Nem ‘marcas de guerra’ incomodam brasileira do polo aquático feminino
Filha dois ex-jogadores da Seleção, Izabella Chiappini não dá bola para unhadas e cotoveladas na primeira participação feminina do Brasil em Olimpíadas
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Um corte pequeno, resultado de um arranhão involuntário, mas visível o bastante para ser percebido pouco abaixo do pescoço, fazia companhia ao lábio inchado, fruto de uma cotovelada. A atacante Izabella Chiappini nem parecia se importar muito com o “saldo” da verdadeira batalha pela qual havia passado na derrota para a Rússia por 14 a 7, nesta quinta-feira, a segunda do Brasil no torneio feminino de polo aquático da Rio 2016.
Apesar do placar elástico, Izabella teve uma boa atuação e confirmou a condição de um dos destaques da equipe brasileira, após assinalar quatro dos sete gols brasileiros na partida.
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- Essas aqui são minhas marcas de guerra. Agora nem estou sentindo nada, mas quando chegar na hora de tomar banho e dormir é que vou me dar conta do que apanhei – brincou Izabella, de apenas 20 anos, atleta do Pinheiros.
Jogadora mais acionada no ataque brasileiro diante das russas, Izabella ainda conseguiu encontrar espaço no primeiro quarto, quando marcou dois dos quatro gols da vitória parcial de 4 a 2. A partir do segundo quarto, a força física das russas prevaleceu e com uma marcação mais atenta sobre ela, a dificuldade para conseguir espaço nos arremessos aumentou. E junto com isso vieram as pancadas.
- Muitas vezes nem sinto essas unhadas. Essa aqui creio que foi sem querer – afirmou, apontando para o ferimento no pescoço sofrido durante o embate com as russas. Mas isso não significa que sempre as coisas aconteçam de forma involuntária, segundo a brasileira, uma das artilheiras do torneio feminino com cinco gols.
- As chinesas são maldosas. Quando estão nos marcando, elas arranham pra valer no braço na hora da marcação. Precisa ficar atenta contra elas – explicou.
Se encara de forma normal os seus “ferimentos de guerra”, o mesmo não se pode dizer sobre como encara quem prefere destacar o polo feminino por cenas de violência ou mesmo pela exposição inesperada de alguma parte do corpo.
- Esse brutalidade é normal para quem joga polo aquático. Achei exagerado a forma como destacaram o soco que a Gabi [Gabriela Mantellato] deu numa italiana no nosso jogo de estreia. Ela estava tentando se livrar da menina. Agora ninguém fala o que a outra fez, né? - pergunta Izabella, que também fica espantada com que diz que vai ao polo aquático feminino apenas para presenciar algum flagra indiscreto dos maiôs puxados pelas atletas.
- Isso é outro absurdo, mas nem ligo mais. No fundo, até achamos engraçado quem fica falando estas besteiras. Eu mesmo devo ter dezenas de fotos de jogos meus com uma parte do peito aparecendo. Coisa absolutamente normal – afirmou.
Bronca caseira
Izabella Chiappini, mesmo se quisesse, não conseguiria deixar de falar de polo aquático até nas horas de folga. Filha de dois ex-jogadores da Seleção Brasileira – o pai Roberto é auxiliar do técnico canadense Patrick Oaten, e a mãe Raquel – ela já sabe que o assunto o tempo todo em casa é polo aquático. Mas ela não reclama muito.
- Em casa, a gente só fala de polo. Pior que quando eu não jogo bem, sei que vou levar bronca, só não sei se virá do meu pai ou da minha mãe. A verdade é que a ajuda deles é excelente para tentar evoluir o meu jogo – diz Izabella, que confessa ter enfrentado problemas quando era comandada pelo pai no início da carreira.
- Foi complicado porque a gente brigava demais. Mas fui amadurecendo e entendi que ele estava cumprindo o papel dele de corrigir as minhas falhas. Só espero que não leve bronca pela derrota de hoje – brincou Izabella.
Os quatro gols marcados contra o bom time da Rússia certamente ajudarão a livrar a artilheira do Brasil de ouvir um sermão mais tarde.
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