Perto do adeus à Seleção, Falcão diz: ‘Aceito o rótulo de Pelé do futsal’
Ala, que começa a se despedir do grupo domingo, contra a Colômbia, afirma ao L! que será difícil sentar no sofá para assistir à equipe, e traça meta de difundir o esporte no planeta
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Entre uma série de viagens para Ásia e Europa em curtos espaços de tempo, Falcão tenta fazer cair a ficha de que não vestirá mais a camisa da Seleção após 20 anos. Eleito quatro vezes o melhor do mundo pela Fifa, o ala de 39 anos começa hoje, no Desafio Internacional entre Brasil e Colômbia, às 10h, na Jeunesse Arena, no Rio de Janeiro, a dar adeus ao time verde e amarelo. A despedida será no segundo semestre, em São Paulo.
O paulista, que segue no Magnus Futsal, de Sorocaba (SP), por uma ou duas temporadas, contou ao LANCE! os planos de rodar o planeta e difundir o esporte, com a ajuda de craques dos gramados. E não se esquivou da comparação com Pelé.
– Aceito o rótulo, pois sei toda a proporção e popularidade que o Falcão ganhou no futsal – disse.
"Aquele boom, aquela expectativa, não era pelo que eu fazia no futebol, mas no futsal. Estamos falando de 12 anos atrás. Poucos atletas conseguiram manter o auge em tanto tempo"
Caiu a ficha de que chegou a hora de deixar a Seleção ?
É muito complicado deixar a Seleção. São 20 anos com a mesma sequência. As pessoas acordavam de manhã para me ver jogar. Sei da minha responsabilidade, escuto isso todos os dias. Infelizmente, o atleta tem prazo de validade, e o meu chegou. Acredito que este seja o melhor momento para que isso aconteça. Fiz uma grande Copa do Mundo, mesmo com 39 anos, e aumentei os meus números, que serão eternos. Mas a ficha cair é complicado. O mais difícil será sentar no sofá para ver a Seleção jogar.
Quando você começou a ter noção da sua dimensão para o futsal, e o que pensa quando é comparado ao Pelé hoje?
Comecei a ter essa dimensão quando fui para o São Paulo, em 2005. Aquele boom, aquela expectativa, não era pelo que eu fazia no futebol, mas no futsal. Estamos falando de 12 anos atrás. Poucos atletas conseguiram manter o auge em tanto tempo. Sempre foi um desafio na minha carreira. Queria melhorar a cada ano, e estar na Seleção por merecimento, não pelo nome. Pelé do futsal é um nome forte, mas aceito o rótulo pois sei toda a proporção e popularidade que o Falcão ganhou no futsal.
Quais as suas perspectivas com a entrada da CBF na gestão do futsal no lugar da CBFS?
É um início. Esperamos que seja ótimo. São pessoas que sempre defendemos que estivessem aqui, como o Marquinho (supervisor) e o Gabriel (diretor de relações internacionais), que foram pedidos nossos. Que daqui para frente seja da forma que eles querem, com a programação que eles querem. O futsal precisava disso. E que apareçam novos ídolos, pois o esporte vive de referências.
Há uma tendência de se forçar a entrada de novos ídolos. Acha que isso pode acontecer agora?
Alguns jogadores que as pessoas apostavam acabaram não se tornando ídolos. Mas o ídolo é toda uma sequência. Tem de ganhar popularidade com as pessoas, fazer gols importantes em finais, conquistar títulos relevantes. Mas temos uma nova geração, que espero ver assumir isto. Que fiquem no Brasil um pouquinho mais, porque ficar sempre aqui foi muito positivo para minha imagem.
Quais as suas maiores apostas para o posto de ídolo do futsal?
Hoje, as apostas são o Leandro Lino, o Rocha e o Marcel, que estão na minha equipe em Sorocaba. Converso com eles todos os dias para que assumam o protagonismo e sejam positivos para a Seleção.
O que deixará mais saudade?
Sempre valorizei tudo. Vestir a camisa, cantar o hino... amanhã (hoje) vai ser difícil. Mas olho para trás e fico feliz com tudo o que conquistei. Agora, tentarei divulgar o futsal pelo mundo, como já venho fazendo. Isso é o mais importante.
Como tem sido esse trabalho de divulgação? O que você procura fazer para aumentar a imagem do esporte?
É algo natural. Estive no Líbano há 10 dias, na Índia, há 15 dias, fui para a Inglaterra e Itália. É uma realidade. O mundo está abraçando eventos de futsal com jogadores de futebol. Eu acabo estando junto. Em julho, terá um na Índia, com Ronaldinho, Drogba. Quero cada vez criar uma popularidade maior ao esporte. Quando um evento ocorre, as pessoas já querem marcar mais dois ou três (risos). Com a proximidade dos ídolos do futebol, é mais atrativo.
"O ídolo é toda uma sequência. Tem de ganhar popularidade com as pessoas, fazer gols importantes em finais, conquistar títulos relevantes. Mas temos uma nova geração, que espero ver assumir isto"
Um conselho a uma criança que tem você como exemplo?
O esporte é sempre um incentivo. Independentemente de ser futsal, futebol, vôlei ou basquete. A prática é fundamental. Sobretudo o futsal, porque ele te dá uma coordenação, um raciocínio. Tem toda aquela coisa rápida de respeitar o horário e de, se deixar, o outro entra no seu lugar.
Quais gols você elege como os mais bonitos da sua carreira?
Na Seleção, foi o da final do Pan de 2007, que chapelei o goleiro da Argentina e depois fiz o gol de cabeça, e o argentino derrubou a trave. E também, por onde a bola entrou, pela forma diferente, o gol da final da Copa de 2012 contra a Espanha. Foi uma pancada na gaveta. Ficaram marcados por serem em finais.
Adeus pode ser em Brasil x Argentina
Falcão ainda negocia como será o evento festivo que marcará oficialmente sua despedida da Seleção, em São Paulo. Mas o LANCE! apurou que uma das possibilidades estudadas é uma reedição da final do Pan do Rio, em 2007, com os jogadores daquele Brasil x Argentina. Na época, a Seleção venceu por 4 a 1.
QUEM É ELE
Nome
Alessandro Rosa Vieira
Nascimento
8/6/1977, em São Paulo
Posição
Ala
Conquistas
Bicampeão Mundial com a Seleção (2008 e 2012), tricampeão da Copa América (2000, 2008 e 2011), ouro nos Jogos Pan-Americanos do Rio (2007), dono de duas Bolas de Ouro Fifa (2004 e 2008), campeão da Copa Intercontinental (2016) pelo Magnus Futsal e eleito pela Fifa, em janeiro deste ano, o melhor jogador de futsal de todos os tempos.
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