Em reunião do Conselho Deliberativo do Santos realizada na noite da última terça-feira, os ex-membros do Comitê de Gestão do clube, Andres Rueda e Urubatan Helou, explicaram as razões para deixarem o colegiado e fizeram duras acusações (confira abaixo na íntegra) contra o atual presidente José Carlos Peres, que respondeu às declarações por uma nota oficial enviada à imprensa.
O dirigente não esteve no encontro realizado na Vila Belmiro, já que está com a delegação do Santos em Belo Horizonte, onde a equipe enfrenta o Cruzeiro, na noite desta quarta-feira, em jogo válido pelas quartas de final da Copa do Brasil.
- Como presidente do Santos, agradeço o tempo que todos se dispuseram participar do CG durante este período. Tenho certeza que outros chegarão para contribuir com o clube. Temos um modelo de gestão único com uma entidade inexiste em qualquer grande clube da Série A ou mesmo paralelo em clubes bem sucedidos na Europa. Entendo ser fundamental a discussão, detalhamento e revisão do papel do CG em estatuto para que tal órgão não seja fonte de paralisia ou jogo político como o é infelizmente hoje - ponderou Peres, após as declarações dos conselheiros.
Confira as declarações de Andres Rueda na íntegra:
Venho prestar esclarecimento ao Plenário, que é quem me colocou lá. Esse é o motivo de explicar a saída. Fiquei frustrado em participar duas vezes do CG e ter que sair em seis ou sete meses. As passagens no CG me trouxeram experiência clara do que acontece de errado na parte de gestão do clube. Não somente as pessoas, nosso clube tem cultura presidencialista onde uma pessoa manda e o resto obedece. Isso sempre aconteceu, embora nosso Estatuto moderno não preveja isso. Pede inteligentemente decisões colegiadas no CG, com todo mundo palpitando, votando e se faz o que a maioria escolher. Isso nas decisões importantes impactaram em dívida, falcatura, podridão. Essas decisões nunca aconteceram. Vou citar algumas: Damião, Geuvânio, Leandro Donizete, Neymar. Duvido que tenham aprovado essa tentativa de. Caso recente do equatoriano e por aí vai. Nosso problema é um só: nosso estatuto pede uma coisa e não se faz isso quando não interesse. Quando é abobrinha, sim. Vou colocar cinco itens de coisas que vivi no CG para entenderem isso e motivo da saída:
1) Caso equatoriano: levaram ao CG, jogador presente, Lica presente. Proposta de aquisição de 100% por 350 mil dólares. Vamos pesquisar, jogador bom de seleção, estava no Palmeiras, Santos sem muito dinheiro e pagamento parcelado. Vamos ficar? Maravilha. Para o nosso espanto, o relatório da CF mostra que aprovamos 350 mil euros por 50%. Foi motivo de reunião, comentei que erramos e corrigiriamos. Nós do CG chegamos no Peres e dissemos que não foi aprovado e que tem erro. No português claro, impossível errar com CNPJ, nome, empresa. Haja erro. Ou é erro é tentativa de roubo. Peres falou que estava chamando de ladrão, disse que não, mas que leva a crer que está errado e o CG quer a cabeça de alguém. Peres deu a cabeça de uma pessoa. Do gerente jurídico. Pensei muito se ia comentar isso. Mas faço questão de proteger, vou dar esse direito. Conversei com ele e falei da demissão pela suspeita.
2) México: foi colocado pelo presidente dos amistosos, 100 mil dólares por jogo, e não recebemos nada... É um caso bom para ver a falta de consideração. O CG tem um grupo no whatsapp para discutir as coisas. E diferente de tudo que falam de atraso, votamos em três minutos e anexamos. Peres colocou para falarmos de quem queria chefiar. Zé Carlos falou que gostaria de ir. CG vota e Zé Carlos de acordo. Seo Peres entra e fala que quem vai é o Pedro Doria. Pera aí, você está de brincadeira. Pergunta quem quer ir, votamos e fala que não? Votação unânime! Ele falou que veta e quem vai é o Pedro. É idiotice, mas é para vocês sentirem.
3) Zeca x Sasha: foi levado ao CG 50% para lá e cá, sem comissão, só temos que comprar parte do empressário. Compensava, era barato... Vimos na CF e ninguém aprovou 1,5 mi de luva e 1 milhão e pouco para empresário. Não foi uma decisão colegiada e o que prega o estatuto.
4) Funcionários: quando CG foi composto, uns 20 dias depois da gestão, e contratações políticas já tinham sido feitas. CG foi claro, o que estava feito foi feito, mas foi claro que o CG por estatuto tem que aprovar demissões e contratações. Eu diria que o CG aprovou do Frazão e Rodrigo tão e somente. Mais nenhuma. Ricardo Gomes? Foi imposto um diretor pelo CG. Ninguém foi consultado. Foi tudo feito sem consenso do CG.
5) Se tem órgão que eu adoro é a Comissão Fiscal, salvação do clube. É uma sugestão: por que não colocar um quadrinho dizendo que as decisões não foram aprovadas pelo CG pela ata? É só isso. Isso fere o estatuto. Estatuto que se mude, mas hoje prega que CG tem que ser ouvido. Seria importante para os conselheiros poderem cobrar. Vi a escolha da comissão para administrar o dinheiro do Rodrygo: fico preocupado porque isso demonstra a não clareza da situação financeira do plenário. Vamos administrar o que? precisamos de 100 e pouco para fechar o ano. É para fechar o ano com despesa corrente. E pode faltar, tem que vender. A gente está vendendo zagueiro, até isso! Não adianta chorar. Única solução a curto prazo é regulamento interno do CG obrigando que todo contrato tem que constar na ata em anexo. Se não tiver, é uma peça juridicamente inválida. Isso vai evitar desvios e roubos. Se toda essa bandidagem tivesse que ter aprovação do CG, não seria feita. 90% daquelas coisas do Modesto não foram. E daqui a dois anos podemos estar iguais, metendo pau no Peres sem acontecer nada. Não é discurso político e nada contra o Peres: ou a gente resolve ou não se sabe.
Confira as declarações de Urubatan Helou na íntegra:
"Venho justificar minha saída do CG: a partir de amanhã sou um de vocês e saberei cobrar dos membros do CG. quando fui convidado para compor o CG, conhecia o Peres, mas não profundamente. conhecia de algumas reuniões para tratar de Santos. Fui conhecendo o Gaia também, outro extraordinário companheiro. Conheci o Hanie, outro jovem empresário, dinâmico, muito bem intencionado e disposto a trabalhar. E nas reuniões do CG conheci duas figuras de especial apreço: Andres e Zé Carlos. Acabei me aproximando. Quando fui convidado, achei que faríamos um auxílio de gestão colegiada. Um errando é justificável, dois é justificável, mas nove jamais podem errar. Começamos a trabalhar e uma das proposições era que o CG se reunisse quinzenalmente. Diante dos fatos, assumindo o clube naquele momento, sugerimos reuniões semanais. Estabelecemos isso, às 18h toda semana. Primeira coisa que temos que respeitar é o horário, pontualidade. Se oito chegam no horário, por que atrasar toda por causa de um? Chegavámos às 18h e passava um pouco, um, outro, começamos 20h, 20h30, para sair 1h. Cadê a pauta? Primeira reunião tivemos pauta e depois não mais. Era aleatória, pinçando assuntos. E quando vai pinçando assuntos, são pautas e debates intermináveis. Saneamento na folha de pagamento? 600 funcionários! Ok! Traga toda a relação de pessoal, de PJ, prestadores de serviço. Estou esperando até hoje a relação. Nunca aparece. Demitimos 180, 200, e continuamos com as mesmas 600. Não sei quem foi demitido e admitido. É papel de rainha da Inglaterra! Coisas não davam liga.