Espaço dos campeões: Fabiana Murer fala de doping e política no atletismo
Em sua coluna mensal no LANCE!, saltadora critica episódios de violação ao código antidoping pela Rússia, e conta sobre seu novo papel dentro da IAAF
Há nove anos integro o programa Whereabouts, um sistema que testa os atletas fora de competição. São escolhidos para compor o programa antidoping os melhores do ranking mundial e alguns outros atletas que a direção entender ser necessário.
Existe uma página online em que tenho de dizer onde durmo, treino, quando e onde tenho competição e o mais importante: uma hora do dia e o lugar em que estarei para que possa ser encontrada. O controle pode baixar em qualquer dia para fazer o exame surpresa.
Tenho que estar sempre atenta, atualizar as informações sobre o meu calendário... É uma fiscalização rígida e, por isso, acreditava num combate sério ao doping. Os anos de vivência no circuito, no entanto, foram indicando que as coisas não são bem assim.
Um comentário aqui e outro ali... Tudo dava a entender que poderia haver algo errado. No mês passado, começaram a surgir comprovações sobre um esquema sistemático de doping e também sobre a existência de muita corrupção no atletismo. A Rússia foi suspensa, provisoriamente, das competições internacionais e já admitiu culpa, mas as investigações continuam. Nos próximos meses poderemos entender melhor.
O caso incluiu até a prisão do ex-presidente da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF) por corrupção e por contribuir com o esquema.
Desde setembro, o atletismo tem um novo presidente na IAAF, o inglês Sebastian Coe, e, pelo visto, virão boas mudanças.
Na semana passada, fui eleita integrante da comissão de atletas da IAAF e espero poder contribuir, também fora das pistas, para termos um atletismo melhor.
* Coluna escrita por Fabiana Murer, atleta do salto com vara do Clube de Atletismo BM&FBOVESPA, e campeã mundial, pan-americana e da Liga de
Diamante