Ricardo Agostinho: ‘Tudo para o Santos caminha para ter coisas novas’
Candidato da chapa "Transforma Santos" foi o terceiro entrevistado pelo LANCE! na série de entrevista com os presidenciáveis do Peixe
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No dia 12 de dezembro, os associados do Santos decidirão o novo presidente do clube. Entre os dias 30 de novembro e 05 de dezembro, o LANCE!, através do seu perfil no Instagram, realizou uma série de lives diárias com os candidatos ao cargo máximo do Alvinegro Praiano.
De forma a repercutir a sabatina, com perguntas iguais aos presidenciáveis, confira na íntegra a conversa com Ricardo Agostinho, postulante pela chapa número três "Transforma Santos".
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O que te impulsionou a se candidatar à presidência do Santos em 2020?
Foi uma necessidade, porque o que está acontecendo com o Santos nos últimos anos é um processo de “Cruzeirização”. Aumento das dívidas, o Santos contratando mal, vendendo mal. Eu estava tranquilo trabalhando na embaixada do Santos em São Paulo, um trabalho muito bom, tanto que fui convidado para ser candidato. Fazia ações com crianças, ex-jogadores, órgãos públicos, etc. enquanto isso, um grupo de empresários jovens, todos com experiências em multinacionais, se reuniram e fizeram pesquisas para montar um grande projeto e me convidaram para mudar o clube. No começo eu pensei bem, mas com o respaldo desse grupo de executivos me senti mais seguro e estamos aí com a chapa na rua, ganhando destaque por inovar.
O Santos hoje possui grandes dívidas financeiras e as mais recentes gestões em sua grande parte assumiram o clube afirmando que essas pendências foram herdades. Na sua opinião, em que ponto esse declínio administrativo iniciou e como solucionar esses problemas em um triênio?
Falando o português claro, isso tudo começou nos anos 60. Porque o Santos era o time mais importante do mundo, da terra, mas não conseguiu fazer patrimônio. Quando tentou, tentou da maneira errada. O primeiro clube do brasil a ter um estádio particular, mas teve problemas financeiros desde seu nascimento. Nos anos 90, o grande problema do time se esconder na Vila Belmiro, começou a ter mais problemas financeiros e resultou nisso. A gente sabe que a dívida é muito grande, falam em 650, alguns falam em mais. Mesmo que gaste menos, só com o que arrecada não vai resolver.
É, os nossos planos são para um mandato, até porque temos a proposta de acabar com a reeleição. A reeleição é uma coisa que atrapalha o Santos, porque se o título não vem nos primeiros dois anos, a gestão gasta um caminhão no terceiro ano para tentar se reeleger. Não dá certo e deixa o clube pior para o próximo. A questão financeira passa muito por credibilidade. O Santos não tem nenhuma credibilidade, e o credor precisa entender que com uma nova gestão, a coisa muda. A dívida precisa ser reformulada. Quando chega no dia combinado e o clube paga, aí sim a credibilidade começa a mudar. São coisas como essa, além de colocar produtos novos no clube. Vamos mudar a dinâmica de só comprar e vender jogador.
Existe fórmula para solucionar ou estancar parte o integralmente os problemas financeiros do Santos sem onerar o desempenho esportivo?
Hoje, a receita de gastar menos do que arrecada não funciona. Um exemplo é que o plano de sócio do Santos gera R$ 9 milhões por ano, enquanto o do Inter rende R$ 75 milhões. Com todo respeito ao Inter, alguma coisa está errada, porque o Santos não poderia render menos que o Inter. Ou igual ou maior. Em cima disso, a gente tem clara evidencia do que precisa fazer. É buscar o ativo no mercado. O plano do Santos é sem graça. Podemos abrir o clube para ter sócios internacionais, já que o Santos tem uma camisa de peso no mundo inteiro. Na capital, existem mais de um milhão de santistas, então não faz sentido ter apenas 10 mil sócios em São Paulo.
Como o senhor enxerga e pretende lidar com as categorias de base do Santos, se eleito?
A base do Santos está bagunçada. Não é de hoje, não é dessa administração, mas essa chegou no ápice. A nossa ideia é reformular o Meninos da Vila e o CT Rei Pelé. Além disso, queremos transferir os meninos da base para o Rei Pelé e colocar as Sereias da Vila no lugar dos Meninos, reformando ali, para direitos iguais para as meninas e para os meninos. Ficando perto da gente, é fácil para a gente administrar, fiscalizar. O grande problema do Santos é ter se tornado barriga de aluguel nos últimos anos. Hoje, o menino fica lá dois, três anos e vai embora para o palmeiras, Corinthians, Europa e o Santos fica a ver navios. Vamos mudar isso, tirando o empresário dessa função. Segundo, vamos trabalhar com o que tem de mais moderno do profissional até o sub-11, com treinadores formados, que entendem de santistas. Aqueles que não forem jogadores profissionais serão grandes cidadãos.
Como o senhor enxerga e pretende lidar com o futebol feminino do Santos, se eleito?
O trabalho feminino no Santos não está dando certo. Precisamos repensar, repatriar meninas que tenham identificação no clube, e, principalmente, formar garotas. Precisamos trazer patrocínios. O Flamengo, por exemplo, estava com a Avon no feminino. Por que não conseguimos trazer a Natura, que é de uma santista? A diretora da Weleda é santista, sócia do clube. Por que não conseguimos trazer um patrocínio? Precisamos trazer as meninas também e ensinar a elas o que é o Santos. Na melhor das hipóteses, elas serão grandes jogadoras. Na pior, serão torcedoras e grandes cidadãs. Então, precisamos melhorar muito, porque do jeito que está não dá mais. Queremos trazer gente nova.
Como o senhor enxerga a possibilidade de inclusão de outras práticas esportivas no Santos FC?
Eu entendo o presidente atual, o Santos sempre teve uma tradição no basquete, vôlei e outros esportes. O que nós temos que fazer é emprestar o nome para uma marca e fazer uma parceria. Diferente disso, não é momento, não podemos investir bruto nessas áreas porque não podemos dar um passo maior que a perna. O futsal sim, que também é um esporte olímpico. Nosso primeiro problema é estancar a dívida, montar um time de qualidade para continuar disputando e ganhando o título. Por enquanto é esse ponto, daí pra frente a gente vê o restante. Até o estádio, se não tivesse uma parceria para reformar a Vila seria difícil.
Recentemente o atual Comitê Gestor do Santos apontou algumas inconsistências no cadastro de sócios do clube, como você enxerga esse episódio? Você acredita que isso pode interferir no pleito do dia 12 de dezembro?
Eu estive nessa reunião, inclusive, no dia antes da coletiva. Foram apresentadas denúncias, mas não tinha nada documentada. Não tivemos acesso às provas. A gente vai ter acesso a esse documento, acredito, mas eu não cheguei a ler ainda. Com relação ao cadastro, eu tenho que no dia seis de outubro o Santos colocou no seu site que o sistema estava perfeito. De lá pra cá, acredito que não teve nenhum problema. Se tem alguma inconsistência, é fácil, você vai isolar esses sócios e os que derem problemas vão ter que votar presencial. O Santos vai colocar urnas específicas para esses associados, de forma isolado, e será auditado na hora. Os demais, que estão ok, vão votar online. Eu mesmo, que já tive COVID, vou votar online. Não justifica mudar isso nessa altura do campeonato.
Você acredita que a inconsistência nos dados dos sócios, bem como algumas contrariedades ao voto à distância, poderá dar brechas para que chapas derrotadas tentem a anulação do pleito?
Olha, vamos por partes. Primeiro, eu acho que o número de votos online da eleição do Santos está baixo. Seis mil eu achei pouco. Eu imaginava mais. Eu esperava 50% do voto associativo na eleição online. Segundo, quem tem problema de cadastro vai ter que votar presencial, infelizmente. Terceiro, o que tem que ser definido é como é que vai ser feito a sala de comando do recebimento online. Toda chapa precisa ter um auditor e alguém de TI para dar baixa no sistema. Não é muito complicado não. Nada mais justo e democrático que isso acontecer e ser auditado. Tanto antes quanto depois, a justiça está aí para a gente tirar dúvidas. Eu acho que está tudo correndo bem e acho que não teremos problemas não.
Como você avalia o atual Conselho Deliberativo do Santos e como pretende formar o seu, caso consiga o número necessário de votos para constituir cadeiras?
O Santos tem um sistema, que eu até acho ruim, porque é um número muito grande. São 300 cadeiras. A gente precisa ir diminuindo paulatinamente. Esse trabalho de montar uma chapa com 240 pessoas é muito grande. Pra gente, foi muito importante fazer um movimento. 70% da chapa são pessoas que nunca estiveram no Conselho e nunca quiseram disputar uma eleição. Como somos novos, queremos transformar o Santos. Não foi 100% porque o estatuto não permite que pessoas que nunca estiveram no conselho estejam em comissões. E aí eles nunca estariam na mesa. Por isso que a gente teve que trazer algumas pessoas com mais experiência.
Comitê de Gestão: necessário, desnecessário ou mal necessário?
O comitê de gestão é sensacional. Não existe coisa pior que um presidente sozinho para comandar o clube. Você tem votação, você tem dialogo, é perfeito. Nós estamos pensando no Cassiano Stefano, que é presidente de multinacional da área de bebidas, ou seja, é do comércio, tem o Álvaro Simões, que é um financista internacional, várias pessoas de ação e espelho, cada um de uma especialidade. Essas pessoas juntas vão trazer o que o Santos precisa. Não é o presidente que decide tudo. O comitê de gestão é perfeito, nada mais justo que a gente usar pra decidir. Tem que ser democrático.
Como você analisa a “Gestão de Transição”, do presidente Orlando Rollo e o “Comitê de Transição” montado para esse período?
Ele tem um lado bom da gente saber o que está acontecendo. O lado ruim é que a gente só sabe depois que já foi. Mas acho que é uma coisa democrática. É válido ele discutir e mostrar o que ele fez. Não é ideal, mas é positivo, já que nesses três meses ele está em uma governança de transição. Tem algumas contratações que ele fez que a gente acha legal, outras que a gente já não acha adequado. Quem a gente achar capacitado, vamos manter sim. Ele fez o que tinha que fazer.
Consideração final
Amigo santista, nesse dia 12 a gente tem uma missão muito importante. Estou apanhando muito nos últimos dias, porque estou mexendo com gente grande e muito importante. Estou feliz porque a gente é a bola da vez. Tudo pro Santos caminha pra ter coisa nova. Então, a gente se prontificou a ter mais de 50% de gente nova. O Santos tem uma torcida feminina muito grande, é algo que a gente quer fazer. A renovação do comitê é muito importante. Nós vamos trabalhar com diretoria de torcida e diretoria de embaixada. Vamos aumentar muito o número de sócios e no mínimo 500 embaixadas no Brasil. Tem santista em tudo qualquer lugar, a gente precisa fazer isso acontecer. Vamos colocar um diretor de torcida para conversar com você, para te ajudar. Isso vem desse comitê de inteligência que a gente criou. Já estamos trabalhando muito. Não vai ser fácil. Vamos respeitar o conselho como nenhuma gestão respeitou, e deixar tudo transparente. É isso que a chapa 3 Transforma Santos quer.
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