O Santos está ciente das denúncias que envolvem a Blaze, patrocinadora máster da equipe, feitas pelo youtuber Daniel Penin. Porém, até agora, nenhuma determinação oficial foi passada para que o clube tome providências. O Peixe observa com cautela e está seguro sobre as suas condições na parceria com a empresa, acusada de fraudes e propaganda enganosa.
A reportagem do LANCE! apurou que a Blaze efetuou os pagamentos da primeira metade do acordo com o Alvinegro, fixado em R$ 45 milhões. Além disso, a empresa desembolsará cerca de R$ 1 milhão por mês ao clube até o fim do contrato.
Em caso de falência ou de uma hipotética proibição das operações da companhia, na teoria, o Peixe estaria em 'maus lençóis'. Isso porque a empresa não possui vínculo com a Justiça brasileira e representação oficial no país, impedindo que o Santos tome as devidas medidas legais. A sede está registrada em Curaçao, ilha localizada na região sul do Caribe, na América do Sul.
No entanto, o L! soube que os contratos de patrocínio possuem cláusulas protetivas, que resguardam os clubes de eventuais problemas. Por exemplo, se a Blaze não pagar o que foi acordado, deixará de ter seu nome estampado na camisa do time. A maior dificuldade consiste em conseguir um novo patrocinador máster de forma rápida, mas existe a percepção que o Alvinegro poderia substituir a empresa com agilidade, em razão do alcance mundial da 'marca Santos'.
O Peixe considera que, em caso de rompimento ou complicações com a empresa, o prejuízo maior seria para a imagem do clube. A alta cúpula da diretoria, o departamento jurídico e os responsáveis pelo marketing estão cientes das acusações e acompanham o andamento da situação, mas não tomaram grandes providências internamente, pois acreditam que as cláusulas contratuais já protegem os direitos do Santos.
O QUE É A BLAZE?
A empresa oferece jogos de apostas através de uma plataforma de cassino online e opera no Brasil desde meados de 2019.
A Blaze possui parcerias com diversas figuras públicas brasileiras de extrema relevância, como o craque Neymar e o influencer Felipe Neto. Além disso, a corporação já foi patrocinadora máster do Botafogo e tem acordos com Santos e Atlético-GO no futebol nacional.
AS DENÚNCIAS
O youtuber Daniel Penin divulgou um vídeo, que soma 4,6 milhões de visualizações atualmente, intitulado como "BLAZE - Tire dos pobres e dê aos Influencers". No material, o criador de conteúdo investiga e acusa a Blaze de remunerar os patrocinados com o dinheiro perdido pelos apostadores.
A partir do vídeo do youtuber, o caso passou a ter repercussão. Sem representação legal no Brasil, a Blaze é apontada como uma "empresa fantasma" e dúvidas sobre quem são os donos por trás do funcionamento da plataforma de cassinos foram levantadas, de acordo com as denúncias.
Um levantamento feito pela OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project), em parceria com o Portal do Bitcoin, encontrou 15 processos judiciais contra a corporação em oito estados brasileiros. Além disso, a patrocinadora do Santos soma mais de 24 mil reclamações no site "Reclame Aqui" e aparece como "não recomendada" por não responder 50% das mensagens. Entre as queixas, o público alega, por exemplo, que não consegue sacar o dinheiro depositado.
COMO SANTOS E BLAZE SE APROXIMARAM
O Peixe negociou com a empresa por algum tempo antes de fechar o acordo e ficou acertado que o Santos receberá R$ 45 milhões em dois anos de vínculo. As tratativas contaram com a colaboração de Neymar e de seu pai.
O craque, que é o principal embaixador da marca, tem estreitado laços com o time que o revelou, aproximando o clube de acordos financeiros. A Qatar Sports Investments, parceira do PSG, por exemplo, demonstrou interesse em investir no Santos, e as conversas contaram com a intermediação de Neymar Pai.
Antes de acertar com a Blaze, o Alvinegro Praiano tinha outra patrocinadora máster, a PixBet, também do ramo de apostas online. O acordo foi rescindido e a nova parceria foi anunciada em 16 de abril, dois dias depois do aniversário do clube.
SEM RESPOSTA
A reportagem tentou entrar em contato com a Blaze sobre as acusações e a atuação da empresa no futebol brasileiro, mas não obteve resposta. A matéria será atualizada assim que a corporação se manifestar.