Zico, Nunes e o Galinho novamente. Entre 1980 e 82, o Flamengo teve seguidamente o artilheiro do Campeonato Brasileiro. Exatamente um período que ficou marcado na história do clube pelas conquistas de dois brasileiros - venceria também em 83 -, uma Libertadores e um Mundial de Clubes. Desde então, porém, o clube só fez um goleador na principal competição nacional. Exatamente em 2009, ano em que ficou com a taça pela última uma vez. Adriano, com 19 gols, foi quem comandou a disputa.
Agora, em 2019, Gabigol é quem surge como a nova aposta do Rubro-Negro para encerrar os dois jejuns: o de título e o de artilheiro nacional. Recai ainda sobre o jogador a responsabilidade de acabar com a má impressão que os últimos matadores do Brasileiro que passaram pelo clube deixaram.
Ao longo dos últimos anos, contratar goleadores da principal competição nacional se tornou quase que um ritual na Gávea. Nomes como Dill, Dimba, Souza e Josiel chegaram à Gávea com a artilharia do campeonato no currículo, mas não conseguiram obter com a camisa rubro-negra o mesmo sucesso. No atual elenco, Henrique Dourado, dono do título em 2017, é outro que ainda tenta encerrar com a 'maldição'. O histórico de goleadores contratados, no entanto, é bem mais antigo.
Primeiro grande matador do Brasileirão, sendo o artilheiro em 71 e 72, pelo Atlético Mineiro, Dadá Maravilha defendeu as cores da equipe carioca entre 73 e início de 74, marcando 36 gols em 76 jogos. Foi ainda o goleador do Estadual de 73 pelo Rubro-Negro, mas só voltou a ser do Brasileiro em 74, novamente vestindo a camisa do Galo.
Depois do sucesso de Zico e companhia nos anos 80, o Flamengo voltou a investir em artilheiros do Brasileiro apenas na década de 90. No período, o time contou com Nílson Pirulito, goleador pelo Internacional em 88, Charles Baiano, pelo Bahia em 90, e Amoroso, líder com o Guarani em 94. Nilson, em 93, e Charles, no ano seguinte, até que mantiveram as boas médias de gols, mas nunca caíram nas graças da torcida. O ex-Colorado balançou as redes 25 vezes em apenas 35 partidas, enquanto que Baiano marcou 18 em 30 atuações. Amoroso, por sua vez, com apenas 21 anos, estufou as redes somente seis vezes em 22 jogos, antes de se transferir para a Udinese e começar a brilhar na Europa.
Neste século, o Flamengo manteve a mesma postura, porém, com menos sucesso. Pelo clube passaram Dill, Dimba e Souza, curiosamente todos artilheiros com o Goiás, em 2000, 2003 e 2006, respectivamente. Do trio, Souza, que atual pelo time entre 2007 e 2008, foi quem mais vezes estufou as redes, com 24 gols. Dimba marcou em sete oportunidades, enquanto que Dill sequer anotou uma vez, perdendo ainda um pênalti, contra o Santos, que eliminou a equipe da Sul-Americana de 2004.
Outro que chegou à Gávea com status de artilheiro do Brasileiro foi Josiel. Goleador máximo da competição atuando pelo Paraná, em 2007, foi contratado pelo Flamengo na temporada seguinte mas nunca agradou. Apesar dos 13 gols marcados em 29 atuações e de participar das primeiras rodadas da vitoriosa campanha de 2009, se despediu do clube sem deixar saudades.
A última tentativa rubro-negra, antes de Gabigol, foi Henrique Dourado. Goleador com o Fluminense, em 2017, foi contratado por R$ 11,5 milhões, mas terminou 2018 no banco de reservas. Em 40 jogos no ano, balançou as redes apenas 12 vezes, menos da metade do número alcançado por Gabriel, que marcou 27 vezes em 52 partidas.
Ao contrário da maioria dos artilheiros de Brasileiro trazidos pelo Flamengo ao longo dos anos, o ex-santista chega ao clube credenciado não apenas por uma boa temporada, mas uma consistência atuando no Brasil. Desde que se tornou profissional, em 2013, marcou mais de 20 gols em todas as temporadas completas que fez no país. Gabriel só marcou menos em seu ano de estreia - duas vezes em 13 participações - e em 2016, quando foi negociado com a Inter de Milão após fazer 12 gols em 29 confrontos no 1º semestre. Em 2014 e 2015, foram 21 bolas na rede. Consistência que promete ser uma das armas de Gabigol para brilhar pelo Flamengo.