Análise: como Abel Ferreira potencializa Gabriel Menino e Rony
Treinador interpreta características dos jogadores e consegue melhores desempenhos
O treinador Abel Ferreira impressionou a todos com um grande conhecimento do elenco logo em sua chegada. Dois meses depois, ele está a um passo da final da Libertadores. Na vitória contra o River Plate, Gabriel Menino e Rony mostraram o porquê de serem peças chaves para o Palmeiras.
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Possivelmente o melhor jogador da equipe desde a chegada do técnico português, Menino é um coringa para Abel. Graças a sua versatilidade, por exercer múltiplas funções dentro de campo e por ter muita qualidade com e sem a bola. Seja pelo meio ou pela lateral, é um grande articulador.
A jovem Cria da Academia, quando aproveitada pelo centro, já recuou junto aos zagueiros para fazer a saída de três, chegou na área para finalizar e utilizou sua capacidade de condução e passe para fazer o time avançar com a posse. Na lateral, executou basicamente as mesmas coisas.
Em Buenos Aires, foi escalado como um meia direita no 4–4–2 inicial escolhido por Abel. Seria importante recompondo e auxiliando Marcos Rocha, puxando as transições e articulando jogadas para os atacantes.
Contudo, aos 7 minutos, percebendo a linha defensiva sobrecarregada pela quantidade de atletas do River que chegavam na área, especialmente no setor de Marcos Rocha, o técnico alviverde fez uma mudança: trouxe Gabriel Menino para a ala direita, transformou o camisa 2 em zagueiro e montou uma linha de cinco defensores. Assim sendo, o Verdão teve superioridade numérica na defesa e criou uma verdadeira barreira na entrada da área para impedir a criação adversária.
A utilização do jogador de 20 anos em tantas posições diferentes demonstra o total domínio de Abel Ferreira sobre as características de seus atletas. Rony é mais um exemplo disso. Normalmente escalado pelas pontas, se destaca pela velocidade, explosão e ataque à profundidade. Ótimas virtudes para jogar por dentro.
E o lusitano sabe disso. Com Luiz Adriano machucado, ele não teve dúvidas em apostar em Rony por ali, como um atacante de mobilidade, que sempre busca uma brecha entre os zagueiros e laterais para correr nas costas das defesas rivais. Conclusão: sete gols e quatro assistências nos últimos 12 jogos.
Contra o River, ele iniciou como dupla de ataque de Luiz Adriano no 4–4–2 citado acima. Com a mudança para a linha de cinco na defesa, virou um ponta direita, mas não jogou totalmente aberto, grudado na linha lateral. Seguiu buscando entrar na área e no espaço entre Pinola e Casco, zagueiro e lateral-esquerdo adversários.
Daqui até fevereiro, o Palmeiras será assim. Como diz Abel, com 'cabeça fria e coração quente', Gabriel Menino em múltiplas funções e Rony por dentro, jogando no limite da linha de impedimento, sempre preocupando a defesa adversária com uma possível infiltração.