Brasil investe R$ 375 milhões para ser top 5 nos Jogos Paralímpicos
Delegação brasileira chega ao evento com investimento robusto no ciclo para tentar quinta colocação inédita. Receita do CPB no ano do evento triplica em comparação com Londres<br>
O Brasil quer comprovar a partir desta quarta-feira sua consolidação como uma das maiores forças do esporte paralímpico no mundo na atualidade. A delegação de 286 atletas (184 homens e 102 mulheres), recorde do país na história dos Jogos Paralímpicos, desfila na cerimônia de abertura da Rio-2016, às 17h45, no Maracanã, embalada por investimentos de R$ 375 milhões entre janeiro de 2013 e julho deste ano.
O objetivo do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) é terminar a disputa entre os cinco melhores no total de medalhas de ouro, o que manteria a equipe verde e amarela em uma escalada que começou em Atlanta-1996, com a 37ª colocação, e não parou mais. Em Londres-2012, o Brasil foi sétimo.
Só neste ano, a previsão de receita da entidade é de R$ 180 milhões, quase o triplo dos R$ 59,7 milhões registrados em 2012. O impulso provém, sobretudo, da maior arrecadação de verba da Lei Agnelo/Piva, que destina um percentual da arrecadação bruta das loterias para o esporte de alto rendimento.
Até o ano passado, 2% do valor eram repassados ao Comitê Olímpico do Brasil (COB) e ao CPB. O primeiro ficava com 85%, e os 15% restantes destinavam-se às modalidades para deficientes. Com a entrada em vigor da Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, a porcentagem foi para 2,7%. Já a divisão passou a ser de 62,96% para o COB e 37,04% para o CPB.
– Trabalhamos forte na Câmara e no Senado. Grandes conquistas do esporte no Brasil aconteceram, por incrível que pareça, no Congresso – declarou o presidente do CPB, Andrew Parsons, ao LANCE!.
O aumento não foi decisivo para as pretensões da entidade no Rio, uma vez que ele só começou a valer em janeiro deste ano, e ainda depende de quanto será arrecadado até dezembro. Mas foram as verbas públicas que abasteceram a preparação.
Além da Lei Agnelo/Piva, a Caixa Loterias injetou R$ 120 milhões nas modalidades paralímpicas no ciclo atual. O Ministério do Esporte, por meio de convênios, investiu cerca de R$ 38 milhões. O CPB ainda contou com suporte do governo de São Paulo e da prefeitura do Rio de Janeiro.
– Vamos acreditar. Buscaremos a quinta posição. Em Londres, conseguimos atingir a meta. O apoio do Comitê, do Ministério e dos patrocinadores cresceu – declarou Jovane Guissone, medalhista de ouro nos Jogos de 2012 na esgrima em cadeira de rodas, na categoria B da espada.
Na última Paralimpíada, o Brasil faturou 43 medalhas, em sete esportes: natação, atletismo, bocha, esgrima, futebol de 5, goalball e judô. Maior astro do país, o nadador Daniel Dias levou seis. A expectativa é expandir o leque, já que o ciclo mostrou a evolução de outras modalidades, como vôlei sentado. Os homens terminaram em quinto em Londres e foram prata no Mundial de 2014.
– Viemos preparados. Se cada categoria fizer o seu melhor, batemos a meta – disse o atacante Levi Gomes.
Brasil tem disputa dura com outras potências
Embora já seja considerado potência paralímpica, o Brasil ainda não está no mesmo nível de outros países. A China é considerada um oponente “inalcançável”, já que dominou o quadro de medalhas nas últimas três edições do megaevento.
Em Londres-2012, foram 231 pódios, mais que a soma de Grã-Bretanha (120) e Rússia (102), segundo e terceiro colocados, se usado este critério. Na ocasião, os brasileiros trouxeram 43 medalhas.
Com a suspensão dos russos por causa do escândalo de dopagem, um posto no top-3 deve ser disputado por Ucrânia, Estados Unidos e Austrália, países que estiveram à frente do Brasil nos últimos Jogos. Mas é no meio destas nações que a delegação verde e amarela pretende se estabelecer.
Ao todo, a Paralimpíada do Rio reunirá mais de 4.350 atletas de 176 países, em 23 modalidades. A expectativa do Comitê Paralímpico Internacional (IPC) é de que os Jogos registrem uma audiência global de 4 bilhões de pessoas.
OS DESTAQUES DO BRASIL
Daniel Dias (classes S5, SB4 e SM5)
Nadador de 28 anos, é dono de 15 medalhas paralímpicas, sendo 10 de ouro e seis delas em Londres-2012. Tem ainda quatro pratas e um bronze.
Alan Fonteles (classe T43)
Ouro em Londres-2012 nos 200m, desbancando Oscar Pistorius. Velocista de 24 anos, é o atual detentor do recorde mundial nos 100m (10s57).
Terezinha Guilhermina (classe T11)
Velocista de 37 anos, tem seis medalhas paralímpicas, sendo três de ouro. Tem o recorde mundial nos 100m e nos 400m.
Jovane Guissone (categoria B, espada)
O gaúcho de 33 anos é o principal atleta da esgrima em cadeira de rodas. Foi campeão paralímpico na espada em Londres-2012.
Ricardinho
É o principal craque do Futebol de 5 do Brasil. O ala da 28 anos esteve nos títulos paralímpicos de 2008 e 2012. Foi o melhor do mundo em 2006 e 2014.
Verônica Hipólito (classe T38)
Aos 20 anos, a paulista tem medalhas de ouro nos 100m, 200m e 400m, além da prata no salto em distância, no Parapan de Toronto-2015.
Luis Carlos Cardoso (classe KL1)
Piauiense de 31 anos, é tricampeão mundial na prova de canoa (2014, 2015 e 2016) e também campeão do mundo no caiaque, em 2015.
Clodoaldo Silva (classes S5, SB4 e SM5)
Primeiro fenômeno da natação brasileira no século, chega aos Jogos do Rio com 37 anos e 13 medalhas paralímpicas no currículo, sendo seis de ouro.
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EM ALTA
Atletismo
É o esporte que mais deu medalhas ao Brasil nos Jogos, com 109, sendo 32 de ouro, 47 de prata e 30 de bronze.
Natação
É o segundo carro-chefe: 83 medalhas (28 ouros, 27 pratas e 28 bronzes).
Futebol de 5
O país foi ouro nas três edições já disputadas (Londres, Pequim e Atenas). A modalidade é voltada a cegos.
Vôlei sentado
Ouro no Parapan de Toronto, país tenta a 1 medalha nos Jogos Paralímpicos.
Rúgbi em cadeira de rodas
O Brasil competirá no esporte pela primeira vez no evento.
Goalball
O Brasil é o atual campeão mundial
Judô
Já rendeu ao Brasil 18 medalhas na história dos Jogos, sendo quatro ouros (todos conquistados por Antônio Tenório), cinco pratas e nove bronzes.
AINDA EM ASCENSÃO
Basquete em cadeira de rodas
O país disputou os Jogos pela primeira vez na modalidade em Heidelberg-1972, com os homens, e em Atlanta-1996, com as mulheres, mas nunca faturou uma medalha.
Hipismo
Após dois bronzes em Pequim, com Marcos Fernandes Alves, o Brasil passou em branco em Londres.
Bocha, Vela, Tiro Esportivo, Tiro com arco, Ciclismo, Futebol de 7 e Halterofilismo
Modalidade que ainda buscam resultados de maior expressão.