ANÁLISE: São Paulo mostra que silêncio não garante resultado e domina clássico contra o Palmeiras
Tricolor venceu o rival por 1 a 0 e chega com vantagem para o jogo de volta na casa palmeirense
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Meio passo já está dado para o São Paulo na briga por uma vaga na semifinal da Copa do Brasil. Graças a um gol de Rafinha (que, por curiosidade, não marcava no Brasil desde 2005), o Tricolor chegará com vantagem de 1 a 0 na casa do Palmeiras para resolver seu futuro na competição na próxima semana.
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Para o jogo de ida, no Morumbi, o São Paulo se deparou com um rival enfraquecido, pois não contava com três dos seus melhores jogadores no ano: Rony, Zé Rafael (lesionados) e Artur (já jogou a Copa do Brasil por outro time). Para ajudar ainda mais, uma das grandes dúvidas do Tricolor para o clássico, Calleri, "superou a dor nas costas" e foi escalado como titular para a surpresa de muitos, jogando pelo sacrifício.
Se de um lado Dorival "ganhou" seu camisa 9 de volta, do outro o auxiliar João Martins (substituindo Abel Ferreira, suspenso) precisou encontrar uma alternativa para os desfalques: linha de cinco e estratégia clara: tentar encaixotar o São Paulo. Cada jogador adversário estava encaixado com alguém do lado tricolor - seja na defesa ou no meio de campo.
No primeiro tempo, pelo menos até aproximadamente os primeiros 30 minutos, a superioridade pertenceu ao Palmeiras. O Tricolor parecia não conseguir lidar com a organização do adversário, sem conseguir avançar ou criar suas jogadas. A intenção palmeirense era atrair a marcação são-paulina e encontrar espaços para Dudu e Endrick, jogadas que pareceram promissoras em algumas chegadas ao ataque, mas sem concretização em chance de gol.
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No entanto, aos 32 minutos, Calleri acordou o São Paulo com uma grande chance. Após um lançamento de Wellington Rato, o argentino deixou Gustavo Gómez para trás e saiu cara a cara com Weverton. Foi a partir daí que a situação do jogo mudou.
Com a jogada bem sucedida, Dorival entendeu a maneira de escapar da estratégia do rival: trocando as jogadas curtas por dentro e aderindo, por vezes, aos lançamentos, contando com Calleri como homem de referência no ataque para "afundar" a linha de defesa palmeirense e gerar espaço para seus companheiros criarem. A melhora foi nítida na parte final do primeiro tempo, mas o placar seguiu inalterado.
Porém, se Calleri tinha retornado, o Choque-Rei serviu como um teste para Dorival resolver novos problemas. O primeiro foi envolvendo o próprio camisa 9, que por precaução e o retorno das dores nas costas foi substituído por Juan. Luciano, outro destaque ofensivo do time, sentiu a panturrilha e deu lugar para Rodriguinho, A terceira troca no retorno do intervalo foi uma opção, saindo Gabriel Neves (que estava amarelado) para a entrada de Alisson.
Com as trocas, o jogo mudou, rompendo os encaixes do Palmeiras e consolidando a superioridade são-paulina. Começava ali um segundo tempo de domínio do Tricolor no Morumbi.
O São Paulo apostou na velocidade e movimentação - algo que o Palmeiras não conseguia. Além disso, o Tricolor parecia ter encontrado a fórmula do sucesso para se livrar da marcação alviverde: bolas longas. Não somente isso. O São Paulo soube jogar na falha e na confusão do rival.
Calleri e Juan são muito diferentes entre si, mas suas movimentações diante da zaga palmeirense ajudaram o time de maneira semelhante. Isso porque Juan também ajudou a dar profundidade ao campo, jogando como opção de velocidade diante dos zagueiros rivais e virando preocupação para defesa adversária.
Para isso, o Tricolor seguiu se valendo das bolas longas para criar espaços na marcação. Outra mudança importante para compreender esse novo momento foi a entrada de Alisson no lugar de Gabriel Neves, possibilitando maior poder de criação ao ataque. Wellington Rato foi outro nome que mudou de postura, aproveitando o espaço cedido pelo rival para encontrar finalizações de média distância.
Enquanto o Palmeiras mostrava dificuldades para conter as investidas do São Paulo, que agora ficava mais tempo com a bola no pé procurando uma oportunidade para abrir o placar, o ataque visitante foi igualmente inefetivo, com dificuldades para ligar os contra-ataques. A defesa são-paulina teve poucas dificuldades para desarmar os contragolpes do rival.
Mas o Tricolor ainda esbarrava na falta de pontaria. Mesmo anulando o rival e mostrando grande volume de jogo, o time não conseguia criar grandes chances. Uma das mais perigosas surgiu com Wellington Rato, que recebeu a bola sozinho na área após erro de Ríchard Rios e teve o gol aberto à sua frente. O que parecia um gol certo, porém, foi impedido por Luan, que tirou a bola em cima da linha. Mas se o atleta palmeirense deu sorte lá, o São Paulo contou com seu azar mais tarde.
Isso porque pouco depois, aos 82 minutos, Wellington Rato deu passe para Rafinha, que de fora da área arriscou. O lateral direito, pouco acostumado a marcar, encheu o pé e contou com desvio justamente em Luan para mandar a bola no ângulo de Weverton, sem chances de defesa.
Após o gol, o jogo estava praticamente decretado. Em noite pouco inspirada e bastante desorganizada, o Palmeiras não conseguiu reagir nos minutos finais, já era tarde. Por outro lado, apesar dos desfalques e dos problemas durante o jogo (Alan Franco também deixou o campo lesionado), Dorival Júnior comandou uma enorme atuação do São Paulo, que não só anulou seu rival, como merecia mais do que um gol "raro" do capitão Rafinha - que foi destaque na defesa e no ataque.
Com uma barca de lesionados, sem ter destaques da equipe 100% bem, o São Paulo seguiu sendo uma pedra no sapato para o Palmeiras, principalmente em decisões. O Tricolor enfrentou uma equipe que fez um 'voto de silêncio' por conta das polêmicas recentes envolvendo arbitragem em jogos passados. Antes da partida, a presidente do Palmeiras, Leila Pereira, atendeu a imprensa presente no Morumbi e foi informado que os atletas palmeirenses não dariam entrevistas e nem a comissão técnica, como se fosse uma forma de protesto. Mas desta vez, o São Paulo mostrou que o silêncio não garante resultado.
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