Ceni defende volta de Lugano, mas avisa: ‘Só ele não é o que o SP precisa’
Em entrevista exclusiva ao LANCE! antes de se aposentar, capitão exalta qualidades do uruguaio e diz que clube pode precisar dele em 2016. Diretoria tem ido ao contrário
Sentado em uma sala do CT da Barra Funda, de onde se despedirá nos próximos dias, Rogério Ceni inicia a defesa de Diego Lugano de forma muito honesta, ressaltando sua relação com o zagueiro pelo qual a torcida tanto pede.
– Primeiro que sou amigo do Lugano. Adoro o Lugano – ressaltou.
Dado o aviso, o capitão do São Paulo nos últimos 15 anos conta em entrevista ao LANCE! (que será publicada especialmente nos próximos dias) por que é a favor do retorno do uruguaio. A análise traz ressalvas de quem é crítico além da amizade, conhece como poucos as necessidades do clube e sabe que, mesmo que seja dura essa hipótese, daqui alguns dias será “só” história.
– É uma liderança de que o São Paulo pode precisar para 2016. Só o Lugano não é o que o São Paulo precisa, mas ainda seria muito importante poder ter um cara com a experiência dele. Cara que viveu o clube, por quem o torcedor tem idolatria – afirmou Ceni, na tarde de segunda-feira.
Apontar aspectos positivos na vinda de Lugano não quer dizer que Ceni o contrataria de olhos fechados. Tampouco crê que a presença do uruguaio resolveria os problemas do clube. Até a condição do atleta do Cerro Porteño (PAR) foi lembrada.
– Ele mesmo verá se vai se sentir confortável, porque dez anos se passaram. E dez anos no futebol para um atleta é muita coisa. Mas como liderança, experiência, tem muito a colaborar. Até no marketing – disse.
Lugano está com 35 anos e tem contrato com o Cerro até agosto de 2016. A diretoria do São Paulo ainda não o procurou, mesmo com a existência de uma cláusula que o libera de graça para voltar ao Morumbi.
'Só o Lugano não é o que o São Paulo precisa, mas ainda seria muito importante poder ter um cara com a experiência dele'
Os dirigentes não descartaram, mas estão inclinados a buscar outros meios de entregar à torcida o que virou consenso no São Paulo, e existe em Lugano: raça, identificação com o clube e incômodo com a derrota.
Ceni tem tudo isso, mas não estará mais na temporada que vem. E espera que, mesmo se não for Lugano, essa lacuna seja preenchida.
– O clube sempre se apega a seus ídolos e o Lugano foi vitorioso aqui. Mas depende do que a diretoria pretende ou, no caso de não vir o Lugano, quem viria pra fazer uma função parecida. Ele é o líder, cara que fala, é ouvido, impõe respeito. O Lugano que tenho imagem de dez anos atrás, mesmo não sendo um jogador fantástico tecnicamente, mas tem um coração que supera qualquer outro quesito que possa faltar – disse.
Palavra de capitão. De Mito.