ANÁLISE: Nervosismo e desorganização colocam Santos como candidato ao rebaixamento no Brasileirão
Peixe não conseguiu tirar o zero do placar diante do lanterna do campeonato
Se o Santos apresentava evolução até o a vitória contra o Vasco, pela sexta rodada do Brasileirão, agora o time regride constantemente. A prova da involução foi exposta no último sábado (10), em que a equipe sofreu para empatar em 0 a 0 com o lanterna Coritiba, que ainda não venceu no campeonato e não sabe o que é conquistar uma vitória desde fevereiro.
São oito partidas seguidas em que o Peixe não triunfa. Entre elas, aconteceram duas eliminações: na Copa do Brasil e na Sul-Americana, torneios em que o clube projetava chegar pelo menos às quartas de final. O acúmulo de decepções, somado à pífia campanha no Paulistão, inflamou os protestos da torcida e aumentou a pressão sobre o elenco.
Visivelmente nervosos, os jogadores cometeram erros técnicos primários diante do Coxa. O lateral Nathan 'cochilava' e perdia a bola com frequência pela direita, e Joaquim estava com tempo de bola ruim.
No segundo tempo, Gabriel Inocêncio tentou dar passe para Lucas Lima, mas chutou a bola nas costas do companheiro e cedeu lateral para o time paranaense. O goleiro e capitão João Paulo errou duas cobranças de tiro de meta e quase entregou dois gols ao adversário.
Além do erro técnico, os lances de João Paulo foram simbólicos pela desorganização tática do Alvinegro. Problema recorrente do time de Odair Hellmann, o Santos não tinha saída de bola de qualidade e estava travado na marcação em bloco alto do time de Antônio Carlos Zago no primeiro tempo. Em momentos da partida, o Peixe chegou a ter em torno de seis atletas no campo defensivo, próximos ao setor da bola, para tentar construir o jogo de trás. Não houve sucesso, e Marcos Leonardo ficava cada vez mais isolado no ataque.
Os pontas Mendoza e Soteldo permaneceram estáticos em seus setores e pouco produziram. O venezuelano chamou a responsabilidade, mas ao conseguir driblar um ou dois marcadores, vinha o terceiro e realizava o desarme. O meia-atacante encontrava espaços para avançar pelo lado esquerdo, mas a falta de opções para tabelar, triangular ou até cruzar impediu o prosseguimento das jogadas.
Os erros técnicos e a falta de variação para atacar fizeram com que o Alvinegro seguisse um 'deserto de ideias' no ataque. Mais uma vez, o time finalizou pouco: foram sete chutes na partida, sendo apenas três na direção certa. O Coritiba, segundo pior ataque do Campeonato Brasileiro, somou 19 finalizações, sete no gol. Os dados são da plataforma Sofascore.
A mistura de pressão, nervosismo e desorganização tática, para uma equipe com limitações técnicas, colocam o Peixe como um dos candidatos ao rebaixamento. É urgente que o Santos reencontre o equilíbrio tão falado por Odair Hellmann em suas coletivas, pois é inadmissível o time ser menos organizado que o lanterna do Brasileirão.