Do ‘acabou o dinheiro’ a acertos milionários: Fla muda em 10 anos
Frase dita por Marcio Braga, em entrevista em 2009, por anos foi motivo de piada sobre saúde financeira do Rubro-Negro. Agora, clube tem dado as cartas no mercado
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Era 24 de janeiro de 2009 quando Marcio Braga, então presidente do Flamengo, proferiu uma frase durante uma coletiva de imprensa que seria lembrada por anos:"Acabou o dinheiro". Apesar de o contexto, à época, não ser relacionado ao futebol, a sentença mostrava a realidade financeira pela qual passava o Rubro-Negro. Quase uma década depois, o Flamengo se torna protagonista na janela de transferência, com contratos milionários, e, com o acerto com o meia Arrascaeta, ex-Cruzeiro, protagoniza a maior transação entre clubes brasileiros.
Até o momento, a diretoria do clube da Gávea anunciou a chegada de Rodrigo Caio, em negociação de R$ 22,2 milhões, Arrascaeta, em tratativa de R$ 55,3 milhões, e Gabigol, por empréstimo da Inter de Milão, da Itália, mas com salário em torno de R$ 1,2 milhão.
A cúpula do departamento de futebol ainda está no mercado atrás de um zagueiro, um lateral-direito e um atacante que atue pelos lados - houve conversas avançadas por Bruno Henrique, em negociação de cerca de R$ 25 milhões, mas, após resistência do Santos, o Fla desistiu.
Atualmente, o orçamento do Flamengo para contratações é aproximadamente R$ 100 milhões anuais, mas, vale lembrar, os pagamentos realizados nestas transferências não são à vista, o que permite um planejamento para diluir os montantes e não estourar o previsto.
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Marcio Braga, em 2009, referia-se a contratos com as estrelas da ginástica Diego Hypólito, Daniele Hypólito e Jade Barbosa, que tinham se encerrado em dezembro anterior e não seriam renovados por conta de questão financeiras.
- O que acontece é o seguinte: acabou o dinheiro. Em razão da crise que abala o mundo, não há condições de gerir unidades fora do futebol - disse o então mandatário.
A frase, porém, ficou famosa e passou a ser usada de forma jocosa pelos rivais quando o assunto era a saúde financeira do Flamengo. Agora, porém, com a 'casa arrumada', o 'meme' (imagens e vídeos que viralizam na internet) é outro. Após encaminhar os acertos com Gabigol e Arrascaeta, um vídeo em que aparecem montagens com os rostos do presidente Rodolfo Landim e do vice-presidente Marcos Braz e o funk 'Firma milipnária' ganhou as redes. Parte da letra diz: 'Pra que guardar dinheiro, se eu morrer não levo nada / Por isso que gasto mesmo que a minha firma é milionária'.
O ex-presidente ressalta, porém, que ali se iniciou um processo de remodelação da gestão, que tem reflexos no patamar financeiro que o clube atingiu hoje.
- Agora, está sobrando (risos). Foi naquela época que iniciamos um processo de remodelação da entrada de recursos. Fui a Brasília para pegarmos financiamentos para os esportes olímpicos com o Comitê Olímpico (COB) e Loteria. Naquele momento, quem financiava os esportes olímpicos do Flamengo eram os recursos do futebol. Não tinha outra fonte. A partir desta mudança, começou a entrar dinheiro e o Flamengo pode ir atrás da independência financeira. Os recursos aumentaram consideravelmente - ressalta ele, apontando que, após esse processo, o futebol pôde contar com valores maiores para o departamento de futebol.
Daquela entrevista de Marcio Braga até hoje, o Flamengo teve três presidentes: Patricia Amorim (2010 - 2012), Eduardo Bandeira de Mello (2013 - 2018) e, agora, em início de gestão, Rodolfo Landim.
Apesar de as negociações que estão animando a torcida estarem acontecendo nesta janela do começo de 2019, a situação pode ser considerada uma herança da gestão de Bandeira de Mello - no primeiro mandato, entre 2013 e 2015, alguns nomes da atual cúpula faziam parte da diretoria, como o próprio Landim.
À época, quando a Chapa Azul bateu a então presidente Patricia Amorim nas urnas, a austeridade financeira foi uma das bandeiras da campanha.
Vale lembrar que, em 2009, quem terminou o ano como presidente foi Delair Dumbrosck, após Marcio Braga pedir afastamento por problemas de saúde. À época, ele também ficou afastado por um período por ter sido punido pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) ao julgar como "brutalidade" a perda de pontos do Vasco no decorrer da Taça Guanabara.
Confiança em Landim
Marcio Braga, que durante o processo eleitoral apoiou a Chapa Roxa, encabeçada por Rodolfo Landim, demonstra confiança no trabalho que será realizado pela nova diretoria.
- Está indo bem, está contratando. A gestão acabou de começar, ainda é cedo, mas acho que vai dar certo. O grupo que está lá é muito bom, tem pessoas muito competentes - afirmou.
Mudança de patamar
Em entrevista ao LANCE! concedida em outubro do ano passado, Eduardo Bandeira de Mello apontou a contratação do atacante Guerrero (hoje no Internacional), em maio de 2015, como a sinalização de que o Flamengo estava mudando de patamar. Para o ex-presidente, naquele momento, o Rubro-Negro mostrava ao mercado que poderia fazer grandes contratações e manter os cofres em dia.
A transação do atacante peruano, que estava no Corinthians antes de ir para a Gávea, teve luvas de R$ 16 milhões e vencimentos mensais de R$ 650. Ao fim do contrato, a transação custou pouco mais de R$ 41 milhões.
De Guerrero até aqui....
Se para Bandeira de Mello, a contratação de Guerrero mudou o patamar do Flamengo, para a torcida foi o primeiro de alguns 'presentes' que vieram nos anos seguintes. Pouco mais de um ano depois do acerto com o atacante, foi a vez de o Rubro-Negro anunciar a chegada de Diego, que tinha passado 12 anos na Europa, onde vestiu camisas de grandes clubes como Juventus (ITA), Atlético de Madrid (ESP) e Fenerbahçe (TUR).
Já em 2017, o Flamengo acertou com o meia Everton Ribeiro, que havia sido bicampeão brasileiro pelo Cruzeiro (2013 e 2014) e estava no Al-Ahli, dos Emirados Árabes, e com o goleiro Diego Alves, que defendia o Valencia (ESP).
No ano passado, a então maior contratação da história do Flamengo: Vitinho, que estava no CSKA (RUS) e custou R$ 53,9 milhões. O recorde, porém, durou apenas seis meses: o investimento em Arrascaeta, ex-Cruzeiro, foi superior aos R$ 55 milhões e, com cláusulas de produtividade, poderá ultrapassar os R$ 70 milhões. Além dele, para a temporada 2019, chegaram Rodrigo Caio e Gabigol.
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