Representantes do esporte nacional valorizam criação de projetos para desenvolvimento de jovens atletas
Seguindo os passos de Flavio Canto e Ana Moser, com projetos já consolidados, Daniel Dias busca patrocínio para manter o incentivo na evolução de promessas da natação
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A Fundação Getúlio Vargas promoveu, neste sábado, o VIII Seminário de Gestão Esportiva FGV/FIFA/CIES, que teve como objetivo de debater a essência do esporte como ferramenta de crescimento, bem-estar e desenvolvimento social. O evento realizado no Rio de Janeiro contou com a presença de atletas e ex-atletas, além dos presidentes do COB, Paulo Wanderley, e o presidente do Comitê Paralímpico, Mizael Conrado. Diversas histórias de superação ganharam a atenção do auditório durante todo o dia, entre elas a do nadador Daniel Dias.
Medalhista olímpico e recordista mundial, o atleta fundou o Instituto Daniel Dias em 2014 com a finalidade de desenvolver potenciais nadadores para o Brasil. Na visão dele, o esporte é uma ferramenta que pode mudar a vida de muitos jovens, mas, apesar da admiração e força de vontade para se firmar como atleta paralímpico, Daniel vê as atividades olímpicas ainda pouco valorizadas e diz ter o sonho de que não seja preciso tanta batalha para a criação de projetos como o seu.
Atualmente, o Instituto localizado em São Paulo, reúne 30 atletas, mas ainda não foi aprovado pelo Ministério do Esporte. Inspirado em Clodoaldo, com quem já nadou lado a lado, Daniel citou a importância da união entre atletas que são ídolos e jovens que querem se formar na modalidade.
- Ter ídolos é importante. Eu pude ver o Clodoaldo em Atenas, conquistando algumas medalhas para o país e conheci o movimento paralímpico e passei a me espelhar nele, que é um grande atleta e ser humano – disse o nadador, que está em busca de patrocínio para manter o projeto e levá-lo para outros lugares carentes.
Assim como Daniel, a ex-atacante da Seleção Brasileira de Vôlei, Ana Moser está ligada a projetos sociais, entre eles o Instituto Esporte e Educação, do qual é líder. A atleta chamou a atenção para o problema de que boa parte da população ainda não tem acesso ao esporte e defendeu que o paradigma seja quebrado mencionando a importância do trabalho coletivo.
- Não existe esporte de pobre e de rico. O que muda é o acesso. Quanto menor as condições sócio-econômicas, menor o acesso. Nessa, entra o papel dos projetos sociais. A gente cria soluções estratégicas e tem a liberdade de aplicá-las e testá-las, como uma política pública. No Instituto, buscamos desenvolver estrategias para fazer o esporte chegar ao maior número possível de pessoas.
Flavio Canto, um dos fundadores do Instituto Reação, que revelou a judoca Rafaela Silva, medalha de ouro na Rio 2016, entendeu de perto a importância de motivar os jovens, principalmente de bairros pobres, no interesse pelo esporte, que pode mudar vidas em meio a um cenário desigual. Professor de judô na Rocinha desde 2000, Flavio viu os reflexos da violência de perto ao perder o aluno Vinícius, morto por uma facção rival a do bairro onde morava. Ele foi enterrado com a camisa do projeto.
A dificuldade para atrair patrocínio também foi um problema e, as atividades tiveram continuidade só porque Flavio, junto a um grupo de amigos, combinou de fornecer um valor mensal à entidade para a contratação de um professor. Hoje, 1800 alunos fazem parte do projeto, sendo 220 atletas federados. Firme sobre três pilares principais (construir, conquistar e compartilhar), o Instituto Reação conta com dez polos.
- Na fase construir, determinamos os valores de coragem, disciplina e humildade. Na fase conquistar, tem honra, que é um valor que está cada vez mais abandonado no Brasil, e a cultura de excelência, e na fase de compartilhar vem a solidariedade.
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