‘Narigudo’, casamento secreto… Vecchio conta causos e diz como ‘ganhou’ torcida do Santos
Recuperado na metade do tempo previsto para encarar o Corinthians, meia faz sacrifício para jogar clássico e conta histórias que justificam a fama
Basta acompanhar o treino do Santos durante cinco minutos para perceber que alguém faz a diferença. E não estamos falando - ainda - de qualidade com a bola nos pés. A questão é sobre os ânimos do CT Rei Pelé, que mudaram desde o dia 20 de junho de 2016, quando Emiliano Vecchio foi apresentado.
Seja por uma história, uma piada ou mesmo uma briga, o argentino arranca risadas de quem está por perto. História, aliás, é o que não falta quando se trata do atleta de 28 anos.
Só para estar apto para jogar contra o Corinthians, no domingo, na Vila Belmiro, vai uma boa dose de loucura. Ao ter constatada uma grave lesão muscular na coxa direita, ele não pensou duas vezes em aceitar um tratamento de risco que acabou dando certo.
- Tive que tirar líquido da medula óssea, quase sem anestesia. Dói bastante. Os médicos falaram que serviria para o músculo recuperar melhor. Entendendo que o tempo era apertado, decidi fazer. Até o dia do jogo contra o Corinthians, será um mês e meio da minha lesão. E o prazo era de três meses. O Zogaib (Rodrigo, chefe do departamento médico) me disse sobre a possibilidade de um tratamento novo, foi explicado que doía. Eu que tinha que escolher e preferi sofrer um pouco, mas valeu a pena. Se pudesse, faria tudo outra vez - diz ao LANCE!.
Antes de se machucar, o camisa 20 conquistou a confiança do técnico Levir Culpi e foi o escolhido para substituir Renato, que estava no departamento médico. Com um gol na conta, o motivo era de alegria, mas nem sempre foi assim.
Antes da chegada de Levir, Vecchio quase deixou o Peixe por conta de um desentendimento com o então treinador Dorival Júnior, que o afastou por quase dois meses. O que marcou o o episódio foi um áudio vazado nas redes sociais em que o argentino criticava substituições do técnico e o ofendia com o apelido de "narigudo".
Na época, Vecchio não assumiu a autoria do áudio, mas hoje, admite e explica a situação.
- É... Foi o seguinte: eu sou um cara que tenho personalidade forte, falo o que penso. Sou profissional e treino dando 100%. Fui afastado sem saber o motivo. Estava há um mês treinando separado e mandei um áudio para uma pessoa que não era de confiança. O time tinha perdido e eu estava bravo com ele, nossa relação não era boa. O áudio vazou e até hoje brincam com isso - lembra.
O áudio em questão circulou nas redes sociais após o Santos perder para o Corinthians por 2 a 0 no primeiro turno do Brasileirão e nele foram ditas as seguintes palavras:
"Ele não sabe o que faz. Coloca o Kayke, depois, tira o Kayke. Coloca Thiago Ribeiro, joga Bruno Henrique por fora, depois coloca Rodrigão. Bruno Henrique vai por dentro, depois vai por fora. Ele não sabe o que faz! Não entende p... nenhuma, narigudo!"
Águas passadas, Vecchio se preocupa exclusivamente com o clássico do fim de semana e espera ser aproveitado nem que seja por cinco minutos. Se isso acontecer, todo o resto terá valido a pena.
- O mais importante é ganhar. Estou treinando e me sinto bem para jogar. Se são cinco ou dez minutos, estarei feliz e tudo terá valido a pena. Mas o mais importante é ganhar e chegar com confiança na Libertadores. Sonhamos todo dia com a Libertadores e com essa taça!
Antes disso, o argentino parece ter caído nas graças da torcida e procura retribuir sempre que pode.
- Particularmente, me sinto feliz aqui em Santos. O torcedor sempre foi espetacular comigo. No primeiro ano eu não tive muita chance, mas acho que passa por respeito. O torcedor não mente. Se ele está bravo, é porque o time está mal. Se bate palma, é porque o time está bem. Se o torcedor gosta de mim, deve ser porque sempre respeitei eles. Tenho um carinho e amor grande por Santos. Às vezes o brasileiro não tem dimensão de que o Santos é gigante. Mas para quem vem da Argentina como eu, dá muito orgulho jogar aqui.