Rivalidade mais amistosa entre Brasil e Rússia no vôlei
Após anos de tensão, Brasil e Rússia já conseguem entrar em quadra para um jogo decisivo em Jogos Olímpicos sem um clima bélico no ar. Já existe até laços fortes de amizade
Elas já se odiaram, a ponto de não se olharem e evitarem encontros. Hoje se suportam e até ensaiam uma aproximação. O que até parece uma relação do seu ciclo pessoal de amizades é um resumo de Brasil e Rússia nos últimos anos no vôlei feminino mundial. Hoje, às 22h35, o Maracanãzinho será o palco de mais um reencontro entre os dois ex-inimigos.
O técnico José Roberto Guimarães viveu o ápice da “Guerra Fria” entre Brasil e Rússia. Da traumática virada sofrida em Atenas-2004, passando por Mundiais, até o troco em Londres-2012. Hoje, antes do clássico que define a primeira posição do Grupo A da Rio-2016 e a possibilidade de cruzar com o quarto da chave B nas quartas de final, ele admite que o pior já passou:
– Não tem mais aquela animosidade toda.
Para o tricampeão olímpico, a presença da levantadora Fabíola e da ponta Fernanda Garay na Liga Russa, nas últimas temporadas, ajudou a encerrar a tensão que existe de lado a lado.
– Fernanda é superamiga da Goncharova. Na Vila, elas vivem se encontrando. Um dia, estava conversando com a Goncharova, uma jogadora que admiro. Ainda falei para ela: “Além de ser bonita você é ótima jogadora” – disse o técnico.
Fernanda Garay vai além:
– Eu particularmente adoro as gurias. Foi uma temporada muito boa de amizade, carinho... Joguei com a Kosheleva, ela é muito querida, bacana, mas não fala muito o inglês. Claro que tenho carinho, mas não temos tanto contato pois é difícil a comunicação. Mas a Goncharova fala melhor inglês, a gente teve uma parceria muito grande. A gente teve essa afinidade tanto de trabalho quanto de amizade.
Kosheleva é econômica nas palavras durante as entrevistas, mas fez questão de estreitar laços com as brasileiras antes do clássico.
– Gosto do Brasil, gosto das pessoas daqui, o país é muito bonito. A atmosfera vai ser incrível na partida e eu gosto deste clima no ginásio – comentou a ponta, que cita Garay, Paula Pequeno e Walewska como brasileiras "próximas" a ela.
Sobre a sequência ruim da Rússia diante do Brasil (nove derrotas em dez jogos), ela até faz piada:
— Nem lembro a última vez que ganhamos. Mas sempre gosto de jogar contra elas.
Amigas, amigas, Olimpíada à parte. Hoje é Brasil e mais nada!