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Nadadora paralímpica Dayanne Silva inspira alunos de colégio em São Paulo

A nadadora paralímpica foi até o Colégio Agostiniano São José, em São Paulo, onde compartilhou um pouco da sua trajetória no esporte

Dayanne Silva
Dayanne não competiu no Rio-2016 (Douglas Magno / EXEMPLUS / CPB)

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A vida de um atleta de alto rendimento é muito corrida. Treinos, competições, recuperação e toda aquela rotina regrada para poder realizar o seu trabalho da melhor forma possível. Mas além de tudo isso, os atletas também costumam dividir suas experiências. Inspirar tanto quanto transpirar.

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Essa é ideia da nadadora paralímpica Dayanne Silva, de 29 anos. Medalhista nos últimos três Jogos Parapan-Americanos (Guadalajara, Toronto e Lima), a potiguar Dayanne nasceu com má formação dos membros superiores.

- Não tenho noção da dimensão do que meu trabalho pode tocar a vida das pessoas, mas sei que de alguma forma posso inspirar os alunos. Inspirar a acordar com mais vontade, mais fé em Deus, mais alegria com a vida. Muitas vezes reclamamos de pouco, quando temos tanto. Eu também me vejo assim as vezes. Já passei por essa fase. Já me perguntei por que nasci assim. Mas hoje eu sei que tenho essa missão de vida, de ajudar as pessoas. Seja como palavras, como minhas atitudes, com as pessoas me vendo competir, ou escrever e comer sozinha. - contou Dayanne Silva, em visita ao Colégio Agostiniano São José, em São Paulo, onde ela compartilhou um pouco da sua trajetória no esporte.

Nascida no interior do Rio Grande do Norte, na pequena São Tomé, Dayanne só conheceu a natação com 12 anos, quando se mudou, junto com seus pais e irmãos, para Natal. De uma família de agricultores, todos foram para a capital em busca de uma vida melhor, já que vivam um período de grande seca.

Foi na capital potiguar que ela conheceu Francisco Avelino, amigo do seu pai e medalhista paralímpico nos Jogos de Atenas em 2004, que lhe perguntou se ela gostaria de praticar algum esporte. A resposta mudou a sua vida:

- Eu até então só tinha visto piscinas na televisão, mas sempre achei muito bonito. O Francisco Avelino conseguiu uma bolsa de estudos para mim e a escola tinha uma piscina. Por isso, para mim, esporte e estudo sempre foram muito uma coisa só. Comecei a nadar e um ano depois já estava competindo nos jogos escolares. Me identifiquei rápido com a natação, mas senti muita dificuldade, muita falta de equilíbrio na água. Pensei em desistir, mas quando tive a primeira competição, em 2006, tudo mudou. Aí percebi que era o que eu queria para a vida. - revelou Dayanne.

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E apesar dos bons resultados, como as medalhas de ouro em Toronto-2015, bronze em Guadalajara-2011, nos 50m borboleta, e prata em Lima-2019, no revezamento 4x100m medley, a carreira de Dayanne Silva teve seus momentos de baixa. Momentos que fizeram com que ela abandonasse o esporte em 2016, perto da Paralimpíada Rio-2016.

Mas ela voltou a competir e agora já se preparava para competições como o Mundial de 2022, em Portugal, e ainda sonha com a primeira Paralimpíada.

- Depois dos bons resultados que consegui treinando em Natal, fui contratada pelo Praia Clube, de Minas Gerais e fiquei quatro anos lá. Meu pai no começo não quis que eu fosse, mas depois disse a mim que não ia atrapalhar meu sonho. Depois de quatro anos lá em Minas, minha mãe foi diagnosticada com câncer de mama e foi o pior momento da minha carreira. Foi quando eu decidi abandonar o esporte, voltar para a minha casa e ficar com a minha mãe. Isso foi em 2016, as vésperas da Rio-2016. Foi muito difícil para mim, me sentia culpada por estar longe e por isso voltei para a casa. E ela ficou bem, graças a Deus. Aí alguns técnicos me procuram de novo e eu voltei a nadar, agora em São Paulo. E me preparando muito para a próxima competição. afirmou a nadadora.

O contato de Dayanne Silva, respeitando todos os protocolos por conta da pandemia da Covid-19 com as alunas e alunos do Colégio Agostiniano São José faz parte da programação da escola para o Setembro Amarelo, mês de prevenção ao suicídio. A ideia é contar e discutir sobre histórias inspiradoras e de realidades que podem ser diferentes das encaradas por eles e elas no cotidiano.

- Sempre me apeguei muito a minha fé. Dificuldades vem, mas não podemos fraquejar. Essa é a mensagem que eu deixo. As vezes a gente acha que não consegue superar um desafio, mas a gente consegue. Minha família também sempre me apoiou muito e é muito importante dividir seus problemas e suas vitórias com a sua família. A gente vence juntos. - afirmou Dayanne, que lembrou dos seus primeiros desafios ainda na escola:

- Meus pais só têm ensino fundamental, mas digo que eles têm muita sabedoria. Minha mãe foi a minha primeira professora. Foi quem primeiro me mostrou as letras e as palavras e eu usava o lápis no pé. Mas eu chorava, porque não aceitava fazer em casa, queria ir para escola. Mesmo não tendo a idade mínima, me autorizaram a ir para a escola, como ouvinte. Aí vi todo mundo escrevendo com as mãos e eu quis também. E fiz. Me adaptei a escrever com os braços assim de primeira. E foi um processo normal. Em 6 meses já estava lendo e escrevendo. Minha família sempre deixou e me incentivou a fazer as coisas como todas as outras pessoas. - concluiu.

Dayanne Silva compete na classe S6 (atletas com deficiências físico-motoras são divididos em 10 classes, e, quanto menor a classe, maior a deficiência). Sua principal prova é os 50 metros estilo borboleta, em que ela é a detentora do recorde brasileiro. Ela também é dona do melhor tempo brasileiro nos 100 metros costas (1min44s).

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