Em possível adeus, Semenya vence etapa da Liga Diamante com recorde

A sul-africana Caster Semenya roubou a cena em sua última competição antes de entrar em vigor a regra que veta atletas com níveis elevados de testosterona de eventos da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, em inglês). Nesta sexta-feira, ela venceu a prova dos 800m rasos na etapa de Doha, no Qatar, da Liga Diamante, com direito a recorde do evento e melhor tempo do ano: 1m54s99.

A marca foi muito próxima de seu recorde pessoal, que é de 1m54s25. A segunda colocada foi Francine Niyonsaba, de Benin, que também está proibida de competir a partir de sábado devido ao índice elevado de testosterona. Ao fim da prova, Semenya jogou para a torcida o buquê recebido pelo título.

- Atos falam mais alto do que palavras. Nenhum humano pode me fazer parar de correr - disse a sul-africana, que também manteve a posição de que não se submeterá a medicamentos para controle hormonal após a Corte Arbitral do Esporte (CAS) rejeitar sua apelação contra o regulamento da IAAF esta semana.

– Quando se é um grande campeão, sempre se corresponde. É a cargo de Deus. Deus decidiu minha vida, Deus vai tirar minha vida, Deus decidiu sobre minha carreira, Deus vai encerrar minha carreira. Nenhum homem, ou qualquer outro humano, pode me fazer parar de correr. Como vou parar se ainda tenho 28 anos? Eu ainda me sinto jovem, com energia. Eu ainda tenho dez anos ou mais para me dedicar ao atletismo – afirmou a meio-fundista.

O novo regulamento da IAAF foi anunciado em abril de 2018. O texto determinou que atletas com "diferenças de desenvolvimento sexual" reduzissem a taxa de testosterona para poder participar de competições com distâncias entre 400m e 1.500m. O argumento utilizado é de que os níveis elevados do hormônio influenciam por aumentarem a explosão muscular.

Apesar da nova decisão, Semenya manterá todos os títulos conquistados até hoje, pois no período eles estavam submetidos às regras antigas.

De acordo com as regras atuais, estão impedidas de competir as atletas que não mantiverem os níveis de testosterona abaixo de 5 nanomols por litro de sangue durante, pelo menos, seis meses antes de um evento da IAAF.