Trabalho na base garante domínio da Argentina no Rio Open 2025
Trabalhos na base e investimento no tênis são os motivos do sucesso argentino nas quadras
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A Argentina, assim como o Brasil, tem uma forte cultura no tênis e revelou grandes nomes como Juan Martín del Potro, Guillermo Vilas e Gabriela Sabatini, que inspiram muitos atletas. Prova disso é a participação de muitos tenistas argentinos no ATP de Buenos Aires na última semana e, atualmente, no Rio Open 2025. Para aprofundar a história do tênis na Argentina e os destaques na modalidade, o Lance! entrevistou o jornalista e especialista em tênis Ayrton Aguirre.
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História do tênis argentino
A Argentina se estabeleceu como uma potência do tênis, especialmente em quadras de saibro, desde que o esporte foi introduzido no país por imigrantes britânicos, no século XIX. Guillermo Vilas, o ícone dos anos 1970, deu início à era de ouro do tênis argentino, seguido por Gabriela Sabatini, estrela das décadas de 1980 e 1990. Juan Martín del Potro elevou o esporte a outro patamar ao vencer o US Open em 2009 e liderar a Argentina na conquista da Copa Davis em 2016. Atualmente, Francisco Cerundolo, um dos nomes de destaque da nova geração do tênis argentino, carrega a tocha da tradição do esporte no cenário global.
Para Ayrton Aguirre, o tênis na Argentina se expandiu após a entrada de Guillermo Vilas. O jornalista afirmou que, em contraste com os dias de hoje, o esporte era anteriormente muito mais elitista. A modalidade está classificada como a terceira ou quarta mais popular na Argentina.
— O tênis na Argentina era um esporte muito elitista até por volta de 1970, quando Vilas o popularizou. Atualmente, essa modalidade ocupa a terceira posição em importância, seguindo o futebol e o automobilismo, já que o basquete caiu nos últimos anos. Ele sempre foi seguido, talvez pelos grupos de classes sociais médias a médias altas, pelo custo do que é para praticar o esporte — disse Ayrton.
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Trabalho de base na Argentina
A Argentina tem uma forte cultura de clubes de tênis, com muitos espalhados por Buenos Aires e no interior do país. Segundo Aguirre, a Associação Argentina de Tênis tem promovido torneios para jovens e jogadores em desenvolvimento, o que têm contribuído para o surgimento de novos talentos.
— Sempre saem bons jogadores da Argentina. O país tem uma cultura de clube muito forte. E há muitos clubes ao longo da província de Buenos Aires, da Capital Federal e também no interior do país. Acho que, além disso, com o incentivo que a associação tem agora para realizar torneios de base, Futuros, torneios juvenis e Challengers. Acho que isso motivou a que mais jogadores aparecessem em grandes circuitos — afirmou Aguirre.
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Por que os tenistas argentinos jogam melhor no saibro?
Os tenistas argentinos têm maior destaque e desempenho no saibro. Um dos exemplos é a maior participação da Argentina em torneios de terra batida, além da presença frequente de atletas nas fases decisivas dessas competições.
No Rio Open 2025, por exemplo, quatro tenistas argentinos avançaram para as quartas de final do torneio (Francisco Comesaña, Francisco Cerúndolo, Sebastián Báez e Camilo Ugo Carabelli), mostrando mais uma vez seu domínio nessa superfície.
— Isso se deve ao fato de que, na Argentina, todas as quadras do país são de terra batida, e a formação dos tenistas ocorre nessa superfície. Hoje em dia, os jogadores precisam se adaptar ao piso duro, que é o mais comum no circuito, mas a base de formação ainda é o saibro. Acredito que esse é um dos principais desafios: conseguir formar jogadores aptos para outras superfícies, especialmente o cimento, já que atualmente o tenista joga 75% a 80% do ano nesse piso, e os pontos decisivos são conquistados nessa superfície. Me parece que esse será o próximo passo a ser dado. E, uma vez que se consiga dar esse salto de qualidade no piso duro, a Argentina poderá voltar a aspirar a ter jogadores entre os 15 melhores do mundo. — afirmou Ayrton.
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Futuro do tênis argentino
Os últimos torneios sul-americanos mostraram que a Argentina possui uma base sólida e um futuro promissor nas próximas competições. Para Ayrton Aguirre, no entanto, o país ainda está longe de revelar um talento como João Fonseca ou Juan Martín del Potro. Apesar disso, ele considera bastante positivo o crescimento dos tenistas argentinos nesses torneios.
— Acho que a Argentina vai continuar produzindo jogadores e mantendo atletas entre os 100 ou 50 melhores do mundo. No entanto, exceto pelos que estão atualmente no topo, como Francisco Cerúndolo, que tem características de jogo diferenciadas, vejo difícil que outros consigam entrar no grupo dos 15 melhores do mundo. Ainda estamos longe de encontrar um Juan Martín del Potro ou um João Fonseca, como vocês têm agora, com potencial para entrar entre os cinco melhores do mundo. Ainda assim, considero muito positivo o crescimento da base argentina. — finalizou Ayrton Aguirre.
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