Rio passa bastão a Tóquio com Mario Bros, Nordeste e mensagem de futuro
Jogos Olímpicos de 2016 se encerram com cena de animação eletrônica, show de música nordestina e assédio a porta-bandeira Isaquias Queiroz, herói nacional. Faz melhor, Japão?!
Foi uma noite de emoções fortes. Sentimento de saudade que começou a ficar mais intenso à medida que a cerimônia de encerramento dos Jogos Olímpicos transcorria. Um evento memorável, com desfecho à altura.
Para nós, que assistíamos das televisões ao que Londres-2012, Pequim-2008 e outras edições nos apresentavam, era a Olimpíada de maior expectativa. A sensação de dever cumprido está no fato de que restou nossa marca registrada. Da festividade inicial, em 5 de agosto, até a final, nesta noite de ventania e chuva, que em nada atrapalharam.
O prefeito Eduardo Paes foi bastante vaiado ao ser anunciado para entregar a bandeira olímpica ao presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach. O alemão, por sua vez, deu o objeto para Yuriko Koike, governadora de Tóquio, onde acontecerão os Jogos de 2020. Era o símbolo da passagem entre as cidades-sede.
Personagem de momento marcante na abertura, quando seu 14 bis levantou voo no Maracanã, Santos Dumont entrou em cena logo no início, no embalo de “Odeon”, de Ernesto Nazaré, para anunciar o início da festa. Do ponto de vista de um pássaro, o mundo relembrou belezas naturais e paisagens icônicas da Cidade Maravilhosa.
O hino nacional veio com mensagem de futuro e renovação da vida, nas vozes de 27 crianças, que representavam os 26 estados e o Distrito Federal. O anúncio foi introduzido com a música "Com que roupa eu vou?", de Noel Rosa.
Os atletas entraram no Maracanã, com as bandeiras de seus países, no embalo de Roberta Sá, vestida de Carmem Miranda, uma das responsáveis mais notórias pela construção da imagem do Brasil no exterior. Ali estava Isaquias Queiroz, que da mesma forma levou a canoagem velocidade brasileira a um novo patamar aos olhos do mundo, ao faturar no Rio as três primeiras medalhas do país no esporte. Teve sorrisos, selfies deles com atletas e frevo.
A música brasileira, em especial nordestina, deu um show. Uma das que agitou o público foi "Mulher rendeira". Assim como Asa Branca, de Luiz Gonzaga.
Com as “Bachianas Brasileiras N 5”, de Heitor Villa-Lobos, o público reviveu momentos em que a autoestima brasileira foi aos céus. Deu para refletir com orgulho sobre os ouros de Rafaela Silva, Thiago Braz, Alison/Bruno Schmidt, Martine Grael/Kahena Kunze e, por fim da Seleção masculina de vôlei, horas antes da festa, além de pratas e bronzes de grande importância. Aplausos intensos foram ouvidos nas aparições de Usain Bolt e Michael Phelps nos telões. Lendas que se despediram dos Jogos na capital fluminense.
Teve bom humor dos asiáticos. Ao fim do vídeo de apresentação da capital japonesa, foi exibida uma simulação do personagem Mario Bros entrando por um cano verde, com destino ao Rio. No gramado do Maracanã, perfurou o objeto o primeiro-ministro japonês, Shinzō Abe, fantasiado de Super Mario.
Se Tóquio já se apresenta como terra da tecnologia, nesta noite a cidade deu mostras do que está por vir. Uma animação com os 33 esportes dos próximos Jogos sugere mais luxo do que foi visto no Rio. Aprendizados não faltarão sobre o que é sediar um evento desta dimensão em tempos de muita diversidade, restrições econômicas e contestação às palavras oficiais.
No fim, a festa terminou em um grande Carnaval. Nós demos a volta por cima, do nosso jeito. O desafio, agora, é do Japão.