Lima: “Pelé recebia propostas, mas ficou porque o Santos era parte dele”
Ex-companheiro do Atleta do Século também conversou com o DIÁRIO, e contou algumas das passagens que vivenciou ao lado do camisa 10 nos tempos de glória na Vila Belmiro
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O Pelé sempre foi um brincalhão. Nós jogávamos em muitos países sul-americanos. À época, o Pepe anunciava no aeroporto: “Ahora, señores, Rey Pelé”. Então, ele saia primeiro, e todo mundo ia atrás dele, um tumulto. Ele ficava louco da vida. Quando terminava o desembarque, ele falava: “Pepe, pelo amor de Deus, para com esse negócio”, e todo mundo caia na gargalhada. O Rei sempre foi assim, um gozador.
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O Pelé era muito tranquilo, muito brincalhão. Ele gostava de enganar os companheiros, na brincadeira, tocar violão na concentração. Eu fiquei no mesmo quarto que ele na Seleção Paulista e, terminado esse Campeonato, já no Santos, eu fiquei com ele na pensão da dona Georgina. Ficou tudo mais fácil para a gente tocar a coisa. Fizemos isso por quase 11 anos.
E nossa história começou anos atrás. Eu me lembro que tinha o famoso Campeonato Regional. Ele era disputado na década de 60 e várias cidades participavam, como São Paulo, Rio de Janeiro, times do Sul... e minha aconteceu primeira convocação para Seleção Paulista. E foi nisso que pude ter, pela primeira vez fora do campo, o contato com o Rei.
Seleção em 1966, em pé: Fidélis, ZITO, Brito, Gylmar, Fontana e Paulo Henrique. Agachados: Jairzinho, Lima, Alcindo, Pelé e Amarildo (Crédito: Reprodução)
Eu não vejo como comparar, seria um prejuízo para esses jogadores. Com o mesmo estilo do Pelé, mesmo timing, mesma fora de jogar, e que tenha feita o que ele fez, no mesmo tempo, os gols, comparecimento, títulos, duvido que apareça algum. Não sei se é dúvida que as pessoas ficam do que ele apresentou no passado, mas só o que ele fez, já eliminaria todos esses atletas que acham que é igual a ele. Não vai aparecer nenhum jogador no planeta que faça o que ele fez.
É engraçado que, nessa época, não havia uma semana, ou o tempo de um jogo para o outro, que determinado time não tentasse a contratação de Pelé. Eu sabia, estava com ele no quarto. Ele me falava: ‘Lima, agora tal time está querendo me contratar, mas eu não vou para lugar nenhum. Não tem um time que eu vou receber esse tratamento. Não tem time que vou ter esses colegas. Eu goste de Santos e não tem quem me faça sair do clube. Ele faz parte de mim’. E, de fato, ficou aqui. Pelé recebia propostas sempre, mas ficou porquê o Santos fazia parte dele
Dorval, Lima, Coutinho, Pelé e Pepe, todos no Santos (Crédito: Divulgação)
Foram 11 anos tomando café da manhã juntos, almoçando, jantando. Foi maravilhoso em todos os sentidos. Temos essa amizade até hoje. E não ficou só entre mim e ele, nossas famílias também. Eu agradeço a Deus todos os dias por me dar a oportunidade de conviver com Pelé.
O tempo que ficamos juntos, principalmente durante excursão, faz com que a gente sinta de antemão o que está se passando com ele. Sabemos que todo jogo, a responsabilidade que ele tinha, todo jogo ele se apresentava um futebol maravilhoso. A preocupação grande que ele tinha com o resultado. E não era porque estava jogando e era responsável pelo gol, isso todos nós estávamos e todos eram responsáveis. Pertencíamos a mesma equipe. Nós tínhamos a paixão pelo Santos como temos até hoje. E quando falamos do Santos, parece que os olhos pegam um novo brilho. É sinal que alguma coisa boa e bonita foi feita".
Depoimento de Lima, o curinga da Vila (de 1961 a 1972), ao DIÁRIO DO PEIXE, em comemoração ao aniversário de 82 anos do Rei Pelé*
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