Scheidt lida com incerteza financeira para dar início a sétimo ciclo olímpico
Aos 43 anos, velejador recua da ideia de largar a vela olímpica e aceita desafio em nova classe rumo a Tóquio. Renovação com atuais parceiros é o maior entrave para o projeto
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Seis campanhas olímpicas não foram suficientes para apagar o espírito competitivo de Robert Scheidt. Quando o discurso do paulista já apontava para o fim da rotina de atleta de ponta, o convite de amigos para um novo desafio fez reacender no velejador o desejo de se testar entre os melhores.
Medalhista de ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004, na classe Laser, o astro de 43 anos tem feito testes na 49er, um barco leve para duas pessoas, no qual técnica e coordenação dos tripulantes são as maiores exigências. Se conseguir recursos, ele dará início à corrida para tentar ir aos Jogos de Tóquio-2020.
O problema é que nem o maior medalhista olímpico do Brasil, ao lado de Torben Grael, escapa da incerteza de patrocínio. Seus contratos com Banco do Brasil, Deloitte e Samsung, parceiros na caminhada atá a Rio-2016, estão prestes a terminar. A renovação com os dois primeiros tem sido complicada no cenário de crise que o país enfrenta.
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Mesmo após terminar os Jogos em quarto lugar na Laser, Scheidt manteve a preocupação com o físico. Ele não planejava abandonar o esporte, mas deixava claro que pretendia colocar ponto final na custosa e desgastante corrida olímpica.
A 49er é um desafio duplo, já que, além de ele ser iniciante na classe, os gastos com um barco para duas pessoas são mais elevados.
– Não é questão de ainda querer provar algo. É que gosto muito de velejar. Sinto prazer. É um desafio grande tentar uma nova classe. Enquanto meu corpo me permitir, e eu estiver feliz e motivado, seguirei em frente – disse o velejador, ao LANCE!.
A etapa de Miami (EUA) da Copa do Mundo, em janeiro, deverá servir de parâmetro para o iatista, que vem treinando com Gabriel Borges, de 24 anos. A esposa de Robert, a lituana e velejadora Gintare Scheidt, diz que é preciso paciência, mas já aprova o novo desafio.
– Muda tudo, pois é um barco rápido. Ele ficou cansado da Laser após tantos anos. É sempre bom tentar algo novo. Mas, quando se muda de classe, o resultado não vem rápido. Se não tiver patrocínio, não tem como – afirmou a atleta.
Em Nassau, Scheidt desviou da atual rotina para competir na Star Sailors League Finals, competição da qual vencedor em 2013, ao lado de Bruno Prada. Desta vez, com Henry Boening, o Maguila, o atleta faturou o bronze.
BATE-BOLA
Robert Scheidt Velejador, ao LANCE!
‘Se não for a mais uma Olimpíada, quero me dedicar aos meus filhos’
Já existe um projeto seu para Tóquio-2020 na classe 49er?
Fiz alguns testes e gostei bastante. Mas ainda não posso dizer que é uma campanha olímpica. Continuarei velejando de 49er, mas dependo de renovação de contratos de patrocínio para dar continuidade. Vamos ver. Nos próximos meses, tudo ficará claro.
E se o projeto não andar?
Tenho propostas para velejar em barcos grandes, de oceano. Se eu não fizer uma campanha olímpica, poderei me manter na vela profissional. E quero curtir o crescimento dos meus filhos. Quero me dedicar bastante a eles. O Erik, de sete anos, joga futebol e começou a velejar. O Lukas está com três anos. Eles são minha prioridade.
Sua família apoiou a ideia de encarar mais um ciclo olímpico?
Minha esposa veleja e sabe como é difícil. Dei muita sorte de encontrá-la (risos). É uma vida de muitas viagens, sacrifícios. Ficamos muito tempo ausentes. Graças a Deus passamos juntos esta semana em Nassau, o que foi ótimo. Ela me entende. Se eu estiver feliz, sei que ela estará.
* O repórter viaja a convite da Star Sailors League
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