Isadora Cerullo, do rúgbi, fortalece empoderamento feminino com ajuda do esporte
A jogadora da Seleção Brasileira de rúgbi seven celebra sucesso nos Jogos. Ela vê Olimpíada como oportunidade de discutir igualdade entre os gêneros.
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A jogadora Isadora Cerullo já havia entrado para a história no Rio de Janeiro ao fazer parte da Seleção Brasileira na primeira participação do rúgbi seven nos Jogos Olímpicos. Mas um pedido de casamento surpresa a tornou uma das grandes personagens desta edição. Izzy foi surpreendida pela namorada Marjorie Enya, que trabalhava como voluntária da organização, durante a cerimônia de entrega de medalhas da categoria. O vídeo do pedido viralizou pela internet e redes sociais mundo afora e a repercussão surpreendeu a jogadora.
- É impressionante que mais de 90% das mensagens são positivas. E isso mostra que quem não conhece a gente está abraçando mesmo essa causa. Estão dizendo que foi um momento lindo de ver, nos agradecendo por termos coragem de nos expressar - disse.
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Além de ser agora um símbolo de respeito ao amor entre pessoas do mesmo sexo, Isadora também tem outra preocupação social: lutar pela igualdade entre gêneros com a ajuda do esporte. Formada em Direitos Humanos pela Faculdade de Columbia em Nova York (EUA), ela escreveu uma monografia sobre a evolução dos direitos das mulheres e colabora com o projeto Olga Esporte Clube, da ONG Think Olga, que propõe aumentar a prática de atividades físicas entre o sexo feminino.
- Tem muitos preconceitos e muitas barreiras para as mulheres se sentirem à vontade e seguras para praticar o esporte. Eu escrevi um texto sobre como meu relacionamento com meu corpo mudou por ter uma oportunidade muito especial de reconhecer todo o potencial dele. De brincar com os limites de cansaço, de lesão, de força, de potência. E ter esse reconhecimento de meu trabalho como atleta ser espelhado no meu corpo - afirmou.
Se dedicando agora apenas ao rúgbi, ela vê nos Jogos Olímpicos uma grande oportunidade de aumentar a discussão sobre o tema.
- Muitas mulheres foram porta- bandeira na cerimônia de abertura, isso já foi uma mensagem de que os países estão reconhecendo a força das mulheres especificamente dentro das delegações. Acho que vai ser uma Olimpíada das mulheres. E também o espírito olímpico é sobre a diversidade, o respeito. O lema da Olimpíada é um mundo novo, é um bom momento pra isso acontecer.
BATE BOLA
PRIMEIRA PARTICIPAÇÃO DO RÚGBI NA OLIMPÍADA
Foi uma participação muito boa. Conseguimos fazer jogos apertados com Grã Bretanha e Canadá, que são o quarto e terceiro melhores time do mundo. Apesar de o placar não mostrar, mostramos nossa evolução no esporte. E conseguimos abrir nossos placares contra o Japão e a Colômbia para vencer o conquistar nossa vaga no Circuito Mundial no ano que vem (a Seleção terminou em nono lugar).
CARINHO DA TORCIDA
Foi um amor incondicional. Antes de entrar em campo já dava pra escutar e depois a gente não conseguia se ouvir dentro de campo, porque era tanto barulho, pessoas animadas querendo ver a gente vencer. Foi muito especial, ainda mais sabendo que várias pessoas não conheciam o rúgbi. E a coisa mais impressionante é que tinham muitas meninas no estádio e elas ficaram apaixonadas vendo mulheres vencendo, não fugindo do contato e tendo muita força pra jogar esse esporte que é muito bruto às vezes.
POPULARIZAÇÃO DO RÚGBI NO BRASIL
Tenho essa esperança, essa convicção de que (a Olimpíada) realmente vai cumprir esse papel porque muitas pessoas depois do nosso último jogo falaram que queriam ver mais rúgbi, queriam mais jogos aqui ou até mesmo televisionados para conseguir continuar na torcida e saber como nossa seleção está indo.
RÚGBI NOS EUA
*Isadora, que nasceu e cresceu nos Estados Unidos, tem dupla cidadania
Uns anos atrás os Estados Unidos e o Brasil estavam no mesmo ponto de tentar divulgar mais e lá fizeram um trabalho muito bom de colocar o rúgbi nas escolas, de promover treinamentos e formar times para aumentar a base de jogadores. É um esforço muito grande e até começaram a jogar a primeira liga profissional. Acho que o Brasil pode se espelhar um pouco nisso, tentar buscar exemplos de como atrair mais pessoas, trazer mais crianças. Porque aqui, pela cultura, qualquer jogo na rua ou na praia é futebol. Isso não é ruim, é até lindo ver, mas tem muitas opções para as crianças. Podem pegar outro tipo de bola - a bola oval, ao invés da redonda.
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