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Favorito a cargo no Santos não levou taça, mas deixou bom legado em rival

Saiba um pouco da trajetória de Gustavo Vieira no Tricolor; ele deve assumir a direção executiva do Peixe na gestão de José Carlos Peres, recém-eleito

Gustavo Vieira é o principal nome para ocupar o cargo de diretor executivo do Santos
imagem camera(foto:eduardo viana)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 15/12/2017
22:13
Atualizado em 16/12/2017
06:00

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Gustavo Vieira de Oliveira teve duas passagens como diretor executivo de futebol do São Paulo entre 2013 e 2016. A primeira foi encerrada em maio de 2015, por discordâncias com o então presidente Carlos Miguel Aidar. Voltou em outubro daquele ano, logo após Leco ser eleito para ocupar a vaga de Aidar, que renunciara. Nesse período, o dirigente conseguiu deixar um legado importante para o clube, mas sofreu com perseguição política e não foi capaz de quebrar a seca de títulos do Tricolor, que dura desde 2012.

Advogado, Gustavo foge do perfil consagrado de dirigente no futebol brasileiro. Discreto, não costuma aparecer nos holofotes e dá poucas entrevistas. É a favor que se divulgue quanto cada dirigente tem para gastar na montagem do elenco para que seja cobrado a partir dai. O perfil de negociador que conquistou o ex-presidente Juvenal Juvêncio, morto em 2016, lhe rendeu a fama de mão de vaca entre os empresários. Daí vem uma de suas importantes contribuições para o São Paulo.

Em 2016, por exemplo, montou o elenco que chegou a semifinal da Libertadores, algo que não acontecia desde 2010, a custo zero. Por empréstimo, trouxe o zagueiro Maicon, o lateral-esquerdo Mena, e os atacantes Kelvin e Calleri, todos titulares na surpreendente campanha. Em quase todas as contratações, adotou a postura de tentar barganhar ao máximo a favor do clube, de onde vem a fama.

Esse modus, no entanto, também foi apontado como responsável por alguns insucessos do São Paulo no mercado. Um exemplo bastante citado é o de Alexandre Pato. Em julho de 2016, o Tricolor ficou muito perto de comprar o atacante terminado seu período de empréstimo cedido pelo Corinthians. Gustavo, porém, teria tentado reduzir ao máximo os custos da negociação, o que teria feito Pato optar pelo Villareal (ESP). O dirigente nega a versão e diz que não teve o aporte financeiro para fazer a contratação que solucionaria problemas no ataque naquele momento, uma das razões para a eliminação para o Atlético Nacional na Libertadores. Perto da semifinal, o time sofreu com os desfalques de Kelvin e Ganso, e ficou sem opções. A atuação nessa janela foi muito criticada. O São Paulo trouxe o atacante Ytalo, do Osasco Audax, e o meia peruano Cueva, que não pôde ser inscrito na competição sul-americana por ter aduado pelo Toluca.

A atuação do dirigente foi muito além das contratações. Foi ele o principal responsável por implantar o departamento de análise de desempenho do clube, que era o mais atrasado em relação aos quatro grandes de São Paulo nesse ponto. Montou a estrutura e contratou profissionais referendados que haviam feito sucesso no Corinthians. Na base, teve atuação importante ao lado do gerente Júnior Chavare, contratado por Aidar para cuidar de Cotia. Gustavo e o profissional que fez sucesso no Grêmio descobrindo talentos como o volante Walace e o atacante Luan, melhor jogador da última Libertadores, mudaram o modo de captação de talentos. Contratavam a custo baixo, ou em troca de alguns jogadores não utilizados no profissional, promessas de outros clubes que chegavam ao São Paulo para completar a formação. Foi o caso do zagueiro Lyanco e do atacante Luiz Araújo, vendidos este ano para Torino (ITA) e Lille (FRA), respectivamente, rendendo mais de R$ 60 milhões. No elenco atual, o meia Shaylon veio dessa forma, da Chapecoense.

O maior obstáculo do dirigente no São Paulo foi a política. Nesse ponto, dois aspectos foram determinantes para a impopularidade do dirigente e, mais tarde, pela sua saída. A primeira foi a divulgação de seu salário quando retornou ao clube pelas mãos de Leco. Na época, a quantia nos padrões dos maiores executivos foi considerada exagerada para um dirigente de pouca experiência. Além disso, as partes acertaram uma cláusula que dava a Gustavo 3% sobre os lucros nas vendas de jogadores que ele contratasse a partir dali. Esse termo gerou polêmica e acabou retirado do contrato final diante da repercussão negativa. Outro fator que pesou contra Gustavo politicamente foi sua relação com o empresário Eduardo Uram. Como advogado, antes de ser dirigente, seu escritório prestou serviço ao agente. Isso acabou sendo relacionado com o fato de o Tricolor ter contratado jogadores de Uram - chegou a ter dez no elenco. O assunto foi alvo de investigação no Conselho Deliberativo, mas nunca foi provado ilicitudes nas transações envolvendo o clube e Uram.

A passagem de Gustavo pelo São Paulo terminou em setembro de 2016, quando a pressão interna sobre Leco para demiti-lo já era intensa. Além da perseguição política que passou a sofrer pelas razões já citadas, pesaram contra os maus resultados após a Libertadores, quando o time rondou a zona do rebaixamento no Campeonato Brasileiro. A reposição de peças foi considerada ruim, com as chegadas de nomes como o atacante argentino Chavez e o centroavante Gilberto.

No fim, Gustavo saiu sem ter conquistado um título, que sempre foi seu principal objetivo, mas acabou tendo êxito em outras questões importantes estipuladas por ele e pelo próprio São Paulo.

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