Na última terça-feira (13), o Santos e o atacante Neymar foram absolvidos das acusações de corrupção e estelionato movidas pelo grupo DIS contra as partes, além de outros envolvidos, na justiça espanhola. O resultado foi um dos últimos capítulos da ‘novela’ referente a venda do jogador ao Barcelona, em 2013, e que até hoje abre a dúvida sobre quanto o Peixe recebeu no negócio.
Oficialmente, foram depositados 23,7 milhões de euros (R$ 62 mi, à época) ao Alvinegro Praiano. Dessa quantia, 9,3 milhões de euros (R$ 25,6 mi, à época) foi referente à operação. O restante esteve relacionado a prioridade de promessas da base, entre eles Gabigol, acertada em 7,9 milhões de euros (R$ 20,6 mi, à época) e 9 milhões de euros (R$ 23,5 mi, à época) pela realização de dois amistosos - somente um aconteceu, e o Peixe perdeu o prazo de cobrar uma multa pela ausência de realização do segundo jogo acordado.
O negócio firmado entre Barça e Santos envolveu 17,1 milhões de euros (R$ 44,8 mi, à época). O Peixe, como detinha 55% dos direitos de Neymar, ficou com os 9,3 milhões de euros citados acima. O fundo de investimento esportivo DIS ficou com 6,8 milhõs de euros (R$ 17,8 mi, à época). Os 5% restantes eram da Teisa, grupo de acionistas ligados à gestão santista à época, que comprou o percentual em 2010, por R$ 3,5 milhões.
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No entanto, a operação relacionada a Neymar envolveu valores ainda maiores, que nunca chegaram aos cofres santistas. Isso porque em 2011, o Barcelona fez um acordo de 40 milhões de euros (R$ 96,1 mi, à época) diretamente com o pai do atacante. Da quantia acertada, 10 milhões (R$ 24 mi, à época) foram antecipados para uma empresa chamada ‘N&N’, que estava no nome dos pais do jogador. O acordo era para que o atleta não aceitasse proposta alguma que recebesse, com o compromisso do time espanhol comprá-lo em 2014, quando o contrato dele com o Santos se encerraria.
A opção de antecipar a venda foi do próprio Peixe, que acertou a negociação no primeiro semestre de 2013, pois meses depois Neymar poderia assinar um pré-contrato e deixar a equipe de graça no final daquela temporada.
Ao saber da existência dos 40 milhões de euros acertados com o jogador, os santistas tentaram embolsar parte desse montante, mas foram derrotados tanto na Fifa quanto na Corte Arbitral do Esporte. Segundo o CAS, o Barcelona não cometeu irregularidade alguma ao realizar o pagamento para a empresa dos pais de Neymar, e a rescisão do jogador com o Peixe foi feita em comum acordo.
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- O Santos, em dado momento, descobriu que foram valores pagos pela transferência do jogador e não pertenciam ao clube, o alegado é que esses valores pagos eram luvas e pertenciam à transferência. O Santos pediu na Fifa (a reparação dos valores), perdeu na primeira e na segunda instâncias, e com essas decisões teve que aceitar que os valores não pertenciam ao clube, mas ao jogador, que chamamos no futebol de luvas, pela assinatura (do contrato) - disse o advogado Cristiano Caús, que representou a defesa do Santos na ação movida pelo grupo DIS, em contato exclusivo com o LANCE!.
No entanto, os números reais da transação nunca ficaram claros. O Barcelona coloca o valor em 57,1 milhões de euros, referentes aos 40 milhões pagos à ‘N&N’ e aos 17,1 milhões de euros divididos entre Santos, DIS e Teisa. Porém, o próprio clube espanhol já admitiu que a quantia chegou em 88,4 milhões de euros, porque o acordo envolveu o pagamento da quantia colaborativa ao Peixe - correspondente à preferência das promessas e amistosos -, bônus pela assinatura do contrato e pelo atleta ter chegado à final do prêmio ‘Bola de Ouro’ em 2015, comissão ao pai, que era representante do jogador, e doação de 2,5 milhões de euros ao Instituto Neymar Jr.. No entanto, as quantias referentes à bonificação pelo acerto e a comissão foram relacionadas aos salários do atacante, por isso o conflito entre os balanços.
Sandro Rosell, presidente do Barcelona na época da contratação de Neymar, foi preso no início de 2017 por envolvimento em um esquema de suborno e propinas relacionadas ao repasse de direitos de transmissão. Três anos antes, em 2014, ele renunciou ao cargo de presidente da equipe catalã após ser acusado de fraude fiscal, justamente por conta da negociação envolvendo o atacante brasileiro.
Em 2018, o ex-funcionário do Santos, Eduardo Musa, enviou um documento à justiça brasileira onde apontou que Neymar foi contratado pelo Barcelona por 134 milhões de euros e que a operação total ultrapassaria 200 milhões de euros.
Em 2017, Neymar Júnior foi negociado pelo Barcelona com o Paris Saint-Germain, da França, por 222 milhões de euros (R$ 821 mi, à época). Hoje, o jogador vale 75 milhões de euros (R$ 421,8, na cotação atual), segundo o site 'Transfermarket', sendo somente o 30% atleta mais valioso do mundo e atrás de outros brasileiros, como Vinicius Júnior, Rodrygo, Antony e Gabriel Jesus.