OPINIÃO: Abel dá munição para críticas, mas a artilharia parece estar pesada demais
Treinador precisa melhorar seu comportamento na beira do campo, no entanto o nível das críticas tem sido um fator que precisamos ter atenção
Com um time reserva, o Palmeiras venceu o Mirassol por 2 a 0, fora de casa, pelo Paulistão. Mas o assunto do dia foi mesmo a repercussão do comportamento de Abel Ferreira na Supercopa do Brasil. O treinador foi questionado sobre as críticas que recebeu nos últimos dias e fez sua defesa durante coletiva. Tudo isso nos faz refletir tanto na necessidade de o técnico melhorar, quanto na atenção que precisamos ter sobre os exageros que estão sendo cometidos nos comentários.
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Por mais que Abel seja o melhor técnico em atividade no país, que tenha um trabalho raramente visto por aqui e que sua trajetória de títulos pareça não ter fim, ele não pode ficar imune às críticas. Seu comportamento é, de fato, um tema que necessita de ajustes e ele mesmo concorda com isso, como fez em sua entrevista pós-vitória sobre o Mirassol. No patamar que o comandante alviverde chegou, é possível aperfeiçoar essa questão para que ele tenha ainda mais bons exemplos a dar. No entanto, ele acaba municiando os críticos com atitudes como as que teve no último sábado.
Ele tem razão, não foi o primeiro, nem o último técnico que chutou um microfone ou que "explodiu" contra a arbitragem na beira do campo. Vários deles fizeram isso, inclusive recentemente. Acontece que a repercussão não foi a mesma. Eles não são Abel, nem estão no topo da cadeia da profissão, nem são cotados para a Seleção e nem treinam o clube que divide o domínio do futebol nacional.
Se Abel tem um defeito, talvez seja esse. No entanto, esses deslizes corriqueiros que o português comete não dão a liberdade para que as críticas cheguem num patamar de ligá-lo a crimes e compará-lo a criminosos. Muito menos dão sentido a uma entidade de classe que pede ao STJD uma punição ao técnico. Fica realmente complicado de entender o motivo desse exagero.
Aliás, como não há uma explicação lógica para tamanho absurdo nos comentários, o torcedor fica com vários argumentos na mão para criar teorias conspiratórias e até para entender quando Abel fala que fizeram uma "novela" para ofuscar o brilhantismo do Palmeiras no título da Supercopa do Brasil. Será que essa teoria é tão fora de propósito assim? Eu não acho, até porque em outros episódios piores envolvendo técnicos as opiniões foram bem diferentes e sem ligação a crimes.
É preciso entender que Abel é um técnico estrangeiro, que tem feito um sucesso tremendo, que tem ganhado títulos atrás de títulos e que tem a preferência de uma parte considerável da mídia e do público para assumir a Seleção Brasileira. Talvez esse protagonismo do português não interesse para uma parcela dos profissionais envolvidos com o futebol no Brasil. O treinador, impulsivo e ávido por vitórias, acaba dando margem para que esses "haters" ganhem seus holofotes.
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Em momento algum suas vitórias podem relevar o comportamento na beira do campo. É urgente uma mudança para o bem dele, do clube, dos jogadores, do esporte e do espetáculo. No entanto, não podemos deixar de observar o nível das críticas e o patamar absurdo que elas têm atingido desde que Abel chegou ao Brasil. Fechar os olhos para os defeitos do português é grave, mas se omitir e ser cúmplice do que parece caminhar para um "linchamento" também é muito problemático.