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Caso reverta desvantagem, Abel quebrará jejum de 65 anos de europeus no Paulistão

Último treinador do Velho Continente a vencer o estadual foi Bela Guttmann, pelo São Paulo, em 1957, que teve grande influência no futebol português: veja quem foi o húngaro

Abel Ferreira treino Palmeiras
imagem cameraAbel Ferreira entrega seu livro a jogadores do Palmeiras, na Academia (Foto: Cesar Greco/Palmeiras)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 01/04/2022
16:53
Atualizado em 02/04/2022
12:21

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Caso consiga reverter a vantagem de dois gols do São Paulo na final do Campeonato Paulista no próximo domingo (3), às 16h (de Brasília), no Allianz Parque, Abel Ferreira, além de marcar seu nome no Palmeiras, entrará para a história também da competição: será o primeiro europeu a faturar o título estadual depois de 65 anos.

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O último comandante do Velho Continente a atingir o mérito foi justamente no rival tricolor: o húngaro Bela Guttmann, campeão em 1957 pelo São Paulo e que, além de revolucionar o futebol brasileiro, marcou história em Portugal e é considerado o fundador da escola portuguesa de futebol.

Levando em conta apenas o Palmeiras, o feito se torna ainda mais raro: o último treinador estrangeiro campeão paulista foi o uruguaio Ventura Cambon, em 1950, e o último europeu foi o italiano Caetano De Domenico, em 1940.

Quem foi Bela Guttmann?

Nascido em Budapeste no fim da década de 1890, Guttmann jogou na seleção húngara e seguiu os ensinamentos do treinador inglês Jimmy Hogan, um dos mais influentes nos primórdios do futebol.

Chegou a jogar a Olimpíada de 1924 e a atuar no futebol dos Estados Unidos mas, com a grande crise de Wall Street em 1929, voltou para Viena pobre. Na capital austríaca se formou nos famosos cafés, onde futebol era discutido como parte da agenda cultural do país.

Guttmann era um aventureiro do futebol e rodou o mundo levando sua visão de jogo, moldada nos fundamentos de Hogan e dos cafés, com gosto pela arte do jogo, pela técnica e com um viés revolucionário.

Depois de ter trabalhado também na Itália, dirigindo, inclusive, o Milan, o húngaro desembarcou no Brasil na metade da década de 1950. Estava em turnê no país com o Honvéd, mas resolveu permanecer e assinou contrato com o São Paulo.

O húngaro enfrentou certa desconfiança ao trazer métodos de treinamento europeus ao Brasil. Começou sua passagem no clube em 1957 e queria troca de passes rápidos, jogo coletivo e velocidade para definir as jogadas. Após o título paulista, Guttmann voltou ao seu país natal no ano seguinte.

Quando voltou para a Europa, escreveu uma carreira de sucesso no futebol português. Foi campeão primeiro do Porto, para depois se tornar lenda no Benfica. Lançou Eusébio, um dos grandes nomes do futebol português, e conquistou o bicampeonato da Copa dos Campeões da Europa com os Encarnados, superando o lendário time do Real Madrid.

Depois da vitória, Guttmann tentou negociar um aumento salarial em Lisboa, mas não foi atendido. Foi para o Peñarol, do Uruguai, e lançou uma maldição ao clube português.

- Nem daqui a cem anos uma equipe portuguesa será bicampeã europeia e o Benfica jamais ganhará uma Copa dos Campeões sem mim.

A maldição, porém, castigou também o próprio Guttmann, que não teve mais tanto sucesso na carreira até se aposentar em 1974, em uma última passagem pelo Porto.

Bela Guttmann
Guttmann durante treino do Benfica nos anos 1960 (Reprodução)

TABELA
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