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Técnico roda o mundo para reerguer atletismo do Brasil antes da Rio-2016

Responsável por guiar Robson Caetano no passado, Carlos Cavalheiro vira peça-chave do COB na tentativa de resgatar as esperanças sobre a modalidade, após ano de decepções

Milhas acumuladas
imagem cameraCarlos Cavalheiro viaja o mundo para monitorar os destaques do atletismo brasileiro (Foto: Marcelo Ferrelli/CBAt)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 09/02/2016
20:56
Atualizado em 10/02/2016
20:07

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– Dá para dizer que eu venho acumulando mais milhas, tanto aqui como lá fora (risos).

É assim que Carlos Alberto Cavalheiro, treinador-chefe das equipes de velocidade e do revezamento 4x100m do Brasil, responde ao ser questionado sobre o que mudou na preparação da modalidade para os Jogos Olímpicos Rio-2016 após as decepções nos Jogos Pan-Americanos de Toronto (CAN) e no Mundial de Pequim (CHN), no ano passado.

Ex-velocista e famoso por guiar Robson Caetano ao bronze nos 200m em Seul (CDS), em 1988, Beto ganhou novas funções após uma série de conversas entre o Comitê Olímpico do Brasil (COB) e a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Ele agora é peça-chave de um grupo que monitora de perto todos os potenciais medalhistas e finalistas na Olimpíada deste ano. 

– No Brasil, tenho ido a São Paulo (capital), São Caetano, Valinhos, Campinas... Vou ver qual é a necessidade do atleta, saber se precisam de uma atenção especial, de uma fisioterapia – explicou o técnico de 60 anos, que embarcou domingo para Varsóvia (POL) para visitar o varista Thiago Braz e, depois, se encontrar com Rosângela Santos (100m, 200m e 4x100m), em Berlim (ALE).

No Pan do Canadá, o Brasil teve só duas medalhas de ouro, sendo que uma, com Adriana Aparecida na maratona, veio após a peruana Gladys Tejeda ser flagrada no exame antidoping.

Na China, apenas Fabiana Murer, do salto com vara, foi ao pódio (com a prata). As partes evitam falar em erro de planejamento, mas o próprio COB exigiu mudanças visando um melhor desempenho no Rio.

"Houve uma lacuna na procura por talentos, que já está sendo suprida para 2020. Temos certeza de que até lá nós teremos resultados" - Carlos Alberto Cavalheiro

A contratação de Cavalheiro pelo Comitê aconteceu no início do ano passado, embora seu nome apareça nas fichas da delegação brasileira em competições tanto como membro da entidade quanto da CBAt.

Inicialmente, ele foi apresentado como coordenador, e trabalharia apenas com os atletas de pista. Dentre as novidades pós-Pequim, está a nomeação como treinador-chefe de velocidade e a missão de monitorar melhor os destaques do país, independentemente do tipo de prova.

O carioca treinou a Seleção Brasileira nos Jogos de Barcelona (ESP), em 1992, Atlanta (EUA), em 1996, e Atenas (GRE), em 2004. Ainda trabalhou no Uruguai e Equador, antes de se mudar para o Qatar, onde ficou por uma década e desenvolveu trabalhos na captação de talentos, uma das grandes lacunas do Brasil hoje.

Dividido entre a responsabilidade de tornar o esporte mais difundido para o futuro e atender às cobranças sobre a modalidade no curto prazo, Cavalheiro acredita que um bom acompanhamento pode fazer efeito:

– Antes, mandávamos o treinador com o atleta e eles ficavam lá. Depois de Pequim, vai alguém do COB, para que não tenhamos que conversar só na pista. Quando estive em São Paulo, gentilmente a Fabiana e o Élcio Miranda (técnico e marido da varista) me convidaram para tomar café na casa deles. Houve uma aproximação – conta.

O COB espera que ao menos 50% da delegação do atletismo atinja ou supere na Rio-2016 a sua melhor marca pessoal na carreira. No Mundial de Pequim, um fato que ligou o sinal de alerta foi que só um brasileiro, João Vitor Oliveira (110m com barreiras), melhorou seu recorde.

BATE-BOLA
Carlos Alberto Cavalheiro
Técnico-chefe do Brasil nos 100m, 200m e 4x100m, masculino e feminino

LANCE!: Você morou nove anos no Qatar. O que trouxe de experiência?
Carlos Cavalheiro: Eu era responsável pelas seleções juvenis. Lá, há algo diferente do Brasil, porque eu trabalhava com os jovens, mas não com o adulto. Aprendi a levar o garoto de 11 anos ao alto nível. Hoje, sei cada etapa a ser percorrida para criamos uma nova mentalidade.

L!: Você monitora o Thiago Braz e a Fabiana Murer, que não estão no seu dia a dia. Mas como é o trabalho com os atletas de velocidade, incluindo revezamento?
C.C.: Tenho monitoradas individualmente a Ana Cláudia (Lemos), Rosângela (Santos), Vitoria (Rosa), Bruna (Farias), Franciela (Krasucki), entre outras. Esse é o time? Não, mas monitoramos. Porém, só as três primeiras têm índice individual para a Olimpíada. Então, elas têm uma atenção especial.

L!: Como vê a carência do nosso atletismo nas provas de pista?
C.C.: Houve uma lacuna na procura por talentos, que já está sendo suprida para 2020. Temos certeza de que até lá nós teremos resultados. Estamos misturando uma geração velha com jovens de 15 e 16 anos. Para 2016, a preparação foi a melhor possível.

QUEM É ELE

Nome 
Carlos Alberto de Azevedo Cavalheiro

Nascimento
26/01/1956, no Rio de Janeiro-RJ

Formação
PhD em Fisiologia do Esporte (EUA); Mestre em Educação Física na Área de Biomecânica do Esporte pela UFRJ.

Currículo
Participou dos Jogos de Seul (1988), Barcelona (1992), Atlanta (1996) e Atenas (2004) como treinador do Brasil; de Sydney (2000) como técnico do Uruguai; e de Londres (2012), pelo Equador.

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