Através das redes sociais, a Mancha Alviverde, principal torcida uniformizada do Palmeiras, criticou a presidente Leila Pereira por ceder o Allianz Parque para o São Paulo disputar as quartas de final do Paulistão, contra o São Paulo, na próxima segunda-feira (13). O estádio do Morumbi, do Tricolor, estará recebendo um show da banda britânica Coldplay entre os dias 10 e 18 de março.
A principal crítica da organizada é pela forma da mandatária palmeirense tomar as decisões de maneira centralizada.
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- Leila tomou tal medida sem consultar ninguém e, mesmo diante da repercussão negativa entre os palmeirenses, seguiu adiante com um acordo que só é bom para o nosso inimigo. Ao longo do último mês, Leila foi alertada dos riscos de tal arranjo, primeiro em uma carta aberta assinada por 34 conselheiros e depois em conversas com inúmeras pessoas influentes e que conhecem a fundo a história do clube. E o que fez a mandatária? Simples: ignorou a sensatez dos que cumpriram o dever de aconselhá-la. Alheia às vozes divergentes, ela segue tomando decisões monocráticas e que parecem atender mais a suas aspirações pessoais do que aos interesses da coletividade palmeirense - trouxe a Mancha Verde em um trecho da nota, que poderá ser lida integralmente no fim da matéria.
Em entrevista à ESPN, nesta quarta-feira (8), a presidente palestrina negou que tenha tomado sozinha a decisão de abrir a casa do Verdão ao São Paulo. De acordo com Leila, isso fez parte de um acordo com o rival, que permitiu que o Palmeiras atuasse no Morumbi no clássico contra o Santos, no último dia 4 de fevereiro, quando o Allianz Parque estava cedido para um evento privado.
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- Acho que esqueceram da história do Palmeiras, quantas vezes jogamos no Morumbi. E ele perguntou se tivéssemos shows no Morumbi, poderiam usar o Allianz. Foi uma reciprocidade. A nossa rivalidade, eu vou lutar por isso sempre, cabe a um clube da grandeza do Palmeiras não fomentar violência. Eu quero ver mulheres, crianças, famílias quando o Palmeiras jogar no Allianz, Morumbi. Somos rivais dentro de campo, nós, dirigentes, vamos sempre fomentar pelo espetáculo, lutar pelo futebol. Isso que eu quero e essa é a posição do presidente Julio Cazares, que o mesmo problema que eu tive ele teve. Nunca foi da minha cabeça o Palmeiras jogar no Morumbi. A presidente Leila Pereira nunca toma uma decisão sozinha. Temos os diretores, conselho técnico, tomamos decisões em conjunta.
A cartola também alegou que a decisão de levar o duelo contra o Peixe para o estádio são-paulino foi um pedido da comissão técnica e direção do futebol.
- Quando nós jogamos com o Santos no Morumbi, o nosso departamento de futebol me consultou que não poderíamos jogar no Allianz Parque. Tínhamos algumas opções, até fora de São Paulo. Eles me consultaram e disseram que o departamento de futebol preferia o Morumbi, mas teria muita polêmica. Eu perguntei o que era melhor para o futebol. A comissão técnica e o diretor de futebol disseram que era o Morumbi. E eu disse que faria o possível e o impossível para jogar no Morumbi.
Outras alegações feitas pela Mancha Alviverde para ser contrária à decisão do Palmeiras em ceder o Allianz Parque ao São Paulo estão relacionadas à segurança pública dos moradores e comerciantes que possuem estabelecimentos no entorno do estádio palmeirense. Para Leila, essas questões são responsabilidades dos órgãos de segurança pública.
- O São Paulo sendo rival, eu tenho um acordo e vou cumprir o meu acordo. Não cabe a mim, dirigente, cuidar da segurança pública. Qualquer violência e vandalismos. Hoje é possível identificar essas pessoas e proibir essa gente de entrar ao estádio.
A mandatária palmeirense aproveitou para se posicionar de forma contrária ao modelo de torcida única, algo que acontece nos clássicos paulistas desde 2016, por determinação do Ministério Público.
- Sou adepta a acabar com a torcida única. Teria que ter, mas isso depende das autoridades. Houve vandalismo, violência, pune essas pessoas. Eu não vejo punição nenhuma. A impunidade é a semente do próximo crime.
'NÃO ADMINISTRO PARA TORCIDA ORGANIZADA'
Essa não é a primeira vez que a Mancha Alviverde se posiciona contrariamente a posturas e decisões da presidente palmeirense. As partes tinham um bom relacionamento até Leila Pereira alçar ao cargo máximo do clube alviverde. Porém, em março do ano passado, a cartola e a organizada romperam. À época, isso gerou uma devolução de R$ 200 mil para que integrantes da facção fossem para Abu Dhabi acompanhar a disputa do Mundial de Clubes, no qual o Palmeiras estava envolvido.
Leila, por sua vez, não se mostrou intimidada com esse tipo de pressão e ainda fez relação com a derrota da Mancha nos desfiles de escolas de samba no carnaval de 2022. O grupo, que foi campeão em 2020 e 2022, ficou na segunda colocação na disputa desta temporada.
- Eu não administro o Palmeiras segundo nota de torcida organizada. Torcida tem que torcer. Eu sou a presidente do Palmeiras, eu dirijo o Palmeiras. Se alguém da organizada quiser dirigir o Palmeiras, é fácil: seja sócio, se torne conselheiro e dispute as eleições. Eu sei o que é melhor para o Palmeiras, porque eu estou no dia a dia, eu trabalho diariamente.
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- Eu desconfio dessas paixões, no fundo sempre tem um interesse financeiro. Tem que vender camisas, angariar mais adeptos, mas eu não vou administrar o Palmeiras de acordo com comunicado de quem quer seja. Teve o desfile da escola de samba, não foi vencedora e foi alguém pixar o muro deles - destacou a presidente em um segundo momento.
Confira abaixo a nota da Mancha Alviverde na íntegra:
'As críticas que fizemos até aqui à presidente Leila Pereira refletem visões distintas sobre prioridades de investimento do clube. Mas nenhum equívoco cometido neste primeiro ano de gestão se equipara à inaceitável decisão de ceder o Allianz Parque ao clube que, décadas atrás, tentou tomar a nossa casa.
Leila tomou tal medida sem consultar ninguém e, mesmo diante da repercussão negativa entre os palmeirenses, seguiu adiante com um acordo que só é bom para o nosso inimigo.
Ao longo do último mês, Leila foi alertada dos riscos de tal arranjo, primeiro em uma carta aberta assinada por 34 conselheiros e depois em conversas com inúmeras pessoas influentes e que conhecem a fundo a história do clube. E o que fez a mandatária? Simples: ignorou a sensatez dos que cumpriram o dever de aconselhá-la.
Alheia às vozes divergentes, ela segue tomando decisões monocráticas e que parecem atender mais a suas aspirações pessoais do que aos interesses da coletividade palmeirense.
O empréstimo do Allianz Parque a um clube inimigo desconsidera uma série de fatores: o entorno do estádio, com a presença de incontáveis sedes de torcida, lojas, bares e estabelecimentos que respiram Palmeiras; o direito de ir e vir dos associados do clube social; e mesmo a segurança dos moradores de um bairro alviverde como nenhum outro.
A revolta entre os palmeirenses é consensual, mas, ao que parece, a mandatária prefere dar ouvidos ao dirigente rival que, há menos de um ano, atuou nos bastidores para tentar impedir que o Palmeiras jogasse em casa a final do Paulistão - lembram-se disso?
A realização desta partida lamentável no Allianz Parque constitui uma afronta à nossa história, aos nossos símbolos e à nossa coletividade. E é uma página tenebrosa a desonrar a memória dos bravos palestrinos da Arrancada Heroica, que protegeram o nosso estádio do ataque inimigo'.