Fenômeno Daniel Dias dá adeus às piscinas em quarto nos 50m livre
Dono de 27 medalhas em Jogos Paralímpicos, sendo 14 de ouro, brasileiro encerrou a última prova de sua carreira com o tempo de 32s12. Chineses dominaram o pódio
O brasileiro Daniel Dias se despediu das piscinas com a quarta colocação nos 50m livre (classe S5 - para atletas com comprometimentos físicos-motores) dos Jogos Paralímpicos, no Centro Aquático de Tóquio na manhã desta quarta-feira.
O multimedalhista, que já havia anunciado a aposentadoria no último mês de janeiro, encerrou a sua última prova da carreira com o tempo de 32s12. O pódio foi formado pelos chineses Tao Zheng (30s31), que bateu o recorde paralímpico, Weiyi Yuan (31s11) e Lichao Wang (31s35).
Maior medalhista paralímpico brasileiro da história, Daniel subiu 27 vezes ao pódio no megaevento. É o atleta com mais pódios na história do Brasil. Ao todo, foram 14 medalhas de ouro, sete de prata e seis de bronze. Ele disputou quatro edições dos Jogos Paralímpicos: Pequim 2008, Londres 2012, Rio 2016 e Tóquio 2021).
Somente em Londres 2012, quando foi porta-bandeira da delegação, foram seis medalhas de ouro nas seis provas individuais disputadas, o que também fez o nadador ser o principal atleta do país com maior quantidade de "pódios dourados" na história.
Relembre as principais conquistas de Daniel Dias na carreira:
- Três ouros e duas pratas no Mundial de Durban 2006;
- Quatro ouros, quatro pratas e um bronze nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008;
- Oito ouros e uma prata no Mundial da Holanda 2010;
- Onze ouros nos Jogos Parapan-Americanos de Guadalajara 2011;
- Seis ouros nos Jogos Paralímpicos de Londres 2012;
- Seis ouros e duas pratas no Mundial de Montreal 2013;
- Oito medalhas de ouro nos Jogos Parapan-Americanos Toronto 2015;
- Sete medalhas de ouro e uma de prata no Mundial de Glasgow 2015;
- Quatro medalhas de ouro, três medalhas de prata e duas de bronze nos Jogos Paralímpicos Rio 2016;
- Seis medalhas de ouro no Mundial do México em 2017;
- Ouro nos 50m livre, prata nos 100m livre e bronze nos 50m costas e 50m borboleta no Mundial de Londres 2019;
- Cinco ouros nos Jogos Parapan-Americanos Lima 2019;
- Três medalhas de bronze (100m livre S5, 200m livre S5, e revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos) nos Jogos Paralímpicos de Tóquio).
Já nos Jogos de Tóquio, ele conquistou três medalhas de bronze (100m livre S5, 200m livre S5 e revezamento 4x50m livre misto até 20 pontos).
- Gostaria de agradecer a Deus pelo dom que me deu, por tudo que me deu no esporte. Obrigado. A palavra é gratidão. É difícil conseguir falar. Espero que muitas crianças, com deficiência ou sem, estejam vendo e assistindo. Acreditem no sonho de vocês. A deficiência não define quem somos. Gratidão é o principal sentimento agora - disse Daniel.
Além disso, o atleta, natural de Campinas (SP), conquistou 40 medalhas em seis mundiais, sendo 31 ouros, sete pratas e dois bronzes, e 33 pódios em Jogos Parapan-americanos, sendo todos de ouro.
Todos esses resultados renderam ao nadador três troféus do Prêmio Laureus, considerado o "Oscar do Esporte". Daniel é o único brasileiro a alcançar esta façanha. No mundo, apenas mais quatro esportistas masculinos conseguiram este feito.
De quebra, Daniel Dias detém ainda quatro recordes mundiais, sendo nas provas dos 100m costas (com o tempo de 01min16s24), 100m e 200m nado peito (01min32s27 e 03min21s36, respectivamente) e 100m borboleta (01min17s79).
Daniel nasceu com má-formação congênita dos membros superiores e na perna direita. Descobriu o paradesporto ao assistir pela TV ao nadador Clodoaldo Silva em uma das provas dos Jogos Paralímpicos de Atenas 2004. Daniel é o maior nadador paralímpico do mundo no número de láureas, 28 ao todo, sendo 14 de ouro.
Fora das piscinas, Daniel Dias já exerce algumas funções administrativas. Em 2014, fundou o Instituto Daniel Dias com o intuito de oferecer treinamentos de natação paralímpica às pessoas com deficiência da cidade de Bragança Paulista e região. Além disso, atua como membro do Conselho Nacional de Atletas e da Assembleia Geral do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB).