Da roça ao coração de Felipão: Carlos Eduardo se emociona no Palmeiras
Atacante, que custou mais de R$ 23 milhões, lembra trajetória de vida em sua primeira entrevista coletiva no Verdão e conta que já foi ao estádio para ver Ricardo Goulart
Em sua primeira entrevista coletiva no Palmeiras, Carlos Eduardo embargou a voz. O atacante de 22 anos lembrou sua infância na roça em sua trajetória até trocar o Pyramids, do Egito, pelo Verdão por US$ 6 milhões de dólares (cerca de R$ 23 milhões). E se impondo a missão de cativar Luiz Felipe Scolari para ganhar uma vaga no time.
– Estou muito ansioso para conhecê-lo mais ainda. Vemos que ele é um pouco fechado, sério, e que gosta que trabalhe mesmo. Tem um currículo excepcional. Vou cativá-lo, conquistar o coração dele, para ele ver que sou uma pessoa do bem, e quero muito fazer parte dessa família dele. Quero fazer parte dessa Família Palmeiras - comentou Carlos Eduardo.
Foi falando em família, mas na sua, que o novo atacante do Palmeiras se emocionou. Carlos Eduardo lembrou que trabalhava na roça, passou fome e chegou a não dormir na própria casa por falta de energia elétrica. Por isso, chegar ao Verdão já é uma vitória para o jogador de 22 anos de idade, que admitiu nervosismo diante da imprensa que cobre seu novo clube.
- Estou nervoso para caramba. Mas sou tranquilo, de boa. Já passei por muita coisa. Eu dava entrevista para três, quatro repórteres, e olha a quantidade aqui. Tenho meu passado, não cheguei aqui por acaso nem por causa de empresário, como acham. Já passei fome, sofri, já deixei de dormir em casa porque não tinha energia na casa dos avós. Nem minha mãe imaginava que eu chegaria aqui. Para quem trabalhava na roça e ajudava a minha mãe, que era costureira, com 15 anos, é algo novo. Em três anos, conseguimos muita coisa, e é só o começo - definiu Carlos Eduardo que, quando era da base do Goiás, ia ao Serra Dourada ver Ricardo Goulart, seu novo companheiro no Palmeiras.
– Acompanhei de perto na base do Goiás. Ele estava no profissional, se destacando muito, e eu o acompanha da arquibancada. Ele se movimenta muito, está muito acima de mim. É um cara excepcional, eleito várias vezes o melhor jogador na China. Estou muito feliz por ele estar aqui. Temos uma equipe perfeita para um grande ano.
Confira outros temas abordados por Carlos Eduardo nesta terça-feira:
Expectativa no Palmeiras
Chego muito motivado. É um dos melhores times do Brasil. Estou muito feliz. Quando saiu a proposta, falei que queria vir, que não estava feliz lá (no Egito). Não pensei duas vezes. Estou louco para trabalhar.
Concorrência
É bom ter uma briga muito boa. No ano passado, o grupo foi muito revezado, e, quem entrou, conseguiu se sobressair. Será um grupo muito grande, com jogadores muito qualificados. Há várias opções. Estou muito motivado para buscar meu espaço.
Keno
Eu vivia na casa dele no Egito. Viramos irmãos de verdade. É um dos melhores que vi jogar. Estou feliz por ele ter me orientado. E não podemos deixar passar o que ele fez aqui: quebra a linha, tem dribles, velocidade. Espero cumprir tudo que ele fez aqui.
Concorre com Goulart?
Isso a gente deixa para o treinador, que tem várias opções. Ele joga muito bem por dentro, eu jogo mais por fora. Às vezes, pode jogar com três atacantes. Mas vamos deixar para o treinador.
Palmeiras é o principal time do Brasil?
Nossas contratações estão sendo muito boas, temos um elenco excelente. Mas, dentro das quatro linhas, é 11 contra 11. Temos um grupo muito bom, para chegar a todas as competições para ganhar. Não quer dizer que seremos campeões de tudo, mas vamos brigar por tudo que disputarmos.
Paulistinha ou Paulistão?
Desde o primeiro dia, o treinador falou: é Paulistinha para quem não ganha, para quem ganha é muito especial. Precisa colocar na cabeça que, sendo Paulistinha ou Paulistão, precisa brigar para ganhar. Queremos ganhar todas as competições. Pode ser jogo de dominó, vamos brigar para ganhar.
Experiência no Egito
Foi uma experiência muito boa. Saí do Goiás e tinha uma proposta do Palmeiras, mas não deu certo e fui para o Pyramids. Joguei alguns jogos, mas, infelizmente, a comissão técnica brasileira que foi lá não deu certo, saiu, e as coisas começaram a bagunçar um pouco. Nem o Rodriguinho joga, só o Keno. Mas quero esquecer o Egito e viver só agora mesmo.