Juventude, DNA e busca por um 10: os desafios do Santos no Brasileirão
Manter a intensidade e o alto rendimento dos Meninos da Vila, jogar com DNA ofensivo e se adaptar sem um meia-armador são alguns dos desafios do Peixe, que pode surpreender
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Com um elenco cheio de garotos, o Santos começa o Campeonato Brasileiro sem um time ideal. Embora competitivo, o Peixe ainda sente falta de um camisa 10 para ser "titular absoluto", como gosta de enfatizar o técnico Jair Ventura. Dos destaques da temporada passada, apenas cinco seguem entre os 11 titulares: o goleiro Vanderlei, os zagueiros Lucas Veríssimo e David Braz e os volantes Alison e Renato. No restante, a equipe passou por uma profunda transformação. Chegaram o lateral-esquerdo Dodô e os atacantes Gabigol e Eduardo Sasha, todos no time titular do Paulista. Fora de combate desde janeiro, por uma lesão no olho direito, o atacante Bruno Henrique, o destaque em 2017, irá agregar bastante valor à equipe quando voltar a atuar.
Com bom retrospecto nas últimas duas edições do Brasileirão, o Peixe pode voltar a surpreender, principalmente se os Meninos da Vila embalarem na competição. Uma das principais esperanças é o garoto Rodrygo, de apenas 17 anos, que deve estrear no nacional quase como um meio-campista. Veloz e driblador, tende a jogar centralizado ao lado de Sasha e Arthur Gomes, estes abertos pelas pontas. Gabriel, por enquanto, é o centroavante do Santos. Manter a intensidade e a regularidade desse time jovem é um dos desafios.
Cabe a Jair Ventura lapidar o que tem em mãos. Não só os jovens talentos, mas também o estilo de jogo do Peixe. Mesmo após dar sinais de crescimento e fazer um bom começo de 2018, a equipe ainda precisa melhorar em alguns aspectos. Ao menos, o comandante "jura" fazer jus ao "DNA ofensivo" do Alvinegro, embora, neste momento, seu ponto forte seja uma defesa sólida e um time fechado, que aposta nos contra-ataques.
Nos bastidores, a promessa da diretoria é de contratar reforços. O presidente José Carlos Peres quer mais um volante, dois meias e um centroavante. A tendência é que as contratações sejam feitas apenas no meio do ano. Por enquanto, o Peixe tenta aliviar ainda mais a folha salarial. Já saíram por empréstimo o zagueiro Cleber, para o Paraná, e o centroavante Rodrigão, para o Avaí. O volante Leandro Donizete deve vestir a camisa do América-MG, o lateral-esquerdo Caju pode ir para a França e o meia Rafael Longuine já foi sondado por Sport, Botafogo e Ceará, todos da Série A.
Na estreia deste sábado, às 21h, contra o Ceará, no Pacaembu, a tendência é que o Peixe vá a campo com uma formação com quatro atacantes.
Confira dois dos possíveis times do Peixe para o Brasileirão (primeiro sem e depois com um meia-armador):
O que fez em 2018
Aproveitamento: 50,88% (8V, 5E, 6D)
Paulistão: quarto colocado
Libertadores: 6 pontos em três jogos (líder do Grupo 6)
Copa do Brasil: entrará nas oitavas de final
Opinião: Para brigar no Brasileirão, Santos precisa aumentar seu poder de fogo
Vice em 2016 e terceiro colocado em 2017, o Santos inicia a edição deste ano do Brasileirão com duas "pendências" para poder figurar novamente nas primeiras posições. Jair Ventura já deu provas de que é capaz de dar solidez defensiva à equipe, tornando-a competitiva a partir dessa premissa - o que ficou claro nos últimos jogos da Libertadores e nas semifinais do Paulista contra o Palmeiras. Agora, o técnico busca fazer o meio de campo funcionar, não deixando que os contra-ataques em velocidade sejam o único atalho para o gol. É a missão de fazer o clube honrar o seu festejado "DNA ofensivo", desfazendo-se da feição 'bruta' de quem defende bem e dá estocadas eventuais.
A árdua procura por alguém que possa exercer o papel de 'camisa 10', posto ocupado por Lucas Lima nas temporadas anteriores, virou obsessão. O clube ainda tenta contratar jogador com características similares, enquanto o treinador mexe e remexe nas peças que possui à cata de solução. Mais à frente, a expectativa é pela volta de Bruno Henrique, que lesionou o olho direito ainda na primeira rodada do Paulista e deixou um lacuna imensa. Destaque no ano passado ao lado de Vanderlei, o atacante pode devolver as virtudes ofensivas que evanesceram (fato que ganhou maior vulto com a saída de Ricardo Oliveira). Com Sasha, reforço com melhor resultado até aqui, e Gabigol, Bruno Henrique pode formar um trio de muita qualidade. Caso o problema do meio não se resolva, ao menos os contra-ataques ganham nova 'roupagem' E ainda há o garoto Rodrygo!
Nos dois últimos anos, o Santos contrariou prognósticos e esteve nas "cabeças" na principal competição nacional. É possível que mantenha essa toada. Para isso, será necessário aumentar o seu poder de fogo. É verdade que em boa parte do Brasileiro de 2017, com Levir Culpi, o Santos foi um time mais virtuoso na defesa que no ataque. Mas talvez tenha sido justamente esse o fator que impediu o time de ameaçar efetivamente o líder, e depois campeão, Corinthians.
Valdomiro Neto, editor do LANCE!
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