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Em carta, diretor do São Paulo diz que ex-gerente desviou R$ 1,5 milhão

Em documento para o presidente Leco, Marcio Aith, diretor executivo de comunicação e marketing, detalha esquema envolvendo os shows de U2 e Bruno Mars no Morumbi

Alan Cimerman
imagem cameraAlan Cimerman é acusado de desvio (Imagem: Reprodução/YouTube)
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 30/08/2017
13:42
Atualizado em 30/08/2017
14:03

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O caso de desvio de ingressos e locação ilegal de camarotes no Morumbi nos shows da banda U2 e do cantor Bruno Mars no Morumbi, em outubro e novembro, respectivamente, foi detalhado por Marcio Abujamra Aith, diretor executivo de comunicação e marketing. A constatação é de que Alan Cimerman, ex-gerente de marketing, desviou, ao menos, R$ 1,5 milhão.

O valor é citado por Aith em carta endereçada ao presidente Carlos Augusto de Barros e Silva e distribuída entre os conselheiros do clube. É mais um episódio envolvendo Cimerman, demitido por justa causa no mês passado por conta da suspeita de suas ações irregulares.

- Em breve resumo, o Sr. Cimerman obteve ilegalmente, na conta pessoal de uma familiar de primeiro grau, depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Esses depósitos foram feitos por terceiros, aos quais o Sr. Cimerman prometera a “venda” de ingressos e o “aluguel” de camarotes para os shows da banda irlandesa U2 (nos dias 19, 21, 22 e 25 de outubro) e do músico norte-americano Bruno Mars (22 e 23 de novembro) - disse Aith, na carta.

O caso está sendo investigado pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), que já instaurou inquérito policial. Marcio Aith reforça, na carta a Leco, que há provas dos desvios executados por Cimerman e que elas já foram entregues às autoridades.

- Os crimes restaram provados por meio de cópias de recibos de depósitos e de conversas em áudio e texto (...). Nas conversas, o funcionário demitido admite ter enganado o clube, falsificado documentos e assinaturas e se beneficiado financeiramente dos atos delituosos que praticou.

Confira a íntegra da carta de Marcio Aith a Leco sobre o caso:

"Ao Ilustríssimo Senhor Carlos Augusto de Barros e Silva, Presidente da Diretoria Executiva do São Paulo Futebol Clube

Transmito a V.S.ª os fatos abaixo descritos, apurados pela Diretoria Executiva de Comunicação e Marketing do SPFC, que levaram a direção de nosso clube a demitir, por justa causa, o Sr. Cimerman, Gerente de Marketing, bem como a solicitar a abertura de um inquérito policial no Departamento Estadual de Investigações Criminais - DEIC.

Registro, desde já, estarmos à disposição de todos os Conselheiros para prestar os esclarecimentos adicionais desejados, assim como já nos dispusemos a fazê-lo na reunião extraordinária do Conselho Deliberativo do dia 21 de Agosto de 2017.

Importante iniciar o relato salientando que, apesar da gravidade e da publicidade dadas ao caso, o SPFC não sofreu qualquer prejuízo direto, visto que as práticas infracionais, embora tenham prejudicado terceiros, em benefício direto do Sr. Cimerman, puderam ser amplamente comprovadas antes de consumadas contra o clube.

Em breve resumo, o Sr. Cimerman obteve ilegalmente, na conta pessoal de uma familiar de primeiro grau, depósitos de pelo menos cerca de R$ 1,5 milhão. Esses depósitos foram feitos por terceiros, aos quais o Sr. Cimerman prometera a “venda” de ingressos e o “aluguel” de camarotes para os shows da banda irlandesa U2 (nos dias 19, 21, 22 e 25 de outubro) e do músico norte-americano Bruno Mars (22 e 23 de novembro).

Os crimes restaram provados por meio de cópias de recibos de depósitos e de conversas em áudio e texto (do aplicativo WhatsApp) exibidos espontaneamente por terceiros prejudicados à Diretoria do SPFC, e, posteriormente, entregues ao DEIC. Nas conversas, o funcionário demitido admite ter enganado o clube, falsificado documentos e assinaturas e se beneficiado financeiramente dos atos delituosos que praticou.

Os ingressos prometidos pelo Sr. Cimerman seriam desviados de lotes de ingressos de cortesia habitualmente entregues ao SPFC pela produção de shows; já os espaços de camarotes oferecidos pelo ex-gerente, localizados no Estádio do Morumbi, são de propriedade do clube. Registre-se que os ingressos de cortesia, ainda não emitidos, serão entregues ao SPFC somente em meados de setembro.

Para atingir o seu objetivo, o Sr. Cimerman, a quem competia funcionalmente a comercialização de espaços durante eventos, planejava forçar o clube a firmar um contrato de cessão de nove camarotes, no valor de R$ 189.000,00 (cento e oitenta e nove mil reais), contrato esse entre o São Paulo Futebol Clube e uma empresa intermediária.

Os mesmos camarotes seriam mais tarde sublocados (com direito aos ingressos) a terceiros a valores exorbitantes. Depósitos antecipados chegaram a ser feitos em uma conta pertencente a uma integrante da família do Sr. Cimerman.

Como bem sabe V.S.ª, a diretoria comunicou a Presidência tão logo surgiram os primeiros indícios, e dela recebeu a orientação de apura-los até o fim, sem qualquer constrangimento nem limites pessoais. Dos demais diretores recebeu a discrição e o apoio técnico necessários para a apuração do caso - apuração esta que, agora, está a cargo do DEIC.

Embora reconheçam a gravidade do episódio, colaboradores, parceiros e patrocinadores do SPFC demonstraram satisfação com a pronta reação da direção do SPFC.

Marketing não se faz apenas por meio da promoção de bons ativos - dos quais, diga-se, o SPFC está repleto - mas, também, do combate intransigente a desvios éticos.

Cordialmente,

Marcio Aith"

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