Paris 2024 está se consolidando como a edição mais sustentável da história dos Jogos Olímpicos
O Comitê Organizador realiza diversas medidas para reduzir o impacto ambiental do evento
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Os Jogos Olímpicos de Paris 2024, desde seu anúncio, têm como objetivo serem os mais sustentáveis da história. Esse processo vai desde a diminuição de gases poluentes à utilização de energias renováveis. Além de também estabelecer medidas que afetam diretamente os atletas, como a mudança do cardápio com 60% das refeições à base de plantas e coolers geotérmicos na Vila Olímpica, para amenizar as altas temperaturas do verão francês.
O Comitê Organizador estabeleceu metas ambiciosas para o evento, como emitir menos da metade dos gases de efeito estufa dos Jogos de 2012 em Londres. Para alcançar isso, estão sendo adotadas diversas medidas, como despoluir o rio Sena, plantar árvores para mitigar o calor do verão europeu, instalar paineis solares para eliminar geradores a diesel, reutilizar estruturas de outros eventos, aproveitar materiais oriundos de reciclagem, entre outras iniciativas.
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— É crucial que o maior evento esportivo do mundo promova iniciativas sustentáveis. Essas ações não apenas reduzem o impacto ambiental, mas também engajam os fãs, que consomem o evento com a consciência de uma preocupação ecológica por trás do espetáculo — comenta Bruno Brum, CMO da End to End, hub de soluções e engajamento para o mercado esportivo .
A parte estrutural dos Jogos é um dos principais destaques, já que 95% das locações são reutilizadas ou construídas temporariamente para o evento, incluindo o icônico Stade de France e o Vélodrome de Saint-Quentin. Além de estruturas e edifícios temporários que podem ser facilmente desmontados, com materiais reutilizados em outros lugares após o evento.
Tatiana Fasolari, vice-presidente da Fast Engenharia, a maior empresa de overlays da América Latina, enfatiza que as estruturas temporárias estão ganhando cada vez mais importância no cenário esportivo mundial.
— O uso de infraestruturas temporárias nos Jogos Olímpicos de Paris 2024 representa uma solução inteligente e altamente sustentável, garantindo a reutilização quase total dos materiais. Essas estruturas, já presentes em ícones turísticos como a Torre Eiffel, possibilitam uma significativa economia tanto na construção quanto na manutenção pós-evento. O grande desafio desse modelo de negócio é encontrar empresas capazes de executar esses projetos dentro dos prazos estabelecidos pelos comitês locais, que geralmente são bastante restritos — afirma.
— Em geral, as estruturas móveis são utilizadas para centros de imprensa, alojamentos e arenas de esportes que sejam menos praticados no país-sede da competição, por exemplo. As evoluções tecnológicas mescladas com sustentabilidade são o futuro do ramo, sendo necessárias para equilibrar os ambientes modernos em que vivemos, em conjunto com as necessidades sustentáveis atuais — conclui a especialista.
A ideia de reaproveitar o máximo de material possível se aplica também ao lixo produzido. A organização do evento anunciou que 11 mil lugares de duas arenas que vão sediar competições serão produzidos por meio de plástico reciclado. Oito mil serão construídos na Arena Multiuso Porte de La Chapelle, próxima à Torre Eiffel, enquanto outros três mil serão colocados no Centro Aquático Olímpico.
As cadeiras vão variar de cor, dependendo do tipo de plástico utilizado na sua produção. No total, 30 toneladas de material foram coletadas. A iniciativa é um esforço da organização para reduzir a emissão de carbono relacionada ao evento. Outras ações que envolvam conservação e renovação de energia também serão feitas para a competição.
Augusto Freitas, CEO do Recicla junto, projeto de sustentabilidade da Cristalcopo, empresa catarinense de soluções para alimentação, afirma que é de extrema necessidade que um evento global tão grande quanto esse mostre a importância da sustentabilidade.
— Não só pelo benefício ao meio ambiente, mas também como uma inspiração para que outros eventos foquem mais nas práticas ESG, além de um bom exemplo para quem assiste. Os Jogos Olímpicos irão deixar um legado mais sustentável para a cidade-sede, isso pode incluir mais áreas verdes, programas de reciclagem e conscientização ambiental — destaca o executivo.
Léo Rizzo, CEO da Soccer Hospitality, empresa que opera camarotes nos principais estádios do Brasil e no Sambódromo do Anhembi, defende que eventos não podem mais ignorar a necessidade de práticas sustentáveis. Desde 2022, ele implementou a substituição dos copos de plástico por canecas recicláveis em todas as operações da empresa. No Carnaval deste ano, essa iniciativa permitiu que a empresa evitasse o uso de mais de 56 mil copos plásticos.
— É crucial que cada um faça a sua parte e promova discussões sobre a importância da reciclagem e sustentabilidade. Grandes eventos, com visibilidade global como as Olimpíadas, oferecem uma excelente oportunidade para empresas investirem em iniciativas que conscientizem o público. Se todos agirem de forma responsável em relação ao meio ambiente, o ganho é geral — comenta Léo.
Para Vanessa Pires, CEO da startup Brada, que auxilia empresas a investirem em projetos de impacto positivo, as medidas implementadas pelo COI nesta edição de jogos reafirmam uma tendência de integração dos valores ESG as estratégias de negócios, que crescem em diferentes segmentos.
— Iniciativas neste sentido não somente ampliam a conscientização da sociedade sobre questões ambientais importantes, como também mostram compromisso da organização com a inovação e a responsabilidade corporativa, o que fortalece a reputação e a conexão com o público — explica.
O Comitê Olímpico do Brasil (COB) também está demonstrando seu compromisso com a sustentabilidade e lançou, recentemente, o projeto Floresta Olímpica do Brasil. Localizado nas cidades de Tefé e Alvarães, no estado do Amazonas, a iniciativa visa o reflorestamento de cerca de 6,3 hectares de floresta em comunidades ribeirinhas, indígenas e quilombolas. A ação recebeu apoio da medalhista olímpica do skate Rayssa Leal, embaixadora de sustentabilidade do COB, e foi elogiada pelo presidente do COI, Thomas Bach, em carta.
Paulo Wanderley, presidente do COB, destaca a importância do tema da preservação e recuperação ambiental tanto para a sociedade em geral quanto para o esporte. O gestor enfatiza que todas as organizações, incluindo o Movimento Olímpico, devem assumir a responsabilidade pelo impacto social e ambiental que geram.
— A Floresta Olímpica do Brasil representa um marco inédito no país e reforça o compromisso do COB com a sustentabilidade, um tema de extrema urgência global. Estou muito orgulhoso do legado que estamos construindo com ações e parcerias como esta — afirmou.
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