Análise: com mais liberdade no meio; São Paulo cria muito, mas não é letal
Pressionando o visitante pela maior parte do tempo, o Tricolor pecou nas finalizações que, junto com o erro individual de Volpi, não permitiram que a equipe saísse com a vitória
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O São Paulo recebeu, nesta quarta-feira (10), o Ceará, em confronto válido pela 35ª rodada do Brasileirão. Mesmo tendo o controle das ações e exercendo domínio e pressão contra o Vozão, o Tricolor perdeu muitas chances e não conseguiu sair vitorioso do confronto.
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O time da casa pressionou o Ceará durante o jogo inteiro, especialmente no primeiro tempo, quando chegou a produzir 12 finalizações, das quais 6 foram no alvo. Entretanto, as bolas que não foram chutadas pra fora pelos atacantes, foram salvas pelo goleiro Richard, o homem do jogo.
O São Paulo teve um grande crescimento na criação das jogadas graças à maior contribuição e liberdade dos homens do meio de campo. O poder de criação e a liberdade podem ser reduzidos a uma palavra: versatilidade.
A versatilidade nasceu das diferentes opções que o São Paulo teve para montar o meio de campo, todas fazendo algo fundamental, tirando Daniel Alves da função de iniciar jogadas pelo meio, mas sim o colocando como o criador, um jogador que recebeu a bola mais à frente.
DANIEL PELO LADO DIREITO
Um dos posicionamentos que mais renderam frutos ao meia foi nos momentos em que Juanfran cumpriu um papel mais defensivo, pois Daniel Alves teve liberdade para tomar o controle da criação pelo lado direito do campo, de onde criou diversas jogadas. Ao todo, o camisa 10 deu 4 passes decisivos e tentou 7 cruzamentos, sendo 3 certos.
Nesses momentos, o time conseguiu, na fase ofensiva, fazer uma linha de quatro jogadores envolvidos na criação, com Daniel Alves e Reinaldo abertos dos lados e Luan e Tchê Tchê no meio, revezando subidas, para que sempre um pudesse se colocar mais atrás como opção de passe mais seguro. Tudo isso pois Juanfran ocupava essa função de contenção, dando liberdade a Daniel Alves e aos volantes.
Nessa formação, Igor Gomes também ganhou liberdade. Atuou atrás da dupla de ataque, inclusive chegando por trás para algumas finalizações.
SUBIDAS DO JUANFRAN
Porém, em muitas ocasiões, e até mesmo pelo espaço que o Ceará cedia para que o São Paulo subisse, Juanfran acompanhou o ataque, sendo a opção de amplitude na direita. Assim, Dani Alves se aproximava dele, mas um pouco mais centralizado e um pouco mais livre para flutuar no meio. Em muitas dessas ocasiões o Tchê Tchê aproveitou para fazer infiltrações pela direita.
Numa dessas infiltrações, Tchê Tchê aproveitou o rebote da finalização de Luciano, defendida por Richard, e balançou as redes, porém foi marcado o impedimento do meio-campista do São Paulo.
Do lado esquerdo, Igor Gomes se aproximava de Reinaldo. Assim, o São Paulo chegou a ter 6 atletas envolvidos diretamente na criação, tentando furar a zaga do Ceará: Reinaldo e Igor pela esquerda; Luan e Daniel no meio (Luan mais preocupado com o papel defensivo); Tchê Tchê e Juanfran pela direita.
É importante frisar que esse linha só acontecia quando Luan e Juanfran subiam ao mesmo tempo para ajudar o ataque, uma vez que o Ceará não proporcionava muito perigo ao São Paulo, e Igor Gomes se aproximava da criação. Em muitos momentos do jogo Luan e Juanfran se dedicaram a cobrir a defesa para que o outro subisse. Já Igor Gomes, em muitas ocasiões, jogou atrás da dupla de ataque.
O PAPEL DOS VOLANTES
É muito difícil mudar o estilo de jogo de um time em uma partida só, mas Vizolli abriu mão de algumas insistências de Fernando Diniz, uma delas foi incumbir os volantes pela saída pro jogo, liberando Daniel Alves.
No esquema de Diniz, o camisa 10 era responsável por iniciar as jogadas em muitas oportunidades, tendo que fazer uma ação que ele não tem costume e que ele não executa bem, que é receber de costas pro ataque e girar rapidamente visando sair para o ataque.
Na partida contra o Ceará, o principal jogador que fez isso foi Luan, que é volante de fato e executa essa função. Além de Luan, Tchê Tchê se aproximou diversas vezes do início das jogadas para ajudar nas subidas o ataque, o que é característico do camisa 8.
Esse papel de início das jogadas ajuda a resolver alguns problemas. O primeiro é a saída de bola, que com Diniz era quase obrigatoriamente pelo chão. Com Daniel não sendo a opção mais ágil para o início da ação ofensiva, o time perdia tempo, fazendo com que o adversário pudesse encostar na defesa são-paulina.
Outro grande artifício dessa mudança é que, com liberdade e melhor posicionado, Daniel Alves foi mais efetivo, se envolvendo mais na criação. Como citado anteriormente, jogou pela direita quando Juanfran ficou como terceiro homem na defesa e mais centralizado quando o espanhol acompanhou o ataque.
Vale lembrar que em vários momentos a defesa do São Paulo ficou com apenas dois jogadores, o que já era visto na equipe de Fernando Diniz e inclusive já causou problemas, uma vez que a dupla de zaga fica exposta e um eventual contra-ataque se torna um arma letal, já que laterais e volantes estão todos no campo de ataque.
Conforme o Ceará deu campo para o São Paulo avançar, o Tricolor foi se desfazendo de uma zaga com três homens nos momentos ofensivos, contando com Juanfran no ataque e Luan fazendo infiltrações e se apresentando como opção na frente. Isso deixou o São Paulo vulnerável, mas foi pouco explorado pelo Vozão, que se preocupou em resistir à forte pressão são-paulina.
EVITAR PRESSÃO DESNECESSÁRIA
Mesmo que dominante, o São Paulo sofreu pressão em alguns momentos. A maioria desses foi na saída de bola do Tricolor, que com Diniz era sempre pelo chão, acostumando os adversários a jogarem preparados para isso.
Contra o Ceará, entretanto, Volpi não hesitou em optar pela bola longa, fazendo a transição direta. Foram 19 bolas longas ao todo, sendo somente 8 certas.
Chega a ser surpreendente que, no lance do gol do Vozão, o goleiro são-paulino não optou pela bola longa, o famoso chutão, mas tentou recuar e esperar uma opção de passe, proporcionando ao Léo Chú a possibilidade de roubar a bola e abrir o placar.
Foi numa bola longa de Tchê Tchê que se iniciou o lance do gol de empate, marcado por Luciano.
Um São Paulo mais criativo, mais livre e com maior repertório. Um São Paulo que não se prendeu a uma só jogada e, tanto nos passes quanto na ligação direta, criou oportunidades e chegou perto do gol. Devido a uma partida iluminada de Richard, somada aos desperdícios nas finalizações do São Paulo e uma falha individual de Volpi, essa maior criação e a pressão não resultaram em vitória.
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