modelo ainda precisa evoluir.  

- Meu coração fica despedaçado. Se tem alguém que ajudou o Andre a se tornar elegível em sua classe fui eu. Em 2006, estive com ele na África do Sul. Durante anos, ele me chamava de "papai". Agora, está um pouco mais velho. Mas o caso dele mostra que há muito a se evoluir no sistema de classificação - declarou Parsons.

Ex-presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), hoje dirigido pelo ex-atleta do futebol de cinco Mizael Conrado, Andrew disse que as mudanças sobre elegibilidade de nadadores, aprovadas em 2017, tiveram consenso de grande maioria dos países e levaram em conta aspectos científicos, diferentemente do que acontecia no passado, para categorizar os atletas de acordo com seu nível. Ele nega que o sistema seja amador, como Andre já declarou, mas admite que há o desafio de padronizar as avaliações no mundo.

Andre foi barrado de todas as competições do IPC após ser considerado inelegível por uma banca que o avaliou em abril deste ano, durante o Open Internacional, em São Paulo. Após 15 anos de carreira, o campeão paralímpico ouviu dos médicos que havia força "moderada" em seu pé esquerdo, e não mais "mínima". Diagnosticado com paralisia infantil aos seis meses de vida, ele cresceu com má formação na perna. O atleta não perdeu seus resultados.

- O sistema anterior era baseado em boas práticas. O atual é uma evolução de trabalhos científicos feitos em parcerias com universidades mundo afora. O arrasto e a virada, por exemplo, são aspectos que não eram levados em conta ou eram, mas de maneira diferente. E tudo é feito com os mesmos critérios. O desafio é ter classificadores que avaliem como árbitros, aplicando os mesmos critérios em todas as competições - disse Parsons.

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Quando presidente do CPB, Andrew chegou a redigir um protesto contra o IPC por uma reclassificação que afetaria o ex-nadador Clodoaldo Silva e foi bem sucedido, alegando que alterações na classificação só poderiam acontecer com a mudança do sistema. Agora, ele defende que essa virada aconteceu, o que epxlica o veto não só a Brasil,mas nadadores de diversos países. O CPB levou a questão à Justiça da Alemanha e tenta reverter a medida nos tribunais. Em abril, o campeão paralímpico disse ao LANCE! que não deixaria de lutar.

- O CPB tem todo o direito de defender o que eles julgam ser direito dos seus atletas. A mudança foi anunciada em 2017, aprovada em Assembleia com a presença de vários países. Era um anseio antigo da comunidade da natação. Não foi criação do IPC sozinho - defendeu Parsons.

Segundo dirigente, mudanças não afetam 65% dos atletas

As classificações no esporte paralímpico existem para permitir um equilíbrio na disputa, uma vez que os tipos e graus de deficiência são distintos entre os esportistas. Mas o Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) reclama que as avaliações estão sendo feitas de forma subjetiva.

Segundo Andrew, mais de 65% dos atletas permaneceram em suas classes e mais esportistas baixaram do que subiram. Quanto menor o número, maior é o grau de deficiência. 

- Temos acompanhado muito de perto esta implementação. É um sistema que analisa questões que não eram levadas em consideração antes. A avaliação geral é de que o sistema é melhor - falou Parsons.

Segundo o dirigente, de um total de 182 países da Assembleia, apenas o Brasil e mais duas nações europeias manifestaram de forma oficial uma preocupação com o modelo. 

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Brasileiro busca aproximar países do IPC

Andrew coloca a aproximação do IPC com os países como um de seus trunfos desde que foi eleito para dirigir a entidade máxima do esporte paralímpico, em 2017. Ele também destaca mudanças importantes na estrutura do comitê que estão em andamento e a busca por maior diálogo com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

- Abrimos o IPC, que era visto como uma entidade fechada. Nós vamos ao encontro dos países. Mudamos a lógica anterior de que os países tem de servir ao IPC. Hoje, o IPC existe para servir os países. Tivemos um acordo com o COI, que garante a estabilidade financeira até 2032. E estamos revisando nossa estrutura de governança - afirmou o dirigente.

IPC assina novo acordo para inclusão na América do Sul

Parsons assinou nesta segunda-feira, em Lima, um acordo com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) do Japão e a Fundação Agito para a segunda etapa de um programa de inclusão de pessoas com deficiência em regiões carentes da América do Sul. 

O projeto teve início em 2016 e desenvolveu ações em cinco países na primeira etapa: Colômbia, Peru, El Salvador, Nicarágua e Equador. Agora, seguirá na Colômbia e terá as entradas de Argentina, Chile e República Dominicana. O investimento na fase atual é de 740 mil dólares (cerca de R$ 2,5 mil). 

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* O repórter viaja a convite do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB)

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