‘Filho de Peixe’ é esperança de gols na Copinha para orgulhar ‘anjo Fabio’
Atacante do sub-20 do Santos na Copinha de 2016 é filho de Arinélson, jogador que defendeu o clube nos anos 90. Sem 'pistolão', Alessandro está no Peixe desde março e busca se firmar
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Vanderlei Luxemburgo prometeu que Arinélson, contratado aos 24 anos do Iraty, seria "o futuro camisa 10 da Seleção Brasileira". No Santos de 1997, o meio-campista até mostrou certo talento, mas se mandou no ano seguinte para o Flamengo, em negociação de troca que envolvia os nomes de Marcos Assunção, Lúcio, Caio e Athirson, e jamais chegou à Seleção. Na vida de Arinélson, porém, a curta passagem pelo Peixe foi marcante. Foi lá na cidade da Baixada santista que ele viu seu filho, Alessandro Lucas Sena Nunes, herdeiro do sobrenome Nunes, dar os primeiros passos. E talvez até os primeiros passes...
- Eu nasci em Belém do Pará, mas com um mês de idade vim para Santos. Voltei para lá, vim de novo e até hoje muitas pessoas não sabem que eu sou filho de um ex-jogador do Santos. Talvez porque ele sempre tenha me deixado bem independente, dizendo que eu tinha que construir minha história por mim mesmo. E hoje estou aqui, com ele orgulhoso por ver onde estou chegando - diz o filho de Arinélson, digo, Alessandro, ao LANCE!.
E onde ele está chegando, afinal? Nada mais, nada menos do que ao mesmo clube em que o pai viveu o auge da carreira. Aos 18 anos, Alessandro será a esperança de gols do Santos na Copa São Paulo de Juniores de 2016. Contratado pelo clube desde junho deste ano, o Menino da Vila tem treinado como titular na formação do técnico Marcos Soares e será um dos 25 inscritos para a busca do Peixe pelo tetracampeonato do maior torneio de base do país.
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Mas essa história bonitinha de sonhos, herança familiar e busca por conquistas passou bem perto de nunca acontecer. Antes de virar esperança de gols do Santos, o centroavante nascido em junho de 1997 passou por uma série de perrengues que quase o fizeram voltar a Belém com uma mão na frente e outra atrás. Ainda bem que o tal do "anjo Fabio" entrou na história.
Alessandro começou a sonhar com um futuro no futebol nos salões do Remo, com 12 anos. Entre escapadas para a escolinha da Tuna Luso, só se firmou no campo a partir do sub-15. Do Remo, partiu para o Monte Azul, no interior de São Paulo. Lá ele jogou o Paulistão sub-17 de 2014, até marcou um gol, mas não foi muito além. Em nenhum momento dessa história,Arinélson fez influência para que o filho tivesse um caminho diferente. E assim continuou.
Convencido por um dirigente que até já trabalhou no Santos, e naquele momento prestava serviço ao Jabaquara, Alessandro apareceu em Santos entre o fim de 2014 e o início de 2015, foi aprovado e ficou alojado no Jabuca. A esperança era jogar o Paulistão sub-20, mas as coisas não deram certo e não houve espaço para ele. Com dó, o clube definiu uma data para despejar Alessandro, que já não fazia parte dos planos para 2015. E agora?
- Do nada, fiquei sem clube para jogar e sem um lugar onde dormir. Vou ficar onde? Estava suando frio, sem saber o que fazer - relembra.
Por aqueles dias, um moleque conhecido do dirigente que levou Alessandro ao Jabaquara conseguiu marcar hora para uma avaliação na base do Santos. O tal dirigente insistiu tanto que conseguiu que o garoto do Pará fosse acompanhar os testes do outro menino, chamado Fábio. No mesmo dia em que foi desalojado pelo Jabuca, Alessandro passou mais de duas horas no CT Rei Pelé tentando mostrar algo que convencesse a diretoria do Peixe a mantê-lo. Era tipo uma última chance.
- Depois de sair do primeiro dia de teste eu fui chamado para outro, mas não tinha onde ficar naquele meio tempo. Fiquei por aqui em Santos, sem saber o que fazer, sem casa, sem contato com ninguém. Aí arrumei um canto para carregar o celular e nisso meu pai ligou e disse que poderia pagar as despesas de uma pousada por perto. Ele nem sabia que eu estava fazendo teste no Santos, mas tive que falar. Aí fiquei na pousada durante essas quatro semanas de teste, graças a Deus - conta, como se fosse ontem.
Após um mês sendo testado na base do Santos, Alessandro foi chamado ao RH para acertar o primeiro contrato. Menor de idade, precisou esperar que o documento fosse enviado via Sedex, assinado por Arinélson e devolvido também pelo correio. Em 1° de junho de 2015, e até 30 de abril de 2017, Alessandro é jogador profissional do Santos Futebol Clube. Demorou um pouco a ter chances, mas agora está firme no propósito de subir o mais rápido possível ao time profissional.
"Mas e o Fábio, passou no teste?".
Então... O rapaz que arrumou o teste no Santos para o Alessandro foi bem na primeira semana, mas sofreu uma lesão séria no tornozelo e precisou ser dispensado. Não foi dessa vez. Sem recurso para se manter em Santos, o garoto voltou à Goiânia, sua cidade natal, para realizar o tratamento e tentar a volta por cima. Alessandro, grato ao "anjo da guarda", até levou o amigo ao aeroporto da capital, já que seu pé estava engessado, na volta para casa. Hoje os dois são bem amigos, compartilham alegrias e dividem tristezas. E Alessandro sonha em orgulhar não só Arinélson, mas também fazer valer a chance que Fabio não teve.
- Minha vida tem muito disso, de coisas que tinham tudo para dar errado e dão certo. Sou muito grato a Deus, meu pai, minha mãe, familiares, amigos, porque essa minha história é improvável. O cara que estava sem clube, sem destino e do nada parou no Santos. E do nada vai disputar o maior torneio da base no Brasil... Vou dar meu máximo e mais um pouco - avisa, para o temor de Confiança-SE, América-PE e Ferroviária, os adversários do Peixe na primeira fase.
Agora o Arinélson é que é pai do Alessandro.
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